Como a advocacia, a medicina, a engenharia, o jornalismo, todos fazem parte das chamadas profissões liberais.
Foram os primeiros a adotarem o individualismo e o liberalismo como ideologia.
Por serem na maioria donos de si mesmos, trabalham sozinhos, essas profissões querem um Estado que lhes deixe em paz.
Um Estado “mínimo” que lhes permita trabalharem sem amarras.
Conservadores querem um Estado que lhes proteja da ditadura da maioria, que conserve o patrimônio das famílias que controlam empresas.
Trabalhadores chão de fábrica, hoje somente 10% da população, querem salários iguais, independente do que produzem.
“Para cada um, segundo suas necessidades de consumo.”
Querem que os salários de seus colegas contadores, supervisores, vendedores, advogados, operadores logísticos sejam redistribuídos. Para eles.
Política, para um administrador, é puro jogo de interesses classista.
Ideologias são no fundo narrativas criadas para justificar os interesses ou ganância classista.
Ciência Política não é “ciência”, é a justificativa do grupo que quer defender seus interesses. Natural que seja assim.
Por que então nossos jornalistas são quase todos iliberais?
Por que querem um Estado forte e opressor, que taxe a classe média em 50% e nada lhes dê em troca?
Meu amigo Rodrigo era o pipoqueiro que ficava na frente da Escola de Comunicação e Jornalismo da USP, que fica ao lado da Escola de Economia.
Ele depende para sobreviver do seu “capital”, o carrinho.
É ele que compra o insumo no livre mercado, que é a pipoca.
Ele sabe que precisa agradar individualmente cada um de seus clientes, que nesse caso serão esses futuros jornalistas.
Ele também precisa entender de matemática e não só de redação, para sempre ter troco, sal, óleo e dinheiro para os dias de chuva.
Rodrigo morre de medo de uma semana de chuva onde sua renda cai pela metade.
Ele também morre de medo de uma greve de professores da ECA, porque eles iriam receber os dias parados do Estado que tanto defendem, ele não.
Nessa pandemia Rodrigo percebeu que nenhum dos professores lhe deu dinheiro para sobreviver, ele que sempre esteve lá quando queriam pipoca.
Nessa seus professores são liberais, só dão dinheiro se Rodrigo der pipoca em troca, como reza o livre mercado.
Solidariedade, redistribuição da renda, compaixão com os mais pobres? Nem pensar!
O Acácio era outro conhecido formado pela ECA, e que trabalha na Folha.
Nem percebe a contradição ideológica de trabalhar numa empresa capitalista, e não numa Ong, cooperativa, hospital beneficente, sendo seu assessor de imprensa.
Acácio nem percebe que ele trabalha duro para gerar lucro somente para uma única família privilegiada e endinheirada.
Para Acácio, o termo “dar o troco” significa difamar um desafeto.
Ao contrário do Acácio, Rodrigo recebe diretamente de seu leitor.
Acácio não sabe, nem quer saber, se a “pipoca” que ele fornece é de péssima qualidade ou não.
Acácio nunca pede desculpas quando erra, Rodrigo sempre troca a pipoca que sai queimada.
Acácio recebe seu salário faça sol, faça chuva, se tiver notícia para dar ou não.
Rodrigo não, no inverno ele ganha menos porque vende menos pipoca, sazonalidade do mercado.
Rodrigo é basicamente feliz.
Todo dia ele volta para casa sabendo que agradou seus clientes, que caçou o leão. Pesquisa comprovada pelo Instituto Mercado Popular.
Acácio, não.
Vive revoltado, raivoso, frustrado com tudo e com todos, percebe-se isso claramente nos seus textos diários.
Acácio, por favor, nos explique essa sua contradição.
10 respostas
Professor, será mesmo que o Rodrigo é mais feliz que o Acácio? Números n traduzem a realidade de coisas inexatas. Não é só vender pipoca, é ir ao mercado comprar o milho, é insegurança da mulher reclamando quando a renda cai, o aumento de brigas, etc… Infelizmente ou felizmente, o mundo não é preto e branco.
A parábola viva cumpre seu papel de expor a condição dos homens… Uns em liberdade e mérito, outros peças das máquinas do mais feio dos monstros, em constante movimento, esta máquina faz parecer que o modo de vida dos que lutam por si, são erros a ser substituído por um sistema que lhes garanta tudo sem que tenham que exercer sua liberdade e individualidade, dignidade e honra… Pois o mais frio dos monstros do sistema socialista deificado pelo desmanche das mentes, é apresentado como o lugar natural dos homens que somente necessitam de ração…
A maioria dos jornalistas tem um viés socialistas, defendem que o Estado seja o tutor da sociedade. No entanto, esse mesmo jornalista, trabalha por um salário que o seu patrão capitalista paga. Essa é a frustração e a revolta inconsciente desse jornalista. Infelizmente o mundo tende a ser unicamente socialista. Haverá poucas iniciativas empreendedoras e quando houver serão destruídas.
Parabéns, Professor!!!
Mais um belíssimo artigo que explica quem é a favor do progresso e quem é egoísta e planta apenas o fracasso. A esquerda odeia a meritocracia!
Professor, eu o sigo desde os tempos da Veja, lá pelos anos ’70. Nós Contadores (os estudiosos)sabemos o que é o Capitalismo. Não existe nada de graça. Só a criação de utilidades gera riqueza. Essa história de terceiro setor, de serviços, vive da riqueza gerada pelos produtores. Parasitas. A China invadiu o mundo com ‘produtos’, não com ‘serviços’. Aqui, abre aspas: e Singapura, que vive de serviços? Parasitas bem instalados! Conheci muitas casas da luz vermelha que corriam muito dinheiro. Desculpe professor, maior respeito.
Gostaria de saber de que pesquisa você tirou esses dados !
É claro que esses nomes são fictícios o que torna esse texto irresponsável e leviano.
Os professores e alunos não fazem vaquinhas ? Posso te mostrar
Vários casos em diversas universidades ! Ajudam os livreiros e muita gente Seu cotidiano. .
Sobre jornalistas não pedirem desculpas …
Bem faz parte do código de ética da profissão dar o
Mesmo espaço para a pessoa que comprovar que estava errada.
Os jornalistas também são obrigados a mostrar de qual pesquisa
Se tirou a informação quando procuram uma personagem para
Ilustrar o fato.
Você poderia me dizer qual a pesquisa e onde mora
Acácio ?
Parabéns! No Brasil pior emprego, é ser patrão!
Maravilhosa narrativa que explicita de forma muito simples toda teoria do caos ideológico que vivemos.
Parabéns pelo artigo!
A gente constata sempre ao observar a opinião de jornalistas esses sentimentos de revolta contra o ambiente dos negócios. Eles escolheram uma bonita profissão numa época de romantismo juvenil, mas viram depois que teriam que mostrar serviço e fazer o que os donos de jornal exigem. A suas frustrações aumentam ao receberem a tempestade de pregação esquerdista nas Universidades. Cabe dizer também que não só jornalistas que recebem a pregação esquerdista e freiriana. As profissões também. Algumas são mais suscetíveis, as que tem matérias de humanas.
Bom Dia !
Por gentileza, sugiro re-publicar seu artigo “O Grande erro da Ditadura Militar”no Jornal da Cidade Online e/ou em outros. O assunto cai como uma luva no momento político atual.
Um forte abraço,
Ivan