Estamos na era da informação, nunca precisamos de tanta informação para entender o mundo de hoje.
Mas o que recebemos da velha mídia é um monte de fatos inúteis que vou chamar de ruído, só atrapalha.
Há 20 anos cruzei com uma definição de Informação, que achei útil e uso até hoje.
Informação é tudo aquilo que muda o meu comportamento futuro. O resto é ruído.
Usei muito essa definição quando escrevia para a Veja, e explica artigos sobre “Como Manter Um Casamento”, escritos por um administrador que poderia estar escrevendo sobre os últimos resultados da Metalúrgica Gerdau.
Veja a enorme diferença: nem 1% dos leitores trabalha ou tem ações da Gerdau, e nem seria essa matéria que mudaria o comportamento de quem a lê, tipo mudar de emprego ou vender as ações.
Mas já recebi dezenas de cartas de leitores que recortaram o artigo, além dos casais que voltaram a viver com as esposas ou maridos, separados que estavam. Isto para o jornalista e colunista gera enorme satisfação.
Aliás, quase todos os artigos que escrevo têm como objetivo mudar o comportamento dos leitores, porque é esta a minha definição de informação.
Colocar em manchete que “Avião Cai na Índia Matando 12 Pessoas“, não modificará o comportamento de ninguém, a não ser da família do brasileiro que estava no avião, que neste caso não havia.
Para 190 milhões de Brasileiros esta “informação jornalística” não mudará o comportamento de ninguém. Ninguém deixará de pegar um avião ou de ir para a Índia.
É desperdício de tempo, jornal, árvores e espaço para informações mais relevantes.
Leia atentamente o jornal ou revista que você assina. Veja que notícias do dia ou da semana realmente mudaram o seu comportamento ou sua visão do mundo.
A nova mídia, que neste caso acho que será o Twitter, o Paper.li e o Flipboard, já mostram o que sempre defendi.
Os twiteiros mais seguidos são os de Frases, um tipo de autoajuda que de fato pretende mudar o comportamento das pessoas.
São as minhas frases que são mais ReTwitadas, não minhas análises profundas. E, a frase “Não São Os Grandes Planos Que Dão Certo Na Vida, São Os Pequenos Detalhes” é repassada todo dia, há anos.
A velha imprensa não tem nada disto.
Triste, porque o Poor Richard’s Almanac, um dos primeiros jornais do mundo, era recheado por aforismos do Benjamin Franklin que perduram até hoje, e ajudam a mudar o nosso comportamento.
Portanto, cuidado com o chamado “conteúdo” e “informação”.
Daqui 200 anos ninguém vai citar ninguém, se continuarem a só republicar ruído.
Sigam @stephenkanitz se quiserem informação. hehe.
10 respostas
Ué, é o que vende e geram divisas para um jornal.
Só ver o sucesso que Datena, Big Brother e tantos outros programas e músicas fazem.
Para um administrador que se preze tem que escrever o que seu público alvo quer comprar. Dá mesma forma que um artigo de casamento fez sucesso na Revista veja. Será que o mesmo teria feito o mesmo sucesso numa revista Capricho, onde o público é jovem e solteiro ou numa revista de video games ou esportes?
Concordo com a definição de informação, embora proponha o acréssimo: Informação é tudo aquilo que muda,positiva ou negativamente, o meu comportamento futuro. Ruído seria essa informação negativa. É muito complicado acreditar que, mesmo quando se decide não fazer nada após um dado tipo de informação, não se entenda que isso é também uma tomada de atitude ou que aquilo outrora lido não seja informação.
Caro Kanitz,
Tem o ditado “água mole, pedra dura, tanto bate até que fura”, pois bem, esses ruídos interferiram tanto ao longo dos tempos em detrimento da informação (sem generalizar é claro) que é só fazermos uma leitura da nossa educação no tempo presente. Tanto nos encheram ao longo do tempo com coisas que não leva a nada e a lugar nenhum, que teremos mais 20 anos para tentar corrigir os rumos de tantos desacertos. São ruídos de toda ordem, sua somatória desorganiza tudo. Informação e ruído, vejo que as academias terão que se mostrar e ocupar mais espaços, dar a cara prá bater, porque a pedra está furando.
Não dê a eles o que querem, dê a eles o que precisam…
Kanitz, discordo completamente do exemplo que vc deu para reforçar sua idéia.
É ótimo que grandes acidentes sejam noticiados com grande destaque. Isso serve para que sejam evitados com mais empenho. Serve para que a cias aéreas, por exemplo, fiquem envergonhadas ao extremo a cada desastre, já que esse tipo de evento costuma ceifar centenas de vidas (diferente de acidentes de carro).
Desde a faculdade venho tentando encontrar uma resposta pro meu súbito desencanto com o jornalismo: Essa coisa de navegar em um portal, terminar de ler um jornal e continuar tão desinformada quanto antes, sem nenhuma esperança ou inspiração nova. Eis que, finalmente, alguém conseguiu traduzir o que eu não conseguia explicar.
Compartilhei esse artigo com uma amiga e ela ponderou que o exemplo da auto-ajuda não foi muito feliz, e eu concordo com ela… Mas se considerar que auto-ajuda é tudo aquilo q te ajuda pq você se identifica e se modifica… Pode ser qualquer coisa, qualquer tema! DESDE QUE SEJA RELEVANTE e não apenas alimente os instintos vazios do ser humano.
Lembrei-me agora de um texto de Montaigne (Ensaios):
“Das vãs sutilezas
Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (…) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que, com tamanha habilidade, atirava um grão de alpiste e o fazia passar pelo buraco de uma agulha, sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si.”
Você acaba de dar a conjunção que eu precisava pra minha tese de mestrado. Muito obrigada!
A mídia sensacionalista sempre esteve e sempre estará presente, cabe a cada um ler aquilo que cabe para si. A impressão que tenho é que existe pessoas que gostam de ver e ler tragédias. Coisa que não ajuda em nada.
legal, essa matéria mudou meu comportamento futuro…
Os meios de informação têm de veicular tudo; informações relevantes que nos sejam úteis e também futilidades. Cabe a cada um garimpar o que lhe seja de serventia. Seria extremamente chato abrir um jornal e ver só informação útil.Há necessidade de matérias que apenas divirtam.
Quanto ao acidente de avião, o mestre foi infeliz;essa informação é de extrema utilidade. Só com a divulgação de falhas é que se pode corrigir e forçar as empresas aéreas a melhorarem a segurança.
Belo ponto de vista. haja paciência pra se livrar de tanto ruído.