O Estado controlava a Telebras com somente 17% dos votos.
E os economistas tucanos venderam este bloco de controle por uma fortuna. Isto permitiu quem comprou controlar nosso sistema de telefonia com somente 6% do capital (via várias holdings, empréstimos e apoio do Citibank).
Os administradores do Partido Bem Eficiente não teriam “privatizado”. Teríamos somente devolvido o direito de voto aos 83% de acionistas, que eram os detentores de linhas telefônicas e que recebiam em troca ações da Telebras sem direito de voto.
O que os economistas do PSDB fizeram foi manter a ditadura do Bloco de Controle, e continuaram a prática de manter a maioria das ações sem direito de voto.
Venderam caro este bloco de controle, 3 vezes mais do que o valor em Bolsa na época.
Venderam o nosso direito de não votar, algo que o Ministério Público deveria ter investigado, mas não fez.
O Ministro na época me assegurou que sabia de tudo isto que estou escrevendo, mas que o Ministério Público não teria permitido não vender o bloco de controle pelo preço máximo.
Ele achava que seria processado por não defender os interesses do Estado.
Ele argumenta que o Ministério Público exige “maximizar” o lucro do Estado.
Quem está com a razão?
Eu acho que o PBE poderia ter convencido o Ministério Público que devolver o direito de voto aos que pagaram R$ 10.000,00 era do interesse do Estado, e seria até uma obrigação constitucional.
Com a palavra o Ministério Público.
O verdadeiro escândalo é que brasileiros não ficam sabendo de tudo isto, que os 100 bilhões de reais que o povo pagou para ter um telefone, virou pó.
Algo para se pensar.
4 respostas
Tudo era estranho naquela época. Eu era criança e conheci um pouco dos planos de expansão. O consumidor não comprava um produto à venda; basicamente ele entrava de sócio para ter telefone, era um bem muito valioso, gerava alugueis, etc…
Porém, concordo que se ele comprou a ação, teria direito ao voto.
Mas cá entre nós, será que os PTralhas teriam essa visão que a privatização era a melhor solução?
Hoje todos tem acesso a telefonia fixa ou celular. A dinâmica que ganhamos é incontável, principalmente economicamente. Os negócios são feitos com extrema rapidez, e não estou falando que nossos sinais são perfeitos, muito pelo contrário.
Melhorou a qualidade de vida social e econômica de pessoas físicas e jurídicas.
Não podemos negar e torcer o nariz para isso
Também desconheço como tudo funcionava, mas lembro que meu pai tinha uma loja com o mesmo número da minha casa. Havia uma “extensão” e, se eu estava em casa e queria falar com meu pai na loja, eu precisava discar 109 e colocar o telefone no gancho, heheheeh. Tempos realmente estranhos. E a linha telefônica era um bem tão valioso que, ainda hoje, há um espaço na declaração do IR para que se informe quais linhas telefônicas o cidadão possui, eheheheheh.
Voltando ao assunto, concordo com você. Acho que tivemos um ganho em termos de facilidade para aquisição de linhas e aparelhos, mas que não foi acompanhado de perto pela qualidade do serviço. A situação ainda é ruim, mas agora por outros fatores: inércia da ANATEL; falta de planejamento por parte das companhias, que não soube acompanhar o crescimento do consumo com adequação de infraestrutura (e um pouco de ganância também por parte delas).
De uma forma geral, concordo com a privatização. Sem dúvidas, esteve longe do ideal mas, no meu ponto de vista (e isso é só uma opinião) a balança pende a favor da privatização. Os problemas que temos hoje são muito mais uma responsabilidade da Anatel e de uma combinação de incompetência, falta de planejamento e ganância das empresas.
Quanto ao direito a voto, não acho que a situação seja tão simples. Hoje tenho ações de algumas empresas mas, como minha participação é ínfima, não decido nada. Hoje, a porcentagem de ações de estatais que está na mão dos cidadãos comuns (pessoas físicas) é muito pequena. A Telebrás, ao que me parece, era uma exceção.
Mas, usando ela como exemplo, como eram as coisas naquela época? Esses 83% de “acionistas” estavam agrupados de alguma forma, com representantes no conselho? Se esses 83% de participação estavam pulverizados, é natural que o sócio-majoritário dono de todas cadeiras do conselho (no caso, o governo, com 17%) tome as decisões.
Segundo o IBGE, 18,6% dos domicílios possuíam linha telefônica em 1991 (tenho que usar os dados do Censo). Tínhamos, à época, 147 milhões de habitantes e a família média possuía 3,9 membros. Ou seja, algo em torno de 37,7 milhões de famílias, resultando em pouco mais de 7 milhões de linhas telefônicas. E como essas 7 milhões de partes interessadas decidiriam alguma coisa? Através de um plebiscito? Quem fosse rico e possuísse duas, três linhas, teria mais votos?
Se elas não estavam organizadas, cabia apenas ao Ministério Público tomar alguma atitude. Mas, com essa ideologia de “maximizar o lucro do Estado”, e sem pressão da sociedade, sem pressão da mídia, com todos os cidadãos “felizes” por poderem, enfim, comprar uma linha telefônica, como ele iria agir de outra forma?
Concordo que o verdadeiro escândalo é que os brasileiros não ficam sabendo de tudo isso. E, aparentemente, mesmo ao ler este artigo, parece que continuam sem saber. Ouço repetidamente que falta capacitação neste país, mas ainda penso que falta dar ouvidos aos capacitados. Os capacitados estão totalmente colocados de lado, taxados de pessimistas. Quando perceber como as coisas são é tido como pessimismo, temos o que aí está. Viver assim é uma agonia constante.