Guilherme Leal, se candidatou a ser Vice da Marina Silva.
Jornalistas rapidamente começaram a atacá-lo como sendo o dono da Natura. Não é.
Guilherme Leal tem em torno de 10% da empresa, sob uma holding chamada Utopia que inclui 5 filhos.
Ao pé da letra ele teria 2%, mas mesmo com 10% ele é portanto um sócio minoritário.
Ele não manda na Natura, como muitos empresários “mandam” nas suas empresas.
Natura é uma empresa de capital democrático, onde todos os demais 90% dos acionistas têm o direito de voto, o que não ocorre nas empresas de “empresários”.
A Natura é uma das primeiras empresas do Novo Mercado, onde não existe acionistas sem direito de voto, como ocorre no Bradesco e na Petrobras para citar empresas de direita e de esquerda.
Nestas empresas, mais da metade dos acionistas não têm direito a voto, o que numa democracia deveria ser ilegal.
Guilherme tampouco pode ser chamado de empresário.
Ele é formado em Administração de Empresas pela USP, foi treinado para administrar empresas, e é isto que ele sempre fez.
O termo empresário é reservado para aqueles que abrem empresas com “a cara e a coragem”, “perseguindo um sonho”, sem ter o preparo escolar para tal.
Engenheiros precisam ser treinados antes de exercerem a profissão, empresários achamos que não.
Por isto 4 de cada 5 “empresários” quebram a cara nos primeiros 5 anos de existência, porque não tem a menor qualificação ou conhecimento do assunto.
Este 5º empresário normalmente sobrevive de REFIS em REFIS razão pela qual o termo empresário é tão mal visto neste país.
Fiquei desolado ao ver o próprio Guilherme usar o termo para se definir, mas foi para não confundir a plateia.
Ele é um administrador de mão cheia.
Se engenheiro bem sucedido continua engenheiro, porque administrador bem sucedido vira empresário?
Fez curso no INSEAD, a melhor escola de administração da Europa, e Harvard Business School.
Se você é um administrador, conteste a devassa jornalística que tentarão fazer na empresa Natura, com o intuito de destruir mais uma candidatura de um Administrador Socialmente Responsável.
Já destruíram as chances de Henrique Meirelles de ser vice da Dilma, não podemos deixar isto virar um hábito.
Este é o currículo oficial de Guilherme Leal, que conheço bem, e que merece todo o nosso apoio.
Guilherme Peirão Leal, 54 anos, é bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e realizou cursos de extensão no European Institute of Business Administration (INSEAD) e na Harvard Business School.
É um dos fundadores da empresa e Presidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos.
Na história da Natura foi um grande incentivador da fusão ocorrida em 1989, fator preponderante para o crescimento da companhia na década de 90.
Uma de suas grandes contribuições para a Natura tem sido a construção de uma organização ética, cidadã, que busca exercer de forma crescente o comportamento empresarial socialmente responsável.
É fundador, ex-presidente e atual membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos;
ex-presidente e atual membro do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança;
membro do Comitê Diretor do Programa Crer para Ver, que visa o financiamento de projetos para o sucesso da criança na escola;
membro do Conselho Consultivo do grupo “O Estado de S. Paulo”;
presidente do Centro de Tecnologia Empresarial (CTE);
membro do Grupo de Empresários da América Latina (G-50);
do Conselho de Empresários da América Latina (CEAL);
e do núcleo de Ação Social da Fiesp;
membro do Conselho Curador da Fundação Dom Cabral
e membro do conselho INSEAD Brasil.
31 respostas
Concordo. Conheço a NATURA de quando minha mãe, há aproximadamente 30 anos atrás fazia parte do time de consultoras da pequena loja dos Jardins…Dª Iara e Sr Antonio Luiz Seabra, que na época, era o Sr Luiz. Desde aquela época, havia algo de diferente nesta empresa. Hoje, admiro seu modelo de gestão e exemplo de governança corporativa. Acredito que esta base sólida somente é sustentável devido ao planejamento seguido desde a concepção do projeto de abertura ao Novo Mercado. Vejo a candidatura da Marina com bons olhos, e a participação do Sr Guilherme também. Espero que a política suja, com fins apenas eleitoreiros não lance nenhum dossie ou qq coisa parecida para agora questionar ações desta empresa que acredito eu, tanto tem contribuido para a imagem do nosso Pais.
