As Redes Sociais Estão nos Destruindo

Um dos problemas do mundo moderno é que o Twitter, Instagram, Telegram, Facebook permitiram todo mundo escrever algo.

Isso não acontecia 10 anos atrás, quando só se escrevia “algo” num livro, num artigo científico “peer reviewed”, ou quando convidado a ser colunista de um jornal.

Quando se emitia uma “opinião” era fruto de anos de estudo, dados científicos e muita observação.

Uma “opinião” é somente isso, uma.

Para ter algum valor tem que ser somada com mais 2.000 “opiniões”, como nas pesquisas de opinião.

Um amigo várias vezes me interrompeu: “não quero sua opinião, quero sua experiência”.

Isso é interessante, todo mundo tem experiências que pode contar.

Prefiro sempre um relato para eu formar uma opinião, do que uma opinião de outro que não sei como foi formada.

Fico abismado quando vejo 13.000 comentários de um texto nas redes sociais de alguém famoso.

Você realmente acha que ele ou alguém vai ler a sua “opinião”, que você realmente contribuiu algo com sua “opinião”?

Quando alguém terminar ou começar uma discussão dizendo que ele tem direito a uma opinião, pergunte por quê?

Estudou o assunto, escreveu um livro, fez uma pesquisa?

Pior, as redes sociais estão criando milhares de pessoas arrogantes, polarizadas, agressivas, mais burras, porque todos acham que possuem “direito a uma opinião”.

E ficam esperando uma gratificação instantânea que é um like. Isso se tornou um vício, até eu caí nessa.

Muito do que se diz “fake news” é fruto da arrogância e de opiniões mal embasadas, tiradas da cabeça.

Por isso as redes sociais se tornaram um vício perigoso, gente gastando horas e horas emitindo suas “opiniões”.

Pior, não dá mais para discutir cientificamente nada, “mas essa não é minha opinião” vem como resposta.

“Eu fico com a minha opinião, você fica com a sua”, não é científico.

A gente discute justamente porque você vem com uma “opinião” equivocada e vai prejudicar a si e ao mundo.

Tudo começou com a carta da Declaração Universal dos Direitos Humanos artigo 19.

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião.”

Se você não concorda, pense nisso. “Quantas opiniões brilhantes e pertinentes você acha que um gênio emite por dia?”

Portanto pare de correr atrás de um like, ter uma opinião bem embasada é o que está faltando no mundo atual, por isso minha preocupação com Think Tanks.

Essas opiniões eu levo a sério, são opiniões seriamente estudadas.

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Comentários

13 Responses

  1. penso que eh melhor ter liberdade de escrever qualquer coisa, mesmo que quem leia tenha que fazer um razoavel esforco para analizar. a alternativa eh ter uma unica fonte de informacao somente de “iluminados” que sabem o que eh melhor para mim do que eu mesmo, e o problema eh sempre o mesmo, quem determina os “iluminados”. filme antigo. estamos numa nova realidade e do ponto de vista de liberdade em geral, muitissimo melhor que em toda nossa historia. nao podemos jogar isso fora porque 98% fala bobagens dependendo da avaliacao de quem le. para isto, pensamento critico proprio eh fundamental e humildade que segure o ego sao extremamente relevantes. tudo colocado na mesa ha comportamentos sociais muitissimo piores, mas como minha esposa diz, melhor ouvir bobagens que ser surdo

    1. Penso que tem razão, porém, parcialmente, pois, falar qualquer coisa nas redes ou em roda de amigos é direito de qualquer um, tal como dirigir um veículo. Contudo, há que se considerar que se você alcoolizado dirigir um veículo irá colocar em risco a vida de várias pessoas (quanto à sua vida é opção própria).
      Nessa mesma trilha, suponhamos que você critique as vacinas para a Covid usando afirmações infundas com fins meramente político-partidário e isso leve várias pessoas a não se vacinarem causando a morte de uma delas.
      Pergunta: você é ou não responsável pela morte ocorrida?

      1. Então, acredito que nesse caso o problema não seja a liberdade de se emitir opiniões em si, mas o potencial destrutivo que elas podem alcançar através das redes sociais.

        Também prefiro ter acesso a várias fontes de informação, do que a opiniões vindas através de um “filtro” dos “iluminados”.

      2. Essa atitude de paternalismo que se espalhou por boa parte do mundo, exatamente pelas mesmas “fakes” que incomodam você e muitas pessoas, subliminarmente ou não, pressupõe que as pessoas não estão capacitadas a tomar certas decisões, tal qual crianças ou incapacitados, e que precisam de um adulto “expert” para mostrar “o caminho”.

