Ganância ou a Lei do Mínimo Esforço?

Muitos intelectuais acham que o Brasil é regido pela Lei do Mínimo Esforço.

Todo mundo quer um emprego público, garantido, sem chefe, sem metas, sem pressão para reduzir custos ou gerar lucro.

Essa atitude não é gerida pela Ganância acima de tudo, muito pelo contrário.

Todo mundo, inclusive nos Estados Unidos, quer uma boquinha, como por exemplo, poder ganhar mais do que produziu, o que talvez seja essa a origem do termo ganância.

Ganhar mais do que se produziu.

Mas o objetivo por trás disso não é Ganhar Mais, e sim se Esforçar Menos.

Nós, administradores, já sofremos muito com esta acusação de ganância, porque no fundo, a verdade é justamente o contrário.

O próprio termo Negócio, significa negação do ócio, a negação da Lei do Mínimo Esforço.

E infelizmente são justamente aqueles que criticam o livre mercado e os negócios, os que mais vivem da Lei do Mínimo Esforço.

A tradução em inglês, Business, significa a mesma coisa, ou seja, o esforço e não a ganância.

Eu estou busy significa que estou ocupado fazendo algo, e não que estou fazendo nada.

A Lei a ser combatida é a Lei do Mínimo Esforço, que foi criada há 10.000 anos com o advento da Agricultura.

Em vez de trabalharem e plantarem, surgiram, infelizmente, os predadores e aproveitadores sociais.

Membros da sociedade que preferem ou precisam viver do trabalho dos outros, maximizando não o Lucro e a Ganância, mas a Lei do Mínimo Esforço.

Posso pontuar alguns exemplos de como se fazer isto:

roubar;

promover a corrupção;

fomentar o crime organizado;

enganar os outros; e

o mais eficiente de todos, criar impostos democraticamente, e em seguida rastrear, controlar e tomar para si 40% da produção dos outros.

Jared Diamond, no seu livro Guns, Germs and Steel, relata este fenômeno como o Crescimento das Kleptocracias, dos indivíduos e dos grupos da sociedade especializados em tirar dinheiro dos demais.

“O grande perigo da Civilização Ocidental é como estes grupos se alastraram e tomaram conta de nossas vidas dia após dia”.

Veja o que ocorreu no berço da Civilização Ocidental, a Grécia de hoje. 

É assustador ler as inúmeras formas lógicas e bem estruturadas ensinadas nas Faculdades para nos convencer a tirar o dinheiro do nosso bolso altruisticamente e entregar a outrem, sem obter nada em troca.

Tudo isto com apelos a filantropia ou a cidadania, como: “É dando que se recebe”, “por amor a Deus”, “por uma causa nobre”, “solidariedade humana”, até o grito atual do Obama “vamos tirar dos ricos”, entre outros.

Pelo menos os ladrões, corruptos e salafrários assumem serem predadores sociais descaradamente.

Entre ladrões não há aquela hipocrisia racional e científica que outros grupos usam para justificar a mesma coisa.

“É tirar dos ricos mesmo, meu chapa. Por que não? Eles não precisam.”  

Os grupos de predadores sociais são inúmeros e nem sempre tão óbvios.

Incluem os espertos, os sedutores, os enganadores, os falsos, que usam vários artifícios para lhe devolver muito menos do que você pagou.

E aí tem até administradores, empresários, empresas, repartições públicas, ongs, igrejas, escolas, universidades…

O Prof. Delfim Netto foi honesto quando criou como símbolo da Receita o Leão, o predador mor, que lhe comerá se você não pagar os impostos.

Não há valor humano mais cultuado pelos intelectuais e os poetas do que o altruísmo e a solidariedade.

Isso nos torna presas fáceis ao culto da Lei do Mínimo Esforço da qual eles são mestres.

Impedir a proliferação de predadores sociais tem sido uma preocupação constante de filósofos, religiosos e cientistas políticos de antigamente.

É a literatura inicial do socialismo de Marx e do liberalismo contra tiranos, ditadores, monarcas e classes dominantes.

Importante destacar que as religiões foram as primeiras a tentar coibir o predador social.

“Não mentirás, não roubarás a propriedade alheia, não matarás, não enganarás, não cobiçarás a propriedade pública nem privada, não usarás o nome de Deus no seu marketing social”, foram os primeiros mandamentos.

Mais importante ainda, em todas as religiões Deus é onisciente.

Ele sabe que você está roubando.

E Ele irá lhe punir, mesmo que nós, da sociedade, não o façamos.

Pena que muitas religiões esqueceram a natureza de sua origem existencial.