Cumprimento Kanitz pelo posicionamento público, aberto e claro. É uma prática, que na minha opinião, deveria ser mais exemplo nesse país. Se isso ocorresse, certamente teríamos um contexto político e social diferente.
E como ele deixa Marina falar #@$$# na tv.
Se nem o PT que sempre defendeu os aposentados sabe que não é possível aumentar o salário dos aposentados. Sem comprometer as contas do estado.
Kanitz,
Fico triste em notoar seu desdenho pelo muitos empreendedores que se arriscam no Brasil. São esses empresários que garantem emprego à maioria da população. Muitas vezes sonegar é a única alternativa que lhes resta em um país onde não existe crédito ao pequeno empresário, onde o governo escolhe vencedores nacionais e a eles concede todos os benefícios, onde o governo reconhece a China como economia de mercado e expõe milhares de microempresas a uma concorrência totalmente desleal e tantas outras barbaridades.
Não tenho nada contra os administradores e concordo que falta prepraro à maioria dos empreendedores. No entanto, caro professor, sem esses corajosos empreendedores, os administratores não teriam o que fazer.
Quem sabe faz, quem não sabe ensina.
Fico bobo de ver como esses candidatos fazem de tudo pela eleição, começam sempre com mentiras, fico imaginando como será quando chegarem ao Palácio do Planalto. Se cuida Brasil.
Pensei que o Kanitz não gostasse de economistas;Isso não é verdade. Ele SÓ gosta de administradores, fora desta categoria não existe nada!!!! Vá arriscar seu tempo e capital. Vá captar recursos no nosso sistema bancário! Quem realmente sustenta o país são as pequenas e micro empresas deste país. Elas que capilarizam a circulação do dinheiro com rapidez necessária em várias circunstâncias nacionais.
Dar consultoria na esmagadora maioria, é sinal de covardia e incompetência; é aprender na prática com o dinheiro dos outros.
Esta voce generalizou legal. Ofendeu muita gente boa deste país.
Vou parodiar o primeiro comentario do SR Carabas.
QUEM SABE FAZ, QUEM NÃO SABE ENSINA!!!!!
Interpretação de texto às vezes é bom, será que ninguém reparou que o professor usou o termo entre aspas? em nenhum momento percebi ele ser contra pessoas empreendedoras, apenas desdenhou a alcunha e a triste realidade de pessoas que se arriscam “mergulhar sem saber nadar”. Todos queremos ser donos do nosso próprio negócio e é admirável a coragem de quem consegue, mas a realidade é que a maioria não tem preparo para isso e termina, ou se afundando em dívidas ou dando calote e sonegando. Acompanho os textos do Prof. Kanitz já a um bom tempo, e sua maior crítica não é em relação à profissão X ou Y, mas sim ao profissional especializado na X exercer o papel da Y (economistas na administração) ou a falta de preparo para nenhuma delas, querer assumir as duas, como mais ou menos nesse caso.
Sobre o texto atual, é louvável a posição na escolha de seu vice, porém a candidata tem outros “esqueletos no armário” que fazem-me duvidar de suas capacidades:
– Partido inexpressivo: Será que o PV resistiria a uma reforma política?
– Estado inexpressivo: Rolam até piadas pela internet que o Acre seria uma invenção da mídia, o que não deixa de ter um fundo de verdade, tanto em política quanto em economia.
– Posições religiosas: Toda aquela polêmica acerca do fanatismo religioso da candidata e sobre o ensino do criacionismo nas escolas
– Defesa radical do meio ambiente: Acho que ninguém é contra o meio ambiente, mas não existe crescimento econômico sem danos à natureza, leis mais rígidas freariam o nosso desenvolvimento.