        Se eu preciso tomar uma decisão importante e estou confuso, eu mesmo vou procurar um expert para me auxiliar, e aqui posso falar tanto em assuntos médicos, legais, em qualquer outra área que eu precise. Mas certamente eu sou responsável pelos meus atos.

        Agora, alguém se autonomear um expert e eu simplesmente aceitar sua opinião simplesmente porque mais pessoas aceitam, significa que eu não consigo tem pensamento crítico próprio e isso sim mata.

        Medicina tem fortes alicerces científicos, mas na prática é uma ciência estatística longe de ser exata, pelos simples fatos que o impacto que uma doença afeta diferentemente os pacientes porque eles são diferentes mesmo tendo semelhanças e que é comum a existência de divergências entre médicos. Quando um médico propõe algum tratamento que ele honestamente entende que é o mais apropriado ao caso, ele sabe que sempre há o risco de o mesmo não só não funcionar como de ainda prejudicar a saúde do paciente. O paciente por sua vez tem a responsabilidade de avaliar se segue a recomendação ou procura alternativas. O paciente é responsável.

        Não sou contra vacinas, já que tomei 3 até agora assim como minha família, mas claramente eu tinha claro o risco de ser prejudicial e, no entanto, decidi aproveitar os potenciais benefícios como mais importantes. Ninguém decidiu por mim e não aceitaria de outra forma.

        Concluindo, aceitar simplesmente a opinião dos outros na base do rebanho e agir de acordo, requer menos esforço da minha parte e gera bem menos stress, mas continua sendo minha a responsabilidade. Decidir o que falso ou verdadeiro eh meu problema e eu não terceirizo.

    2. Concordo plenamente. As redes sociais são a praça pública moderna. Não podemos nos apegar aos efeitos colaterais e desprezar o benefício monumental propiciado pela liberdade de expressão.

  2. Extendo a observação para a “liberdade” nas teclas com o pouco, ou total ausência, do freio moral ao se trazer a público a opinião de forma impensada, sem qualquer reflexão em mensurar as suas consequências.
    Destaco com atenção a frase:
    “Quando se emitia uma “opinião” era fruto de anos de estudo, dados científicos e muita observação.”
    Um grande amigo, da geração baby boomer, me ensinou uma lição valiosíssima que, embora seja o básico do básico, evita quaisquer transtornos: antes de enviar qualquer coisa importante ou que vai impactar outras pessoas (carta, email, escrita, etc), não escreva e envie em seguida. Páre, vai dar uma volta, tomar uma água, olha a janela, o que for. Quando você voltar ao seu bureau de trabalho, releia a mesma escrita e veja se ainda assim enviaria.
    Simples, básico, mas que evita um imenso transtorno. A sua opinião enquanto contigo ela é sua. Mas quando externado, passa a ser de todos.

  3. O cara não entendeu. Ótima reflexão!

    Como podemos, depois de tantos avanços como civilização, tecnologias e acesso a informação, nos tornar tão ignorantes a ponto de idolatrarmos pessoas pelo número de seguidores numa rede social?

    Uma interação que ocorre no meio digital, ou seja, num ambiente artificialmente criado para nos facilitar a vida e nao substituir.

    Com o smartphone, as pessoas mudaram a maneira de interagir e isso trouxe uma inversão de valores que reflete no comportamento da sociedade brasileira em geral, como fora sutilmente referido no texto.

    Nem tudo precisa mudar, tem muita coisa boa que já construímos como civilização e sociedade. Gênios cada vez menos vivem entre nós e precisamos deles para inspirar uma nova geração de idealizadores e empreendedores disruptivos.

    Confesso que fico assustado ao pensar no tipo de notícia que vai sair, quando o metaverso acontecer.

  4. Olá Professor,

    Eu sempre compartilho seus artigos no facebook mas esse não poderei compartilhar porque posso bloqueado por três dias pela centésima vez.
    Mas vou compartilhar no zap zap, afinal tenho alguns contatos com quem podemos trocar ideias e compartilhar coisas interessantes.
    Os comentários acima mostram que leram e não gsotaram porque estão viciados em redes sociais e acham que isso é a melhor coisa do mundo
    As as pessoas não gostam de opiniões que contrariem seus “ponto de vista”, como ocorreu com este vídeo que fiz para o programa Conversando sobre Contabilidade.
    Postei no Youtube e tive uma dezenas likes e o mais impressionante que enviei por e-mail para 500 (quinhentos) Contadores e não recebi sequer um comentário.
    Será que pisei no calo deles?
    https://www.youtube.com/watch?v=x8VUPrvURkg