Administradores são constantes farejadores de custos desnecessários e pessoas que pouco contribuem para o bem estar dos outros.

Por isto, o proprietário e o administrador são sempre odiados pelos predadores e os corpos moles.

A ciência da Administração criou sistemas com auditorias internas e externas, contabilidade de custos, controle e fiscalização e o sistema de preços, tudo com o objetivo de reduzir o nefasto parasitismo social e a lei do mínimo esforço.

Temo que os predadores estão crescendo cada vez mais em número e voracidade.

Pesquisem por si e tirem as suas próprias conclusões.

Eu espero estar errado, e, a quem me convencer do contrário, eu agradeço.

Que Deus nos ajude!

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Comentários

11 Responses

  1. Ok vc é o dono do blog que adorava “O Brasil que dá certo” . Como é mesmo? Como está dando certo não precisa mais do blog. È isso que eu entendo.
    Lógico que para pensar temos que ver os dois lados das decisões, comportamento, caráter, oposição e situação, Estado e mercado, etc.
    Como estabelecer na dinâmica do cotidiano essa dialética; mínimo esforço ou ganância Não seria melhor mínimo esforço e/ou ganância?
    Veja há muitos anos, pasme, o Frias da FSP publicara um artigo e explicava mais ou menos como a seguir de que negocio é a negação do ócio. Por conta da morte de um filosofo belga o ultimo que ainda era socialista. Eu conclui que o negocio vencera o ócio. Que o negocio, mesmo o financeiro encontra formas de prevalecer custe o que custar.
    O trecho que tirei pelo Google:
    “Scholé, palavra grega que designa “lugar do ócio”. Palavra que deu origem àquela que, ao se traduzir, transformou-se em Escola. Relação necessária estabelece-se, então, entre escola e ócio. Não ao ócio como é concebido hoje: sinônimo de desocupação, do ato de não fazer nada ou da condição de preguiça assumida pelo indivíduo”
    Quem ler o Millor vai constatar que ele escreve; “Fim com ele, leonliberalismo” “Esses leões entravam na arena para perseguir, mutilar e devorar os pobres os famintos e os cristãos. Nunca se viu um leão comendo um Jader Barbalho. Ou um Paulo Maluf pelo menos”
    Enfim Millor é contra o Leão pois digamos que os gananciosos não pagam impostos.
    Paradoxo é um rico Palocci que foi acusado de enriquecer rapidamente por consultorias (nada mais que palavras que o pagador queria ouvir) e foi “pego” por ter declarado os ganhos.
    Então insinuar que o ser humano, mormente o pobre como disse o Millor, possa ser exemplo de preferir o mínimo esforço e como tal “culpado” da sua situação econômica e social, para mim é justificação para a liberdade do egoísmo humano.
    Alias há uma filosofia austríaca-holandesa, que diz ser a questão do “proveito próprio” o drama econômico da evolução. Nunca tive aptidão para negócios.
    Chi escrevi demais!!!!!

  2. Embora eu abomine os gananciosos e predadores sociais, a “Lei do Esforço Mínimo” explica o desenvolvimento da humanidade. Não há nada de errado com ela. A falta de valores morais é o que explica a ganância.
    Em seu texto você falha ao não fazer distinção entre esforço físico e mental. Falha também ao deixar implícito que, por não ser um predador social, você produz mais do ganha… Quanta pretensão!
    Se o homem não tivesse a característica de buscar o esforço mínimo, estaríamos na Idade da Pedra. Começamos criando máquinas para reduzir o esforço físico humano. Hoje, criamos máquinas e softwares que nos poupam esforço mental. Isso é magnífico.
    No fundo, tudo o que o homem quer é se dedicar às coisas que ele gosta de fazer. Aqueles que preferem o ócio o fazem apenas porque ainda não descobriram o que querem, e são nobres o bastante para não se sujeitar às bitolas que o tal do administrador quer lhe impor. E tem mais: lazer não é ócio, é vocação humana.
    Viva a Lei do Mínimo Esforço!
    “Não sois máquina, homem é o que sois” (C.Chaplin)

  3. Sobre o comentário de Miguel Bichara…
    Achei interessante a sua abordagem sobre o lado positivo e impulsionador de mudanças sociais que advem da ” Lei do mínimo esforço”, até porque realmente o homem busca mais tempo para si e acho que todos sentem o mesmo. Contudo, restringindo a sua aplicação ao trabalho, que deve ser construtivo e meio de contribuição social, não acho essa “lei” interessante. Que o trabalhador tente escolher (se isso lhe for possível) trabalhar sobre algo que goste, conciliando os dois aspectos e não descontando a sua frustração profissional sobre a sociedade. * Caso o trabalhador seja impelido por seu meio social à condições que desgoste, aí a conversa é outra, cheia de relativizações. Talvez estejamos em uma época em que os predadores socias afloram mais expressivamente por todos os lados, justamente porque o tempo tornou-se mercadoria e sinônimo de produção, de modo que por ser comprado pela necessidade de sobreviver ou lucrar, torna-se escasso para seu próprio dono. Não que isso justifique o predatismo, mas quem sabe ele esteja tão em alta também por isso.