Assino embaixo dos comentarios do Edgar e Carabas. Professor Kanitz é muito feliz em varias análises do Brasil que aqui faz, e em suas palestras. Todavia tem um “quê” de puxa-saco e auto elogio da administração de empresas que torra a paciência, como se nenhuma outra profissão houvesse no mundo. Volta e meia aparece com isso em seus post. Um ranso, mágoa, radicalismo ou sei la o que, que nem combina com sua biografia. Talvez por isso não tenha mais espaço na midia, coisa que sempre me questionei, porque admiro muitos de seus pensamentos e artigos. Mas nossos comentarios aqui nao influenciam em nada tb. Provavelmente nem lidos são. Pois já os fiz umas 10 vezes e nao há nenhum tipo de retorno. Inclusive já remeti email, que tb não são respondidos. Talvez em administração seja esse o ensinamento! Abraço. Leo
Caro Kanitz sua generalização dos empreendedores como incompetentes ou sonegadores foi de uma indelicadeza colossal. Demosntra um pensamento reacionário e “caolho” da realidade brasileira. Sou contabilista e já tratei com muitos “bacharéis” de administração e tenho provas cabais de que existe neste segmento uma gigantesca maioria de profissionais mal-preparados, com visão acadêmica divorciada da realidade econômica do país além de excessivamente arrogantess. Desprezar o trabalho e a importância dos bravos empreendedores deste pais é um verdadeiro atestado de ingnorância. Realmente frase do Sr Carabas pode ser aprofundada para QUEM SABE FAZ E QUEM NÃO SABE OU NÃO TEM CAPACIDADE PRA MAIS NADA OPINA OU DÁ CONSULTORIA.
Poxa, decepcionante. Olha professor, sou administrador e realmente convivo com essa realidade que o senhor coloca. Contudo, não sei se o quinto “empresario” sobrevive somente porque sonega. Prefiro acreditar que foi uma generalização apenas para polemizar e trazer o tema para o debate publico. Seria uma besteira incompreensivel, na minha opinião, radicalizar dessa maneira. Alguns companheiros aqui comentaram sobre administradores sem a devida capacidade e outros profissionais competentes para administrar. É o que temos visto no Brasil, depois do aparecimento de tanta “escolinha” de fundo de quintal, para as quais o MEC faz vistas grossas. Prefiro ficar com o meu bom e velho Kanitz, a pensar algo contrário nessa “altura do campeonato”.
Que falta de habilidade ao generalizar a critica aos empreendedores. So alguns exemplos de nao-administradores de sucesso: Eliezer Batista da Silva (engenheiro); Augusto Azevedo Antunes (engenheiro); Sebastiao Camargo (nao sei detalhes de sua formacao academica); Carl Fisher (idem); Antonio E. de Moraes (idem); os Guinle (grupo Monteiro Aranha); …. varios deles do tempo em que nao existiam cursos de Administracao de Empresas (nem mesmo em Harvard).
Eduardo
Cala a boca Kanitz!
Vez ou outra leio o post do Prof. Kanitz.Dessa vez não sei aonde ele quis chegar.Desconheço a má fama do termo EMPRESÁRIO (aqui, em maiúsculas, de propósito) a que ele se referiu.Lamentável a sua conceituação para esses desbravadores que, acreditando em um sonho, ergueram e continuam erguendo impérios.Lamentável……
Mestre Kanitz,
Não acredito que este artigo tenha partido de sua brilhante mente. Se o Sr. Guilherme Leal possui 1, 2 ou 50% das ações da Natura e se decide ou não dentro da Empresa, isto não é motivo para que se humilhem de forma genérica e simplista aos demais Empresários que honestamente tocam sua vida sob uma carga brutal de impostos e custos Brasil. Empresário não é e nunca foi um termo pejorativo e nem deveria ser. Lamentáveis as colocações suas, digo isto como um Administrador com 35 anos de empresariado e empreendedorismo. Lamento as suas colocações, nem consegui ler até o final…
Silvio
Paspalho!!!
