Entenda a Relação Dívida/PIB



A relação Dívida de um país como % do seu PIB tem sido usada sistematicamente por aqueles que querem disseminar pânico no setor financeiro, provavelmente ganhando com isto.

Você investiria em títulos do governo Brasileiro, se a dívida ultrapasse 100% do PIB?

Você exigiria um juro estratosférico para continuar financiando um país cuja dívida está prestes a ultrapassar 100%?

Como esta previsão ao lado?

Imagine dever MAIS do que o PIB.

Quando o Brasil chegou a 60% do PIB em 1986, boa parte sendo uma dívida externa, mais de 40 acadêmicos brasileiros entre os quais Prof. Celso Furtado, Profa. Maria Conceição Tavares, Prof. Paulo Nogueira Batista propuseram a Moratória da Dívida Externa, por considerá-la impagável.

Conseguiram a Moratória e uma década perdida.

O erro ou engodo sendo cometido é fácil de constatar.

Uma dívida é paga ao longo de 20 a 30 anos, especialmente se for de um país.

Dividir uma dívida a ser paga ao longo de 20 anos, pelo PIB de um único ano, é obviamente um erro monumental.

Multiplicar o PIB por 30 anos, e usar este valor no numerador seria uma fórmula mais apropriada, adequando a dívida ao seu prazo de pagamento.

Neste caso daria uma relação Dívida/PIB bem menor, aliás 97% menor. 

Uma dívida que chega a “100%” do PIB, na realidade é uma dívida de somente 3,3% do PIB de 30 anos, isto se não houver crescimento. 

Se o PIB crescer 3% ao ano, algo razoável, então o número cai para 1,8% do PIB médio destes 30 anos. 

Entre pagar 100% em um único ano e 1,8% por ano por 30 anos há uma enorme diferença, mas quem não lê artigos escritos por Contadores jamais ficará sabendo disto. 

Você consideraria sensato comprar uma casa e morar nela já, comprometendo 1,8% da sua renda por ano? 

Você romperia com todos os Bancos Americanos que lhe financiaram por 30 anos a juros de 3% ao ano? É o que Celso Furtado e outros fizeram. 

Este indicador está novamente sendo veiculado na imprensa mundial, relativo a dívida “colossal” dos países Europeus e dos Estados Unidos

Total-us-debt-vs-gdp

A Dívida americana é de 360% do PIB, mas em 30 anos com um PIB e impostos crescentes, representa somente 7,5% por ano.

E 7,5% é bem mais confortável do que 360% pago em um único ano, que obviamente nunca é o caso. 

Que Bancos, Hedge Funds e Especuladores contratem consultores para disseminarem pânico com estatísticas cientificamente apuradas, com o intento de aumentar os juros e a volatilidade é fácil de entender.

Dívidas são pagas ao longo de vários anos, e não em um ano só.

Além do fato que PIB nem é o indicador apropriado.

 

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Comentários

16 Responses

  1. Professor mentindo para poder escapar da fome é intoleravel, pior e abominável é jornalista descomprometido com a ética, alimentando o engodo de notícias com intenções duvidosas.
    A dívida não é o problema, mas a qualidade sim, ou seja, onde foram aplicados esses recursos que geraram a dívida.

  2. Caro Mestre ,
    Seu racional de avaliação da dívida me parece muito apropriado . As referências aos economistas da velha ortodoxia socialista da decada de 80 tambem é correta ainda que não considere o viés de interesses políticos que corrompem a boa análise de economistas e economia vinda de qualquer especialidade , até de administradores . Ocorre que o que se vê e se propaga no mundo todo não é só matéria de boa economia mas as falácias já chamadas de Conventional Wisdom justamente amplificadas e multiplicadas pela mídia que dá ouvidos aos gurus e academias mla formadas e informadas . Posto isso quero lembrá-lo , que entre os gurus , academias e mídias estão muitos dos administradores ditos especialistas em finanças , aliás mais deles do que economistas bem formados .
    De um admirador de sua missão de questionar o conhecimento convencional , ainda que economista e engenheiro , mas de fato administrador há muitos anos !
    Abraço
    Marcos da Cunha Ribeiro

  3. Kanitz
    Muito boa esta observação sobre a relação dívida/PIB. É impressionante como as informações são divulgadas pela imprensa sem uma análise mais crítica.
    Infelizmente o senhor não vai ser chamado para dar entrevista, pois crise é notícia. É quando o circo pega fogo que os jornais dão audiência.
    Mande mais observações, pois quero acompanhar as boas notícias, o outro ponto de vista.
    Um abraço.
    Márcio.

