O País do Desperdício

 
Por 70 anos insistimos que o crescimento do PIB é função do Estado.
Economistas simplificam o problema como uma função de investimentos em capital mais educação de mão de obra.
Por isso tivemos tantos economistas Ministros da Educação como Fernando Haddad, Aloizio Mercadante, Cristovam Buarque, Paulo Renato.
Se eu fosse Presidente dobraria o nosso PIB, sem muito investimento em capital e gastando até menos em educação.
Bastaria eliminar o brutal desperdício que produzimos, simplesmente porque somos mal administrados.
Somos administrados por pessoas que não têm competência para tal, mas mesmo assim aceitam cargos para os quais não têm o menor preparo, como confessou ontem Delfim Netto.
Vou dar um único exemplo, tenho mais 40 exemplos de desperdício que comentarei em outros dias, se houver interesse e repercussão, tipo 100.000 likes.
O Brasil gasta fortunas do PIB em educação.
Metade disso no Curso Superior, sem contar cursinhos e escolas que só ensinam as matérias de vestibular.
Acontece que 50% dos ingressantes em Curso Superior desistem no meio do caminho.
E pior, mais 50% acaba não seguindo a profissão.
Isso é um desperdício de 75%.
E ninguém acha isso um problema.
Ou seja, quase 7% do nosso PIB é desperdiçado.
Segundo a Gazeta do Povo, há vinte anos já sabemos as causas.
“Dentre as principais causas apontadas está a falta de vocação em relação à área de estudo escolhida e o pouco preparo do aluno, ainda no ensino médio. Outra parcela desiste por motivações financeiras, em especial nas faculdades particulares.”
Há quarenta anos, sabendo disso porque sou professor, procurei a TV Cultura para sugerir uma série “As Profissões, Um Dia Na Vida”.
A maioria de nossos vestibulandos sequer gasta um único dia observando o que eles realmente irão fazer para o resto da vida.
Acham que “Advogados fazem Justiça”, e aí se decepcionam quando descobrem que têm de ficar num escritório a semana toda.
Nossos alunos escolhem mal suas profissões, normalmente por exclusão. A maioria nem sabe quantas opções possui, a maioria nunca fez testes psicológicos como o Big Five ou o Meyer’s Briggs.
Eu contrataria orientadores profissionais que visitariam as escolas e dariam orientação.
Fariam testes de QI, mostrando que procurar status social não é a forma de sair da pobreza, mas sim um colégio vocacional, por exemplo.
Quanto aos problemas de financiamento, isso somente ocorre porque criaram um sistema onde o aluno tem de pagar antes de ter uma profissão.
Num dos primeiros artigos que escrevi na vida, em 1972, sugeri a criação do Imposto Educação Superior, pago por somente quem teve o privilégio de um Curso Superior, somente depois de formado.
Não faz sentido o Estado gastar 6% do PIB com marmanjos que podem trabalhar como garçons, taxistas como no resto do mundo, em vez de fazerem política.
 

Gastos com Educação 10% do PIB

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Comentários

4 respostas

  1. Kanitz, concordo plenamente. Fui aluno de universidade pública (graduação e mestrado), retorno o investimento recebido na forma de impostos. Mas da mesma forma de outro profissional que deve de arcar com investimento privado na universidade. Mas um imposto ao invés de uma linha de financiamento (FIES, por exemplo) seria a solução?

  2. Professor,
    Estes 75% de desperdício não vão se reduzir a zero. Não conte com todo este dinheiro na sua análise, simplesmente porque, com o passar do tempo, o “rendimento” das profissões mudam significativamente e assim “empurram” os profissionais para outras atividades. Nunca teremos como controlar isso.

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