Nunca imaginei q vc pudesse ser um!!!
Infelizmente estou me decepcionando com o sr. Acho que seu comentário foi feito em um monento inapropriado de seu dia. Qual é profissão dos proprietários das revistas em que o sr. escreve? Pela sua “dica” eles devem estar sonegando alguma coisa, senão, não seriam conglomerados editoriais não é mesmo?
Acho que vocês não entenderam bem o artigo do professor, ou a carapuça de sonegador serviu para alguns (caso de muitos “empresários”). Prefiro acreditar na primeira.
O Kanitz agora tem “tradutor” do que escreve, e o Ricardo Carvalho ficou sabendo que eu não presto.
Quanta vergonha!!!!!!!!!!!
Oi Ricardo Carvalho, tudo bem? Qual é o CNPJ da empresa q vc é proprietário? Caso vc seja empregado e não seja empresário, não precisa responder.
Vamos lá, não sou dono de nenhum negócio, César, infelizmente ainda não sai da universidade, pretendo montar meu próprio negócio no ramo da tecnologia de informação em algum momento assim que sair mas ainda não montei, e não, Edgar, não falei que você não presta, não tenho nenhuma vergonha do que falei, talvez de fato a carapuça tenha caído para alguns, sonegação é um problema no nosso país, e apesar das dificuldades reais do pequeno empresário eu acho que não vale a pena ignorar a sonegação como único recurso, tem gente que dá certo sem sonegar, pra mim esses são os verdadeiros heróis nacionais.
Se vocês levaram isso como crítica pessoal peço desculpas, mas apelo para vocês também manterem o decoro, e não saiam falando que pessoas são “paspalhos” ou “tradutores” das opiniões dos outros. Espero mesmo que respondam com mais calma e com bons argumentos que sei que vocês tem. O primeiro comentário do Edgar, apesar de parecer meio inconformado, foi muito bom.
E por falar em administraçao x empresas de cosméticos, o que o senhor acha do grupo Silvio Santos que fundou uma empresa para concorrer (pelo menos o marketing diz)com a Natura. Além disso, tenho curiosidad em saber sobre esse grupo… uma empresa famíliar que, aparentemente, tendo seu fundador um comerciante, ela dura, pelo menos uns 40 e tantos anos.
apenas gostaria que Kanitz revisasse o texto antes de postar… Os erros gramaticais e ortográficos frequentes nas suas colunas não ficam bem aqui…
Sr. Alexandre Martins, não fica bem o Sr. divulgar seu site aqui que também não funciona corretamente, além de ter um péssimo design, apesar de ser um estúdio.
O que o professor Kanitz fala é verdade. Administração é para Administrador. Quem é Engenheiro ou Advogado e etc e decide montar uma empresa, em algum momento terá que fazer uma pós-graduação em Administração, ou mesmo estudar bastante sobre o tema, se não o negócio não anda. Falar de empreendedores que começaram há 40 anos atrás não faz sentido, pois o mundo se transformou de tal maneira que se eles fossem começar agora da mesma forma, é certeza que quebrariam. Grandes empreendedores se não conhecem sobre Administração tem Diretores e/ou Assessores que conhecem, utilizam a liderança para tocar seus negócios para frente, mas sem Administradores na empresa, a coisa é bem diferente e eu concordo com Kanitz. É o mesmo que um Advogado ou Engenheiro, se eu chamar um Administrador para me orientar em relação a Direito Trabalhista ou para fazer o projeto de construção de um prédio, com certeza não funcionaria. Como diz o ditado popular, “cada macaco em seu galho”.
Lamento, mas sou forçado a concordar com o artigo. Em política o termo empresário é sim pejorativo. Foi esteriotipado como o ESPERTO, AQUELE QUE LEVA VANTAGEM, QUE SÓ PENSA EM DIHEIRO, QUE SONEGA, QUE CORROMPE e outros. Por exemplo os empresários que trabalham para os órgãos públicos. Eles não resistem a uma auditoria, principalmente aqueles da construção civil, da saúde e da informática. Então meu caro, empresário só começa a ganhara credibilidade quando acumula mais de um bilhão sem ter sofrido um auto de infração sequer.
