A Previdência Americana

 

Todo jovem brasileiro, com menos de 45 anos, deveria acompanhar atentamente a discussão da reforma da previdência americana.

Os argumentos e contra argumentos usados pelos Democratas serão um dia usados aqui.

Toda civilização ou país deixa um legado para as futuras gerações.

São as instituições, as pontes, os investimentos, as invenções, as conquistas que a velha geração orgulhosamente deixa para seus filhos e netos como herança.

A geração de americanos, que tem hoje de 55 a 85 anos, quebra vergonhosamente esta tradição milenar.

Esta geração deixa uma enorme dívida atuarial calculada entre 40 trilhões a 120 trilhões de dólares, entre Social Security, Medicaid, Medicare.

Tudo documentado em dezenas de livros como Who Will Pay and the Coming Generational Storm.

Segundo David Rothkopf, em artigo recente publicado no Estado de São Paulo intitulado A batalha das gerações, o que vamos presenciar nos Estados Unidos é uma nova luta de classes. Uma luta entre os velhos contra os jovens, e os jovens irão perder essa luta.

Hoje, a nova geração de jovem americano paga US$14.000 dólares para o bolso de um velho. No futuro, será o dobro ou mais.

Os pobres serão os jovens que pagarão, via impostos, estas aposentadorias, em detrimento de suas próprias aposentadorias.

Aposentados serão a metade da população, e ganham em média três vezes mais que um jovem de 25 anos. Calcule você mesmo o nível de taxação que cairá sobre este jovem.

Bush queria permitir que parte da contribuição dos jovens fosse destinada para a compra de ações. Ou seja, para as suas próprias aposentadorias, não as dos velhos.

Repito a palavra parte das contribuições, porque esta frase será esquecida pelos democratas.

Eles percebem que se perderem os anéis, poderão perder os dedos.

Bush teve a oposição de todos os democratas e muitos republicanos conservadores, que querem obviamente conservar suas aposentadorias pagas pela nova geração.

O mais vergonhoso é que a velha geração é a geração essencialmente democrata, do paz e amor, da geração do altruísmo, do tudo para o social.

A geração Keynesiana do viver de deficit hoje, porque no futuro estaremos todos mortos. Keynes nunca teve filhos, para dizer a tal frase.

Foi a geração que não leu a fábula da cigarra e da formiga, que não provisionou para o futuro.

Curioso é que Bush estava querendo beneficiar a nova geração, que é 99% anti Bush.

São os republicanos e não os democratas que querem impedir que a nova geração seja escrava tributária desta dívida de 40 trilhões a 120 trilhões aos mais velhos nos próximos 60 anos.

É muita grana para uma geração só.

Nem preciso entrar na discussão qual número usar, porque todas são impagáveis.

Quarenta trilhões é toda a riqueza acumulada nos EUA em 500 anos.

Impagável não significa que a dívida cai automaticamente de 40 a 120 trilhões para zero.

A velha geração americana vai atacar todas as propostas que vierem, como esta do Bush que não vingou.

Os jovens americanos serão obrigados a pagar o máximo que puderem, pelo menos 38 trilhões, ou 36 trilhões.

A que ponto ético chegaram os nossos jovens professores assistentes, nossos jovens presidentes de diretórios acadêmicos, nossos jovens jornalistas, todos estes que atacaram a proposta Bush como se fossem beneficiários de aposentadorias americanas.

Lula declarou na Frente Nacional de Prefeitos que “acabou o tempo em que o administrador público, de forma irresponsável, fazia dívida para a quinta geração, para o seu sucessor pagar. Acabou.“, disse Lula.

A velha geração americana entrará na história mundial pelo triste legado que deixa aos seus netos e bisnetos, eles que nunca lutaram contra a espoliação do homem pelo homem.

Talvez por isto não há nenhuma reação.

É o fim do império americano, e o fim do capitalismo e dos 40 trilhões de capital acumulados ao longo de 500 anos. Marx estava certo, mas pelas razões erradas. Quem acabou com o capitalismo foi o socialismo americano.

Acabaram com 400 anos de prosperidade para sustentar uma única geração.

 

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Comentários

2 respostas

  1. Perfeito Kanitz, um diagnóstico preciso da situação econômica americana. A realidade brasileira passa atualmente pelo mesmo caminho, infelizmente. O socialismo é o grande responsável pela tragédia econômica do mundo atual. Enquanto não se disseminar ideais LIBERAIS, calcadas no propriedade privada, na liberdade e na paz, não se inverterá estes danos. O pior é que quase não se vê luz no fim do túnel.

  2. Django
    Professor posso estar enganado mas o cidadão aposentado americano tem seu capital feito ao longo de sua vida aplicado em fundos rentáveis(com futuro certo ou incerto,eu não sei).Os afro descendentes e latinos ficarão com o Social Security e aí sera problema deles,mas tudo se arranja é só imprimir dólares e mandar para China e Brasil guardar como reserva, não serão dólares inflacionários.Outra coisa o professor sempre cita lulla, este foi o grande mal, ou talvez o maior deste país.Temos que resolver o imbróglio da Oi x Gamecorp com decisão obscura de governo,quem gerenciou isto não esta preocupado com aposentadoria.

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