O leitor já deve estar se lamentando como o Brasil está sem líderes.
Líderes são as pessoas que nos dão visão de futuro, uma confiança no presente, que nos inspiram para podermos resolver nossos problemas nós mesmos.
Líderes são as pessoas capazes de resolver os grandes problemas nacionais que ninguém consegue resolver individualmente, capazes de agregar profissionais de áreas diferentes, de forma que todos sigam um caminho comum.
Falta de Líderes não é somente um fenômeno brasileiro, o mundo, caro leitor, está sem líderes.
Voltei do TED Long Beach, com a seguinte reflexão.
A era dos grandes líderes acabou. Nunca mais.
Está na hora de nos conformarmos que não haverá mais líderes como no passado, gente que cativava com seus discursos o país inteiro, como Churchill, Gandhi, De Gaulle.
Líderes com estes são do passado. Por quê?
Porque naquela época havia poucos canais e comunicação, normalmente uma única causa bem definida, agora tudo é diferente.
A internet, o Facebook e os blogs criaram centenas de milhares de pequenos líderes, nenhum mais capaz de conquistar a maioria.
Fim dos Churchills, Gandhis e inclusive Lulas.
O futuro será composto de milhares de pequenos líderes locais.
Voltei reforçado na minha convicção de que a ideologia do futuro é o Comunitarismo.
A ideologia política que eu adoto e que tem mesclas de libertária e de esquerda.
Comunitarismo é uma ideologia política que acredita na forca do indivíduo, da família e da comunidade. Do voto distrital, do jornal do Bairro, da escola do Bairro, do médico de saúde que vive na própria comunidade, do policial da comunidade que conhece individualmente todos que tem que proteger.
Quinze anos atrás criei o primeiro site comunitário, o voluntarios.com.br, que incentivava jovens a serem voluntários numa Ong do seu bairro.
Enquanto jovens de esquerda queriam salvar o mundo, mudando tudo que está aí, o jovem comunitarista tenta primeiro mudar o bairro onde ele próprio vive.
Se mostrassem de fato competência executiva, e não somente no discurso panfletário, aí então os convocaríamos a ser vereadores para mudar a cidade.
Depois Deputados para mudar o Estado, depois Deputados Federais para mudar o Brasil. Mudar o mundo nem pensar, estes colocamos no hospício.
Precisamos rapidamente procurar nossos líderes comunitários, identificá-los e empoderá-los, em vez de ficar lamentando a falta de grandes líderes que jamais teremos.
4 respostas
Professor,
Já ouviu falar do distributismo? Acho que tem algumas semelhanças com essa ideia de comunitarismo.
“De acordo com o distributismo, a posse dos meios de produção deve estar o mais amplamente distribuída possível entre a população, ao contrário de estar centralizada no Estado (como no capitalismo de Estado) ou concentrada em uma minoria de indivíduos (capitalismo liberal).”
Claro. É o objetivo da empresa de capital aberto do Novo Mercado, da qual sou árbitro.
O problema agora é outro. Devido ao High Frequency Trading, e os modelos Black and Scholes e outros derivativos econométricos, os acionistas hoje permanecem acionistas por 1 dia, média. Ou seja deixaram de ser capitalistas de fato, e viraram joguetes de modelos econométricos e estocásticos que nada sabem ou se interessam com a sustentabilidade da empresa.
Excelente texto. Parabens!
Esse é o cara, excelente retórica. bastante concisa.