Então, estão querendo aproveitar para imputar ao sujeito a pecha de empresário. E em campanha política EMPRESÁRIO já começa perdendo.
você conhece o sr. Guilherme Leal? se o conhecesse, saberia que ele não é apenas o “dono da Natura” (como dizem erroneamente por ai) e possui empresas inovadoras espalhadas no mercado. A Janos é um exemplo óbvio disso.
Acho que ele é sim um empresário competente, conhecido como o empresário verde na mídia exterior muito antes de entrar no meio político e é um grande empreendedor.
Acredito que este post foi muito infeliz ao utilizar fontes tão simplistas e expressar uma opinião tão rudimentar.
De fato, o texto não passou por simples corretor ortográfico. Dai fica difícil dar credibilidade a esta tese, já que o mesmo que a defende, não está preparado nem para redigi-la.
E ele é dono sim, de sua parcela, lógico, mas já é o suficiente para lhe render dividendos extraordinários.
Pode não mandar, mas empresa tem a cara dele, que está envolvido em questões sócio-ambientais à algum tempo.
Não estou aqui para defendê-lo, segundo o dicionário Aurélio, empresário é: “O que empreende ou dirige alguma indústria, exploração, empresa.”. Acho que isto é suficiente para cada um chegar a uma conclusão sobre o assunto.
Abraço a todos!
“O sucesso incomoda”
Tenho admiração pela empresa e fico com certa “inveja” se posso assim dizer ,como ele consegue ser menbro atuante em tantos conselhos.Isso reflete o alto grau de preparo e também um exemplo de como se portar como administrador.
Tenho admiração pela empresa e fico com certa “inveja” se posso assim dizer ,como ele consegue ser membro atuante em tantos conselhos.Isso reflete o alto grau de preparo e também um exemplo de como se portar como administrador.
Antes de mais nada, uma dúvida: essa matéria ( http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,filho-cacula-politico-novato-ja-acumula-fortuna-de-us-21-bi,552740,0.htm ) matéria colocava a porção acionária do empresário em 25%. O senhor sabe dizer qual a razão da discrepância entre o dado do jornal e o do senhor? Ambos, pelo que eu entendi, se referem a propriedade da empresa, não porcentagem dos votos (em uma empresa em que nem todos acionistas tivessem direito a votar, faria diferença, imagino). De qualquer maneira, 10% com os filhos ou 25% sozinho-como deixa implícito o jornal ao não mencionar mais ninguém-, não faz diferença para a pequena objeção que pretendo apresentar.
“O termo empresário é reservado para aqueles que abrem empresas com ‘a cara e a coragem’, ‘perseguindo um sonho’, sem ter o preparo escolar para tal.”
Não entendi se o senhor quis dizer que o termo “empresário” É usado para as pessoas nessas condições (então, segundo o senhor argumenta depois, também empresários que alcançam o sucesso recebem a mesma denominação) ou se DEVERIA ser reservado para pessoas nessas condições…
Pode parecer uma distinção bizantina, mas a palavra “empresário” não se refere basicamente ao nicho que o indivíduo ocupa no ecossistema do trabalho, suas responsabilidades legais, seus deveres funcionais na geração de receita e seus privilégios na distribuição dela? Um empresário não é o sujeito socialmente definido pela unificação do seu papel legal de proprietário ou coproprietário (distinguindo-se de administradores que sejam funcionários como os outros e não tenham nenhuma parcela de propriedade) e do seu papel de diriginte da empresa (distinguido-se de um simples acionista, que não necessariamente toca a empresa e pode se limitar a embolsar os dividendos e valorização das ações e arrostar os prejuízos)? Consultar o Aulete e o Michaelis na Internet, para ver o significado que a palavra tem na língua corrente (o que não quer dizer que não tenha outros de uso menos geral, mais especializado), reforçou minha crença em uma resposta afirmativa para as duas perguntas acima.
