Desmistificando Paulo Freire

Se vocês idolatram Paulo Freire ou se acham que Paulo Freire é o grande culpado pela educação brasileira, vou decepcioná-los.

Ambos estão errados.

Primeiro aos que o idolatram.

Paulo Freire não se formou em Pedagogia, mas sim em Direito.

Se diz um autodidata, mas nos seus 17 livros, não cita Montessori, Summerhill, Liberdade para Aprender de Carl Rogers, De Bono etc.

Cita somente Piaget em “Pedagogia da Esperança”.

O mais citado nos seus livros é ele mesmo, que para mim diz muita coisa.

Seu grande feito foi um curso de alfabetização de adultos, que é um sub-subsetor da educação como um todo.

Em 1950, devido ao nosso péssimo ensino público, 44% dos nossos adultos ainda eram analfabetos enquanto em outros países desenvolvidos era menos que 5%. Vergonha!

Paulo Freire percebeu que nossos livros de alfabetização se baseavam em palavras como tio, vovó, casa, escolas familiares às crianças.

Assim ele idealizou cartilhas para adultos, pedreiros como exemplo, onde se usavam palavras como tijolo, cimento e viga, honestamente nada revolucionário.

Com isso conseguiram alfabetizar adultos em 45 dias.

Mas não pesquisou quanto tempo pedreiros aprenderiam com as cartilhas antigas, ou seja, poderia levar 46 dias, nada que justificasse mudança.

Aliás, nada nos livros de Paulo Freire é científico.

Nos seus livros aparecem somente textos rebuscados, confusos, sem início meio e fim, e nenhuma tabela ou gráfico, muito menos experiências com grupos controle.

Vejam essa frase. “Há uma pedagogicidade indiscutível na materialidade do espaço.”

Ou essa platitude “ensinar exige bom senso”.

Mas não acreditem em mim, deem uma olhada nos seus 17 livros disponíveis em pdf.

https://appsindicato.org.br/paulo-freire-17-livros-para…/

Ou seja, idolatrar Freire como alguém que revolucionou a educação é demonstrar ignorância ou falta de discernimento.

Agora para os que o odeiam.

O método Paulo Freire de Alfabetização de adultos não é mais usado porque a maioria dos adultos no Brasil já foram alfabetizados.

Mas mesmo no seu auge foi pouco requisitado, não há no YouTube nenhum filme antigo dele dando aula.

Muito menos cópias de suas cartilhas e manuais do professor, somente uma página que apresento acima.

Ou seja, quem destruiu nossa educação não foi Paulo Freire. Foram os suspeitos de sempre.

A grande surpresa em Paulo Freire é que no fundo ele era um liberal, pelo menos até certo momento.

Em “Pedagogia do Oprimido”, o oprimido não é o pobre, o negro, a mulher, e sim o aluno.

O opressor é o Professor, que “deposita” no cérebro do aluno o que ele quer.

A sala de aula do Freire é em círculo, como em Harvard, o professor não ensina, é somente um coach.

Os alunos resolvem problemas, como os casos em Harvard.

Em Pedagogia da Autonomia, ele simplesmente copia Summerhill, Liberdade para Aprender de Carl Rogers e Maria Montessori.

Ou seja, ele é contra o sistema educacional atual do “magister dixit”.

Como Karl Marx, Freire foi usado.

“Pedagogia do Oprimido” passou a significar o pobre, o negro, a mulher, o homossexual, mas não o professor.

Os estudos de casos não eram mais discussões sobre a vida, mas sobre a opressão que os oprimidos faziam.

A frase infeliz de Freire foi “3.7 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica”.

Foi o brado de guerra para destruírem a educação.

Como foi “De cada um segundo sua capacidade (de produzir), para cada um segundo a sua necessidade (de consumir).”, na economia.

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Comentários

13 Responses

  1. Prof. Kanitz
    Novamente lhe dou parabéns pela análise e sua lúcida avaliação.
    Mas sinceramente, é avaliar medíocres e suas mediocridades no caso da educação brasileira.
    Pois na prática, não há melhora, e quem diz isso não sou eu, são alunos, pais, professores, educadores e principalmente … os indicadores!
    Numa organização, na reunião de acionistas, os indicadores de resultados são os norteadores para identificar as ações bem feitas das mal feitas.
    No caso da Brasil S. A., seus acionistas só estão vendo indicadores negativos desta natureza há muito tempo!

    1. A educação nunca tinha sido tão comentada, idealizada e aplicada nos anos 60 com a democratização da educação popular. Paulo Freire foi apenas um dos idealizadores que acreditou num método de alfabetização que deu certo, e chamando atenção dos que estavam no poder acabou que foi não só banida como proibida com o golpe militar de 64. No Brasil, tudo que surgiu e surge de bom para classe menos favorecida é desestabilizada pelas grandes estruturas políticas e econômicas, desde a colonização à estratificação social republicana, e até os dias de hoje. O método Paulo Freire é estudado em mais de duzentas universidades do mundo inteiro, não é de se orgulhar enquanto somos brasileiros?

