O Fim dos Passarinhos

Um passarinho, voou para dentro da sala e não conseguia mais achar a saída de volta.

Ficou insistindo num vidro fechado que não tinha como abrir.

O estudante idealista parou o jogo de cartas.

-Precisamos ajudar o coitado do passarinho.

-Vocês vão parar o jogo só para ajudar um passarinho? disse o banqueiro.

-Claro que sim, ele precisa de mim.

E foi tentar agarrar o passarinho a todo custo, que obviamente fugia de toda tentativa de ser apanhado.

Escapou mais de cinco vezes, cada vez mais assustado.

– Posso dar uma sugestão, disse o administrador?

Por que você simplesmente não abre as duas outras janelas desta sala, dando maiores oportunidades para o passarinho achar uma passagem para fora?

-Ele já deve ter se metido em enrascadas destas antes, e por tentativa e erro ele achará eventualmente a saída certa.

O estudante idealista, pelo jeito gostou da ideia e abriu as duas janelas como sugerido.

Mas logo teve uma recaída.

– Isto vai demorar demais.  Aí pegou uma vassoura e começou a tentar induzir o pássaro a voar para a janela mais próxima.

Foi quando o pior aconteceu.

Já confuso e assustado, o pássaro voou com dupla velocidade e bateu no lustre no meio da sala, quebrou o pescoço e caiu como uma pedra.

O banqueiro estava certo. Se tivessem continuado o jogo o pássaro provavelmente estaria vivo.

O pássaro não pediu a ajuda de ninguém, e morreu pelo altruísmo de alguém bem intencionado, mas totalmente equivocado.

Esta é a grande diferença entre Administração e Gestão.

O gestor dá as cartas, as ordens, age pessoalmente em todas as situações, o administrador cria os instrumentos, empodera seus companheiros a acharem as soluções.

Por que intelectuais acham que todos nós passarinhos somos uns perfeitos idiotas, que precisamos da ajuda dos “Gestores” mais esclarecidos?

Mas o pior da tarde ainda estava por vir.

O estudante correu para o centro da sala, pegou o pássaro carinhosamente na mão e pediu para buscar um pouco de whisky.

O coitado achava que o pássaro estava simplesmente desacordado, e que o cheiro do whisky iria reanimá-lo.

Ele continuou com seu autoengano até o fim, e nenhum de nós teve a coragem de dizer que o pássaro estava morto.

Esta estória infelizmente é verdadeira, eu era a quarta mão neste jogo de cartas. Nunca vou me esquecer desta triste cena.

O estudante até hoje acha que o pássaro estava salvo e que seu altruísmo não foi em vão, como irão pensar para sempre os condenados do mensalão.

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Comentários

11 Responses

  1. Bela parábola.
    O livro mais vendido no mundo e seu personagem principal falava através das parábolas as histórias que contamos até hoje sobre exemplos de comportamento.
    Mais um belo artigo!

  2. Liberdade de ação. É disso que o ser humano mais precisa. Essa liberdade deve vir acompanhada de religiosidade, cultura e moral elevadas, que faz com que haja responsabilidade quanto as ações empreendidas. No entando o que mais se vê hoje em dia é a vontade dos que estudam as ciências humanas querendo “moldar” nosso comportamento, porém esquecem que somos todos diferentes em vários aspectos. Basta observar a degradação destes “três pilares” acima citado em nossa sociedade, como estão desmoronando. Sem eles ou com eles degradados, fica muito mais fácil dominar uma sociedade e implantar uma “ideologia”.

  3. Kanitz,
    me desculpe mas é um artigo/parábola escrito e/ou encomendado por um liberal radical e direita doente!
    Estaria certo se todos passarinhos fossem fortes e treinados para sair de uma situação desta.
    Até a genética do passarinho interferiria na capacidade do passarinho para escapar.
    Isto que é “tratar igual os desiguais”!
    E a recuperação em V, em vez de W, hein! Não comenta nada, né?
    Abcs

  4. Engraçado você falar em “liberdade de ação” e sugerir que a pessoa deva ser religiosa.
    Tem certeza que o senhor sabe o significado da palavra liberdade?

  5. Desculpe, mas só honestidade e moral, mesmo com pouca cultura, já bastariam para vivermos muiiiiiiiito melhor em qualquer lugar do mundo. E o final da história dá conta do que está acontecendo nestepaiz!!

