Em Defesa da Monogamia

Corre o meme que monogamia não é o estado natural do homem, que é um valor cultural imposto pela sociedade e a Igreja.

Nada disso.

Monogamia é de fato cultural, como também o é a poliandria, mas foi ela que conferiu enormes vantagens evolutivas aos que a adotaram.

Os que adotaram a monogamia prosperaram, os que mantiveram a poliandria ficaram para trás.

Explico.

Antes da agricultura, na fase nômade reinava a poliandria, as mulheres da tribo tinham filhos com homens diferentes, o mais forte no momento da ovulação, de preferência.

Espertas, elas.

Mas ter um filho com um homem diferente toda gestação, gera um problema de cooperação humana.

Não existiam irmãos entre si na poliandria.

Só existiam meio irmãos, que nem se sabia que eram.

Portanto, homens nômades não cuidavam dos seus filhos, alguns nem sabiam quem era de quem, conhecido exclusivamente pela mulher.

Com o advento da agricultura, surgiu a monogamia, não por opção, mas pelas circunstâncias.

Numa fazenda não havia muitas mulheres passeando por aí.

Da monogamia surgiu pela primeira vez um fenômeno que irá gerar a cooperação humana.

O surgimento do conceito de irmãos, filhos do mesmo casal marido e mulher.

Não subestime o poder gerado por esse novo hábito.

Irmãos compartilham 50% dos genes entre si.

Meio irmão compartilha a metade, 25%.

Como mostrou W.D. Hamilton em “The Evolution of Altruistic Behavior” Am. Nat. 97, 354–356, existe mais cooperação entre irmãos do que meios irmãos, mais do que primos, mais do que segundo primos e assim por diante.

(O casamento é tão difícil porque compartilhamos zero genes com nossos cônjuges, amamos mais os filhos porque compartilhamos 50%.)

(Se seu casamento anda mal, devote mais tempo com seus filhos comuns, do que seu cônjuge. Ele / Ela vai voltar a te admirar.)

Por isso a Igreja Católica foi instrumental em defender a monogamia o que para muitos seria não natural. Ledo engano.

A monogamia “pegou” porque propicia a cooperação humana, e os povos que a adotaram superaram os povos em que prevalecia a poliandria.

Foi a monogamia que trouxe progresso para a nossa civilização, e não por acaso via a empresa familiar, onde pai, irmãos e sobrinhos cuidavam do negócio.

Numa família se confia mais um no outro, há mais coordenação, do que numa empresa onde cooperam pessoas estranhas entre si.

Aqueles que ainda acreditam que a monogamia é uma imposição cultural, lamento, vocês vão ficar para trás.

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Comentários

10 Responses

  1. Excelente perspectiva e para virar uma regra , precisa comportar uma exceção e aqui vai ela: no caso dos avós x netos, cresce aproximação mesmo com diminuição da participação genética para 25%, não é fato?

  2. A poligamia também tem o seu valor, vide os judeus do Velho Testamento e os mórmons do século 19 em Utah.

  3. Brilhante a sua explicação da monogamia, perante a este mundo materialista. A monogamia foi uma evolução natural dos seres racionais. A razão nós leva a Deus. O progressismo cultural disseminado pelo esquerdismo doentio é que prega a abolição da família, de Deus e a divisão das pessoas, das classes sociais como uma forma de dominação e escravidão. É abominável, é um atraso, é no mínimo o estacionamento do progresso da humanidade. O comunismo, o socialismo, o progressismo tem que ser combatido e tratado como câncer da sociedade.

  4. Como sempre digo, esse também é um assunto a ser tratado em sala de aula. Espero imensamente que se construa canais para que chegue ao Ministério da Educação. Não podemos desperdiçar esse artigo do professor Kanitz. Obrigado.

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