Não Foi Perón Que Destruiu a Argentina, Mas Sim Raúl Prebisch

Termos de troca

Raúl Prebisch, filho de um imigrante alemão e contador de banco, nutria uma forte aversão aos grandes produtores de cana-de-açúcar argentinos, que considerava a classe dominante. Ele dedicou sua vida a tentar diminuir o poder desta classe.

Prebisch foi o economista mais influente na CEPAL, impactando não só a geração de economistas argentinos, mas também brasileiros, como José Serra, Luciano Coutinho, Guido Mantega e Dilma Rousseff, além de instituições como a Unicamp.

Ele defendeu a industrialização da Argentina como meio de enfraquecer o monopólio de poder da classe agrícola dominante, implementando políticas como a utilização de subsídios e proteção tarifária.

Prebisch optou pela política econômica de Substituição de Importações, em contraste com o modelo de Exportações adotado por países como Japão, Coreia do Sul e China.

Seu argumento baseava-se em um gráfico teórico, que propunha que as elasticidades da agricultura e os termos de troca favoreciam a industrialização em detrimento da agricultura.

Propôs que carros americanos da Ford, anteriormente importados pela elite, fossem produzidos localmente na Argentina, utilizando a marca e a rede de distribuidores já existente, assim como outros produtos importados.

Contudo, na época, a Argentina tinha apenas cerca de 10 milhões de habitantes, dos quais somente 500.000 eram considerados ricos, uma base insuficiente para sustentar uma indústria de produção em massa.

Essa política levou Argentina e Brasil a desenvolverem indústrias economicamente inviáveis, sustentadas por subsídios e preços internos muito elevados.

Essa situação deu origem ao Peronismo e ao Petismo, com sindicalistas descontentes que continuam a ter influência na Argentina e novamente no Brasil.

Portanto, não foi o Peronismo que destruiu a Argentina, mas sim a abordagem de Raúl Prebisch, que enfraqueceu a competitiva agricultura argentina.

No Brasil, similarmente, negligenciamos nossa agricultura por 50 anos, criando uma indústria hoje obsoleta.

Felizmente, como a agricultura é o setor menos regulado e taxado do Brasil, estamos agora no caminho certo.

Não fosse esse retrocesso, espero temporário, de reconduzir ao poder o sindicalismo que tanto prejudicou a Argentina e o Brasil.

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Comentários

9 respostas

  1. Pode até ser como muito bem exposto, mas Perón tem seu mérito na coisa por perpetrar o populismo reinante até hoje, embora tenha perseguido Raúl Prebisch.
    Pode-se dizer que no Brasil coisas semelhantes ocorreram e ocorrem; pior praticadas até pela direita, como, por exemplo, a “extinção” da ferrovia e o “impedimento” de importações na era militar, especialmente na área da informática causando atraso (desastre) tecnológico, motivado por uma visão nacionalista extrema.
    De fato, o agronegócio é o carro chefe no Brasil e que em nenhuma hipótese pode ser relegado a um segundo ou terceiro plano, mas também não pode ser considerado como o salvador “único” da pátria (no momento de fato é), pois é necessário que se dê ênfase na industrialização no formato 4.0, pois, como já se diz há tempo: não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta.
    Esses caras (Perón, Prebisch )só têm êxito no que fazem por a direita não conseguir fazer o dever de casa para se mostrar superior, como no recente caso do Brasil que retornou para a esquerda.

      1. Pelo menos o governo atual se institula como de esquerda e o que saiu, de direita (extrema), não fez o dever de casa adequado para se manter no poder.

  2. Populismo, demagogia e ou corrupção tornam qualquer processo danoso para a indústria em para a agricultura. No Brasil, houveraram e ainda há melhores mecanismos para a agricultura em detrimento da indústria. Volumes de credito, taxas de juros para plantio e renegociação de inadimplencias, seguros subsidiados, energia subsidiada, prazo para recolhimento de impostos, etc, entre outros, são favoraveis a agricultura. Mercados nas iniciais, demandam por incentivos e proteções. A proteção e políticas incoerentes, torna-os reféns do poder, afetando negativamente a competitividade do mercado como um todo.

    1. Bem pensado em “torna-os reféns do poder”, pois é quando a coisa deixa de ser vista com objetivo econômico e passa a sofre manipulação política.

  3. Como ficar refém de um setor que pouco emprega, mal paga impostos, e quase 100% vai para Exportação, na maioria das vezes de forma “in natura”, sem qualquer processo de agregação de valor?
    Será que é viável, manter um sistema de trocar Toneladas de soja ou minério por iPhone, ou uma SUV??? Por quanto tempo?

    1. Concordo que não se deve ficar “refém” de um único setor produtivo como, no caso, o agronegócio, mas é preciso considerar que é da natureza (agricola) brasileira, que sofre muito pelos destemperos de São Pedro e do mercaado internacional, a despeito de, como disse, pagar poucos tributos, empregar muito pouco proporcionamente ao faturamento e concentrar renda, porém, ainda assim, o agronegócio é um bom “negócio” para nós.

  4. …..não fez o dever de casa adequado para se manter no poder…..

    ou, insistiu, em jogar sempre sempre sempre sempre dentro das 4 linhas…

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