  6. Ah, sim. A versão de “religiosidade, cultura e moral elevadas,” de uma determinada sociedade não é uma ideologia, imagine. Judeus perseguindo cristãos (já leu um livro chamado Bíblia?), cristãos perseguindo judeus, anglicanos perseguindo católicos, probicionistas e antiproibicionistas, federalistas e jeffersonianos criticando uns aos outros… Nada disso é idelogia, nada disso- e mais que remonta aos princípios dos tempos-tratava da imposição de ideologias: afinal só se trata de ideologia quando se trata de proteger os desvalidos. Mas claro: a “cultura” era elevadíssima quando não havia escolas públicas e os garotos iam para as minas de carvão,a “moral” era elevadíssima quando aos pobres sobravam os farrapos, a esmola, a forca e a prostituição e a “religiosidade” era uma beleza enquanto a Igreja era associada ao Estado para abençoar guerras. Ah, saudades da Era Vitoriana… Mas Mr. Scrooge não ficou parado, adaptou-se a nossos tempos, aprendeu uma palavrinha nova-para ele-para justificar sua insensibilidade,sua ganância e sua desonestidade: liberdade. Mr. Scrooge é um defensor incansável da liberdade do pobre de morrer de fome ou de qualquer doença facilmente prevenível ou curável, desde que não atravanque a calçada, claro.

  7. Professor …
    Uma porção do Livro
    “O sentido da Vida” – Editora Árvore da Vida

    Fala sobre passarinhos..(disponível na internet)

    O Inverno na Montanha

    Deixe-me contar uma história. Num determinado inverno, eu estava passando algum tempo no Monte Lu-shan, recuperando-me de uma enfermidade. Foi logo após a guerra e praticamente não vivia ninguém na montanha. Nos arredores
    de minha casa, o dia todo, dificilmente se podia ver uma pessoa. Sou uma pessoa quieta por natureza. Aquele ambiente me era muito atraente. Não apenas era silencioso lá em cima, como o clima também era frio. De manhã até o anoitecer, tudo o que eu via era um menino que vinha três vezes para trazer minhas refeições. De início, senti-me muito confortável. Mas depois de algum tempo, até mesmo uma pessoa como eu começou a sentir-se só.
    Um dia, depois do almoço, fui tirar uma soneca. Havia uma sacada do lado de fora da janela do meu quarto. Quando levantei, vi algumas criaturinhas em
    torno da sacada. Haviam caído migalhas da minha refeição e os
    passarinhos comiam-nas ativamente, chilreando em torno delas.
    Enquanto saltitavam, eles chilreavam e faziam um monte de ruídos de
    alegria. Disse para mim: “Muito bem, já que não posso encontrar nenhum ser humano, tentarei fazer amizade com esses passarinhos.”
    Levantei-me e fui saudá-los. Mas, num instante, todos voaram. Então, tive uma idéia. Peguei um pouco do arroz que sobrara e passei a colocá-los em
    fileiras, com uns poucos grãos na primeira fileira, aumentando
    gradualmente o número de grãos à medida que se aproximavam da
    porta de entrada. Escondi-me atrás da porta e observei-os vir. Eles
    logo se reuniram de novo. Eu disse: “É a minha oportunidade.”Saí para tentar fazer amizade com eles. Mas, assim que me viram, todos fugiram. Alguns se empuleiraram nos ramos da árvore ao lado da sacada e ficaram me olhando, como se estivessem tentando saber qual era a minha intenção. Cada vez que me
    aproximava deles, eles voavam; e cada vez que eu ia embora, eles voltavam. Isso repetiuse várias vezes.

    Grande demais

    Eu queria pregar para os pássaros. Ia dizer-lhes: “Passarinhos, não tenho nenhumaintenção especial em fazer isto. É inverno na montanha e a comida
    é escassa. Tenho comigo bastante comida e quero compartilhá-la
    com vocês. Acalmem-se e venham. Só lhes peço uma coisa: que comam
    e que eu possa sentar-me no meio de vocês. Quero ouvir suas canções
    e observar suas brincadeiras. Venham. Vamos ser amigos…” Mas
    os pássaros não vieram. Eles não me entendiam. Tive de desistir. Mais tarde
    tive certa percepção interior. Comecei a pregar para mim mesmo:
    “Esse meu corpo é muito grande. Se pudesse encolher-me, dos
    meus um metro e oitenta até o tamanho de um passarinho, e até mesmo
    transformar-me num passarinho, eles não se assustariam com a minha
    presença. Então eu poderia contar-lhes a intenção do meu coração,
    e poderíamos passar os invernos juntos aqui no Monte Lushan”.

    Deus Tem de Tornar-se Igual a Nós

    Hoje temos um problema parecido. Se Deus continuar Deus, nunca poderemos entendê-lo. Se Ele nos falar na Sua língua, estaremos totalmente perdidos. Se Deus quer revelar-se pela linguagem oral e ter comunhão com o homem, Ele deve encolher-se a tal ponto que Ele e o homem tornem-se iguais. Somente
    assim Ele será capaz de falar a nós e contar a respeito de Si mesmo
    e dos mistérios do universo. Somente assim seremos capazes de
    entendê-lo.

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