Não são as crianças que aprendem, são seus cérebros. E por 2.000 anos ensinamos crianças sem saber ao certo como os cérebros funcionam.
Felizmente, graças a ressonância magnética, e o que estamos aprendendo com machine learning e IA, lentamente estamos descobrindo evidências assustadoras.
Estamos ensinando errado, em momentos errados, com informações inúteis. Por isso as crianças estão sofrendo regressão sináptica a partir dos 3 anos, de quase 50% até os 11 anos de idade.
A criança de hoje, por nada aprender de verdadeiramente útil para sua sobrevivência, sofre regressão sináptica porque o próprio cérebro joga informação inútil fora.
Como Impedir a Regressão Sináptica
Curiosamente inteligência artificial começa como um Large Language Machine. Ou seja, primeiro ela aprende um vasto vocabulário (30.000 palavras), e depois as 200.000 associações e conceitos como Pato Feio, Buraco Negro, que possuem outro significado.
Crianças que não são expostas a partir dos 2 anos de idade a um vocabulário rico e estímulos experimentarão uma poda sináptica mais extensa em áreas relacionadas à linguagem em comparação com crianças com maior exposição. A poda chega a ser de 50% até os 12 anos de idade.
As crianças de antigamente possuíam 2 pais, 8 irmãos, 9 tios presentes nas famílias estendidas de outrora, ouviam 20 milhões de palavras em 5 anos.
Hoje pai e mãe trabalham fora, metade tem um irmão mais novo, tios e avós não moram mais juntos. Dos 9 meses aos 4 anos convivem com uma babá de vocabulário limitado.
Precisamos reverter isso. Aumentando dramaticamente a literacia infantil desde o início. Ouvir e entender, antes de ler e escrever.
Há muito convencimento a fazer, pais, professores, ministros da educação, diretores que desconhecem essas novas evidências.
1. Poda dependente do uso: A poda sináptica é um processo em que conexões não utilizadas ou fracas são eliminadas. Conexões frequentemente usadas são fortalecidas e mantidas, enquanto aquelas não usadas são podadas.
2. Poda precoce de sinapses de linguagem: Sinapses de linguagem não utilizadas podem começar a ser podadas já aos 9 meses de idade. Até seu primeiro aniversário, os bebês começam a perder a capacidade de entender diferentes idiomas se não forem expostos a eles.
3. Período crítico para o desenvolvimento da linguagem: Os primeiros anos, particularmente antes dos 3 anos, são cruciais para o desenvolvimento da linguagem. Durante esse período, o cérebro é altamente plástico e receptivo ao input linguístico.
4. Eficiência através da poda: A poda sináptica ajuda a otimizar as redes neurais eliminando conexões mais fracas ou menos usadas. Esse processo aumenta a eficiência das redes cerebrais mais importantes.
5. Refinamento dependente do ambiente: As conexões neurais são refinadas para refletir o ambiente particular em que a criança vive. Conexões menos relevantes para o ambiente da criança são perdidas, enquanto as importantes se tornam mais eficientes e complexas.
6. Impacto no desenvolvimento do vocabulário: Crianças expostas a ambientes linguísticos ricos tendem a desenvolver vocabulários maiores. Crianças bilíngues, por exemplo, demonstraram ter vocabulários iguais ou maiores que seus pares monolíngues.
Portanto, crianças com exposição limitada a vocabulário e estímulos podem experimentar uma poda mais extensa de sinapses relacionadas à linguagem, potencialmente impactando seu desenvolvimento linguístico, aquisição de vocabulário e QI.
Isso ressalta a importância de fornecer ambientes linguísticos ricos e estímulos diversos durante a primeira infância para apoiar o desenvolvimento cerebral e as habilidades linguísticas ideais.
Fontes:
[1] The Benefits of Multiple Language Exposure in Babies – YUMI https://helloyumi.com/blog/multiple-language-exposure/
[2] [PDF] Lighting up young brains | Save the Children UK https://www.savethechildren.org.uk/
[3] Plasticity, for better or worse – The Natural Laws of Children https://www.celinealvarez.org/
[4] Synaptic Pruning: Definition, Early Childhood, and More – Healthline https://www.healthline.com/health/synaptic-pruning
[5] Synaptic Pruning in ADHD – The Neurodivergent Brain https://theneurodivergentbrain.org/synaptic-pruning-in-adhd/
Respostas de 8
E a exposição a internet, aos desenhos , inclusive para se entreter e não tirar os pais da zona de conforto, inclusive comer direitinho …
GRAÇAS A DEUS, a vida não é um disco long play 38 rpm, com apenas laDO A E LADO B.
Quero parabenizar o professor Kanitz, pelo excelente artigo. Ao me deparar com a mensagem do texto, lembrei do livro “VIDAS SÊCAS” de Gracilano Ramos. De fato, nossas crianças, estão perdendo muito, com o novo estilo de vida da sociedade moderna.
De qualquer forma educação é sempre será o melhor que se pode fazer por um futuro promissor dos seres humanos.
Que alívio ver um artigo relevante e sem viés político.
Inteligência Artificial é a bola da vez, voltei a trabalhar como Knowledge Worker aos 62 anos e AI é ferramenta de uso diário.
Difícil de imaginar o impacto na educação de crianças hoje, como serão as gerações futuras.
Escolas cívico-militares atenderiam esses quisitos? Penso que não, pois justamente um ambiente de alta diciplina impede o desenvolvimento da criatividade, que é hoje em dia o que mais se espera de profissional em todas as áreas. A diciplina tem que ser estimulada e aprendida e não imposta como regra.
Disciplina.
Djalma, será mesmo que disciplina limita a criatividade?
Quer mais disciplina do que as crianças da Alemanha nazista ou da China comunista ou do Japão de sempre, e quantos gênios foram gerados?
Me parece que a tese em pauta é contra a falta de assistência e decorrente estímulo à criança, durante a 1ª infância e depois, a falta de métodos adequados de ensino.
Manter a disciplina em aula, seja escola publica, privada, militar ou familiar, implica em se ter um professor perto dos alunos e esses, prestando atenção ao que o professor fala, certamente terão mais conhecimento e articulação de idéias o que brincando. Para brincar haverá muito mais tempo entre ou depois das aulas.