Parece-me que um engenheiro que abre uma empresa é um empresário E continua engenheiro (se ele continua usando os conhecimentos adquiridos na faculdade de Engenharia). Não me parece razoável negar que o engenheiro “que abriu uma empresa com a cara e a coragem”. esteja desempenhando o mesmo papel funcional, tenha as mesmas responsabilidades-responsabilidades que o senhor preferiria ver nas mãos de administradores formados (daqui para frente, simplesmente chamados de administradores), mas estamos tratando da descrição do mundo como é, não como talvez devesse ser- e os mesmos privilégios que sua contraparte formada em administração (repare que ainda não entramos no mérito dos resultados que ele consegue) que também abriu uma empresa. Por que não deveria haver uma palavra, empresário, que identificasse o papel comum aos dois na realidade tal como existe agora? Por outro lado, um sujeito formado em administração pode, não obstante a opinião dos “administradores socialmente responsáveis” (se administradores fossem um grupo completamente homogêneo, o senhor poderia dispensar o qualificativo) sobre empresas de capital democrático e a conveniência de não tentar maximilizar o controle acionário, abrir uma empresa com todo seu know-how da USP ou de Harvard e ser o dono, único cacique, chefe inconteste, manda-chuva, e será difícil dizer que ele ocupa a mesma posição que um colega de turma que seja assalariado de uma empresa e possa ser defenestrado pela vontade dos acionistas mesmo que ele lance mão das mesmas ferramentas e que tenha aprendido a usá-las no mesmo lugar, o curso de administração. Enfim, eles são semelhantes no que têm de semelhante (a formação) e são diferentes no que têm de diferentes (a posição que ocupam na empresa). Por que não uma palavra, empresário, para denominar o papel extra que o administrador-proprietário desempenha? Dois testes práticos: 1) O senhor nega que haja semelhanças de função entre, digamos, Eike Batista (se não ser formado em Administração está na raiz dos problemas dele é uma questão diferente) e Guilherme Leal e opõe-se ao uso de uma palavra que qualifique a ambos ao mesmo tempo? 2) O senhor sabe inglês, estudou em Harvard e considera-com toda razão, creio- os EUA como um país que dá mais valor ao administrador do que o Brasil e segue com mais fidelidade os ensinamentos da Administração do que o Brasil. De que maneira o New York Times se referiria a Guilherme Leal (ou se referiu, talvez o senhor encontre alguma referência a ele no site do NYT na Internet, eu não encontrei) se ele fosse candidato a vice nos EUA?
Os jornais não estavam interessados-e creio que aí está verdadeiramente um grande mal- na formação e no desempenho de Leal, mas no seu papel de “dono da empresa” (proprietário, sócio, etc.). Se ele não é O dono da empresa, os jornais que deram a entender que era cometeram um erro factual e, de quebra, perderam a chance de explicar a seus leitores qual é a verdadeira situação da Natura, o que é o Novo Mercado e o quanto ele é relevante. Enfim, acho que o problema verdadeiro não é Leal ser identificado como empresário, inclusive acho que ele é-também-, e esse papel dele na cadeia alimentar econômica, digamos, pode ser o fator mais importante em uma discussão do tipo “Não é hipocrisia um empresário-um dono, um patrão, enfim-aliar-se a uma política esquerdista”? (creio que a resposta seja: depende do empresário e da política), por exemplo. O problema verdadeiro, me parece, é que só tenham dado atenção a esse lado em vez de tentar descobrir o que esse candidato, com sua formação e sua história, tinha a acrescentar à chapa de Marina e, mais importante, a uma hipotética administração dela. Mas não é a primeira discussão relevante que os jornais recusam-o senhor sabe bem disso- e não será, infelizmente, a última.
De qualquer maneira, acho que concordamos no essencial mesmo que o senhor não concorde com isso.