  5. Prezado Kanitz, gosto e respeito muito seus pareceres e “opiniões”, mas desta vez tenho algumas ressalvas! Para começar, para mim a “UNANIMIDADE É BURRA”, e a profusão de “opiniões” PODE SER muito salutar, acrescentando pontos de vista que passam batido para os “literatos, professores e supostos iluminados donos do saber”, e são muito mais úteis que vários “livros, teses etc.” Sou formado há 50 anos e aprendi ao longo dos anos, com muito estudo, dedicação e prática, a não desprezar nenhuma “opinião” seja de quem for. Inúmeras vezes vi, presenciei e constatei que uma simples “opinião”, derruba e destrói anos de estudos, teses e “saberes”. Concordo que a maioria das opiniões não tem fundamentos e são apresentadas exclusivamente para receber “likes”, mas aprendi a abrir minha mente para toda e qualquer “opinião”, e muitas vezes fui surpreendido! Uma “opinião” bem analisada e pensada pode ter um conteúdo excelente que só precisa ser burilado para ser uma grande ideia! Como ninguém é dono da verdade essa é a minha “opinião”! Abraços

  6. Caro mestre Kanitz, concordo em partes pois faltou você dizer que a internet deu voz a milhões de imbecis. Em toda parte influenciamos e somos influenciados, isto faz parte do progresso. E todos nós temos livre arbítrio para decidir os caminhos a seguir e receber de acordo com nossas decisões.

  7. Os seus leitores mesmo entenderam pouco do que você quer dizer. Está muito complicado, realmente.

  8. Bem por aí e muito mais, caro prof Kanitz!

    Lembro-me de Nelson Rodrigues: “Os idiotas perderam a modéstia”. E eles são muitos e por isso mesmo vão dominar o mundo, dizia ele mais ou menos assim.

    Doxa x episteme platônicos.
    Em 2016 escrevi o meu primeiro livro, Hospital da alma, autopublicado no site Clube de Autores. E lá eu comento sobre essa diferença entre a opinião pura e o conhecimento embasado, entre muitos outros assuntos. Por favor, não o leia, eu tinha apenas 39 anos. Escrevi pelo gosto de querer fazê-lo e deixar registrado no tempo aquelas minhas ideias concatenadas.
    Depois vieram o segundo (Diálogos marcados pela cruz) e o terceiro livro (Manifesto da loucura sã). O segundo, na forma de um diálogo com o meu primo judeu e adepto do espiritismo, sendo eu católico. Este último sobre os descalabros autoritários que sofremos durante a pandemia da OMS. Também não o leia, o Manifesto, especialmente se você acredita em tudo o que o Bonner fala no jornal da noite. Eu não tenho saco para debater com idiotas, e claro, digo isso de antemão caso algum deles queira expressar a sua opinião sobre o que eu acabei de escrever. Quem tem saco de aguentá-los ? Mesmo sendo médico, justamente por gostar de estudar um pouco outros assuntos não médicos, que eu necessitei deixar registrada a forma desastrosa que foi o manejo da pandemia em quase todo o mundo, ainda mais naquela minha circunstância de vida em 2020, enfrentando outros problemas médicos na família. Pois bem, foi uma tentativa de emitir a minha episteme sobre os fatos ocorridos, além do que foram as medidas médico-científicas tomadas na época e ainda hoje.
    Digo tudo isso mais como um meio bate-papo com o Sr, caro professor, que é assim como eu o considero justamente por já ter demonstrado pensar com a sua própria cabeça, frequentemente, emitindo mais epistemes do que doxas! Um abraço !

  9. O maior risco é o algoritmo dos aplicativos, que tem como objetivo nos manter o máximo de tempo possível neles.

    Ou seja, de forma empírica o algoritmo levanta todas as suas informações, e só te entrega publicações de seu interesse.

    1- isso condiciona a mente humana a ter recompensa muito fácil, e os receptores de dopamina saturam e te faz querer ter estimulos maiores… de comida, de pornografia, de videos engraçados, de polemicas, etc.

    2- sobre polemicas rsrs, sua mente se condiciona a só ouvir coisas que lhe agradem, por isso a bipolaridade politica, por isso a intolerância.

    Nunca antes na história da humanidade nos deparamos com isso. Antes da rádio e televisão, tinhamos poucos estímulos. Na era da rádio e televisão aumentaram os estimulos, as rádios e TVs de massa ganharam muita importância, mas a maior parte do tempo a maioria das pessoas trabalhavam. Hoje o estimulo está no ápice, e não tem pause. Olhe pra pessoa ao lado e provavelmente ela esta na internet.

    Enfim, tem que condicionar a mente a ver coisas que não concorda.
    Vc bolsonarista, veja videos a favor da esquerda
    Vc lulista, veja videos a favor do governo.

    A maioria não aguenta 1min.

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