  4. Prezado Kanitz
    O ponto de vista expresso no artigo é interessante, ao tempo em que parabenizo pela iniciativa.
    Quanto a comparar ganância com a “lei do mínimo esforço” talvez seja pertinente se entendermos que a ganância seja um intervalo de aplicação da “lei do mínimo esforço”, pois também acredito que faz parte de uma hipotética curva de comportamento dessa “lei”, a racionalização, a busca por catalizadores, ou a busca pelas essências: fenômenos que buscam gerar mais resultado com menos recurso. Logo, é de supor que em toda a extensão dessa “lei” poderá haver partes positivas e partes negativas. Então compete a sociedade (nós) utilizarmos a parte útil ao chamado “bem comum” e nesse ponto seu artigo é perfeito, pois critica a parte da lei que denominas ganância. Contudo entendemos que colocar à execração a lei em toda a sua extensão seja inapropriado.
    Talvez devamos um diferença entre a “lei do mínimo esforço” com a “lei do menor esforço”.

  5. Prezado Kanitz,
    para mudar de opinião leia o seguinte:
    – “Ócio Criativo”
    – “Trabalhe 4 horas por semana”
    E sobre predadores sociais… 4 a 5% da população mundial sofre de disturbios mentais em graus diferentes relacionados à psicopatia social, independentemente de área de atuação.
    Uma lei da natureza: para toda distorção à uma compensação.
    Os normais que estiverem sob efeito do ócio irão ao naturalmente tentar produzir algo de valor. Os sociopatas não…
    Os sistemas de governo são lentos (incluindo tributação, leis e etc), mas estão em constante evolução e levam mais tempo do que gostaríamos (mas estão indo conforme caminha a sociedade)…

  6. Quando li o título, por um momento, achei que existia a consciência sobre a teoria do esforço mínimo descrita e estudada por Zipf.
    Em seu livro sobre o comportamento humano e o esforço mínimo, ele descreve que a lei do esforço mínimo está relacionado diretamente aos objetivos dos seres. Ou seja, se meu objetivo é usurpar, procurarei o melhor meio de fazer isto, se meu objetivo é fazer negócios, também procurarei o melhor caminho para fazer isto, sempre minimizando o esforço. Afinal qual o empresário que gosta de chegar aos seus objetivos pelo caminho mais complicado, se existe um melhor?
    Enfim o que eu penso é que o problema não é a lei do esforço mínimo ou se predadores se aproveitam dos outros, mas sim os nossos objetivos. O problema é o fato de alguns seres humanos escolherem como seus objetivos não serem produtivos e outros sim.

  7. Artigo bastante pertinente. Valorar de forma correta também é uma forma de justiça. Como exemplo: as organizações que executam uma boa contabilidade de custos conseguem valorar mais adequadamente as coisas. Pena que nem todos conseguem interpretar corretamente o texto.

  8. A lei do menor esforço é um dos pilares da evolução da humanidade. Se você descobriu que pode percorrer um caminho em menos tempo, de maneira mais eficiente, e com menos esforço, você não faria isso? Não preferiria usar um carro ao invés de ir a pé? Isso o torna menos competente, mesmo que o torne mais eficaz? Se você distribui ordens a funcionários e evita que você tenha que fazer o trabalho deles, isso também não é uma aplicação dessa lei?

    Vai chegar uma hora em que não vai haver muito o que a humanidade precise fazer para garantir sua sobrevivência, ou mesmo o seu próprio conforto. A informática e os robôs estão aí tomando o lugar de muitos empregos, e muitos vão precisar ser “preguiçosos que não trabalham”, e viverão sustentados pelos poucos que ainda trabalham, como crianças e seus pais.

    No momento que todos que trabalham não precisarem mais trabalhar, então algum outro método precisará haver para definir quanto de renda cada pessoa recebe. Talvez signifique que só sobrem atividades artísticas para serem recompensadas, e assim o capitalismo continuará existindo, onde os mais ricos são os que vendem mais arte.

    Enfim, eu poderia continuar teorizando mais e mais, mas o ponto é que nem toda vez que há menor esforço, há algo ruim. As vezes é mais eficiência, e as vezes é consequência do meio.

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