      1. Isto de estudado no mundo inteiro não tem nenhuma base. É citação vazia e ideologica.
        Quanto a banimento estude um pouco mais ai. O falecido MOBRAL foi criado no Governo Militar, visava alfabetizar adultos e era baseado em Paulo Freire.
        É mentira sua que banida e proibida.
        Em tempo a frase é dele. O analfabetismo adulto só acaba com a morte do analfabeto. Ele só aprende a ler.

  2. Mas a intenção de Paulo Freire era criar condições para uma revolução comunista. Alguns de seus ídolos eram os líderes dos regimes comunistas do tempo da Guerra Fria.
    Essa contribuição para a revolução, porém nefasta para o desenvolvimento do país, é verificada pelo exame dos textos e discursos político-ideológicos de Freire.
    A culpa pela decadência da educação pública brasileira é mais daqueles que criaram um mito em torno de Paulo Freire, como decorrência da mentalidade esquerdista que se tornou hegemônica nos sistemas de ensino. Tornaram-no um símbolo do movimento revolucionário, como se o socialismo tivesse a capacidade de ser bem-sucedido e gerar prosperidade econômico-social.

  3. Obrigado Stephen Kanitz pelos belos esclarecimentos. Vivemos em um mundo de ilusões e de inversões de valores. A verdadeira Educação se sustenta em 4 pilares básicos: INTELECTO MORAL, FÍSICO e na ESPIRITUALIDADE. Sempre achei um falso profeta e agora então, ESTOU CONVENCIDO.

  4. “Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica”.
    Ao se tentar entender de qual ideologia ele está falando, passa-se a compreender melhor o método Paulo Freire de ensino. E nada mais é do que a preocupação com o constructo social, como bom materialista que ele foi.
    Quando observamos que a educação no Brasil é desprestigiada, ruim mesmo e cheia de ideologia de esquerda onde só interessa ensinar que o mundo é uma idiossincrásica grande luta de classes e, já há vários anos, nossos alunos tiram o antepenúltimo, penúltimo ou último lugar no teste PISA, fica mais claro o porquê da nossa reprovação a este educador na medida em que ele é sempiternamente reverenciado justamente pela esquerda política, a mesma que não criou todos os problemas educacionais brasileiros mas macula e piora demais a situação por aqui desde o final do regime militar.
    Abraço Kanitz !

  5. Nunca achei q Paulo Freire teria tido tanta importância assim, na educação brasileira. Aliás, falam mais dele nos políticos de viés direitista do que nos debates da Esquerda e centro-esquerda. Como essas igrejas pentecostais que falam mais no Diabo do que em Cristo.
    Eu mesmo, que passei nos bancos escolares nos anos 70 e 80, pouco tinha ouvido falar em Paulo Freire. Só passei mesmo a ouvir repetidas vezes o seu nome, nos embates políticos de uns tempos pra cá, nessa briguinha estúpida e insana entre Direita/Esquerda no Brasil.

    1. Ele é figurinha carimbada nos cursos de formação de professores. O problema nem é falar de PF, mas interditar todo o resto.

  6. Prezado Kanitz. Discutir Paulo Freire é algo tão rico como discutir Freud ou Marx. Na História, sempre que aparece alguém com ideias novas/revolucionárias isso suscita polêmica, amores e rancores. Mas não me parece correto desmerecer qualquer talento apenas pelo fato de a pessoa ter sido autodidata. A humanidade está repleta de exemplos de gênios que não saíram das universidades. Essa posição carrega um certo ranço elitista. Se o Paulo Freire, assim como outros, não bebeu em fontes conhecidas, isso não desmerece o trabalho dele. Os bons resultados do seu método são incontestáveis, tanto assim que é estudado e debatido no mundo todo. E, como diz o comentário do Ronaldo, deveríamos ter orgulho de um brasileiro como o Paulo.

  7. Não conseguiremos evoluir nos exames do Pisa, enquanto não houver um limpa na ideologização nas escolas. E isso requer métodos “violentos” para realizar essa limpeza, caso contrário nada mudará.

  8. A questão principal nem é aquele método de alfabetização de adultos – que, por sinal, é plágio -, mas o estrago feito na educação nas últimas décadas, cuja inspiração tem fortíssima influência dos escritos de PF. Basta verificar os cursos de Pedagogia – para ficar num único exemplo, mas são vários – e se terá uma exata noção do atoleiro em que nos colocaram.
    O espírito revolucionário de PF está vivíssimo na educação brasileira, tendo em mente que o revolucionário quer antes de mais nada destruir as estruturas existentes; o que vai ser colocado no lugar tem menos importância.

  9. O Sr. está sendo muito condescendente com Paulo Freire ao afirmar que seu “método” foi de alguma forma deturpado e utilizado como meio de fomentar a luta de classes pelos executores do método.
    Acredito que não. Objetivo sempre foi a rebelião dos “oprimidos” usando a classe de aula. Todo rebuscado do método é só a embalagem, o cerne sempre foi e é criar comunistinhas doutrinados travestidos de “cidadãos”.

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