  4. Caro Kanitz,
    Seu gráfico indica relação dívida/PIB de 360% em 2010, mas se o PIB e a dívida americana são ambos da ordem de US$ 14 Tri, então o correto não seria 100%?
    Obrigado!
    Wagner

  5. Não sou administrador, nem contador e nem economista. Gosto de ler os artigos por gostar de economia, para entender melhor e ver outra opinião sobre os tão falados problemas econômicos. Gostei muito da explicação. Nenhum país ou empresa ou pessoa paga uma dívida grande de uma vez. Uma comparação para pessoas (físicas) mais simplista… é como ter uma fatura de cartão de crédito que não pode pagar no mês. O que fazemos? Parcelamos a dívida e em alguns meses ela estará quitada.

  6. Professor
    Obrigado por explicar de maneira tão simples de modo que até um marketiro como eu pode entender.
    Como marketeiro nunca deixei de ter um bom contador no meu time.
    Parabéns ! Por isso que gosto de sempre dar uma passadinha por aqui.
    Gracio

  7. Tive a oportunidade de participar de uma palestra . tendo o Prof Kanitz como palestrante em 2009 , desde então ,não deixo de acessar seu blog , e ler seus ensinamentos e orientações . Mas o que me preocupa é..
    o Brasil escapa desta crise ??? Com quais consequencias ??

  8. A dívida não se paga em um ano, mas o serviço da dívida é cobrado todo ano. E o Brasil não consegue pagar nem isso (por isso não temos superávit nominal).
    Se o país chegar ao ponto em que não pode pagar o serviço da dívida, declara moratória.

  9. Muito interessante esta linha de pensamento, pois realmente o que acontece são especulações para que grandes grupos possam se beneficiar, causando grandes oscilações nos mercados.
    Parabéns pela explicação, pois no meu ponto de vista esta deveria ser a melhor forma de análise.

  10. O engraçado que esse deve ter sido o pensamento dos argentinos ou dos gregos. Crecimento da divida interna sem crescimento do pib, e ainda sem o pais investir em infraestrutura, ai toda essa sua maravilhosa explicação fica realemnte interessante . Tudo tem que ser levando em conta, e falar que o crecimento da divida interna não é preocupante, levando em conta a situação de crecimento do pib do país. ate pq mesmo que uma divida chegando a a apneas 1,8% do pib em 30a nos, um país tem que demosntrar que poderar pagar pelo menos esses 1,8%. Se não corre o risco de ficar como os argentinos, sem ninguem para emprestar dinheiro. O Brasil tá ficando para tras, e ainda por cima fazendo divida. Como o colega falou, divida é para ser administrada, e com certeza esse governo não está levando o país para o rumo certo. O pior é que tá vendo o que está acontecendo com os estados unidos e europa, e está cometendo os mesmos erros.

  11. Está visão de pagamento da dívida pública está equivocada. Não é o PIB que paga a dívida, e sim o superáfit. Mesmo com um PIB em crescimento podemos ter situações de queda de arrecadação e aumento de gastos reduzindo assim a capacidade de pagamento da dívida. Dividir Dívida pelo PIB faz pouco sentido, mas dividir esse resultado por 30 faz menos sentido ainda. O importante na avaliação é considerar a taxa de juros. É muito menos impactante ter uma dívida sobre PIB alta em paises com baixa taxa de juros (como os EUA). No Brasil, onde a taxa de juros é muitas vezes maior, o aumento da dívida é preocupante.

    1. Você tem toda a razão. O melhor índice é PIB/ juros, ou superávit/juros. Mas se economistas ainda estão dividindo Dívida/PIB, que como até você aponta não tem nada a haver, pelo menos calculem de forma correta.

  12. Esse artigo traz informações falsas. Não existe nenhuma referência de que esses acadêmicos tenham feito esse ato de “moratória” em nenhum lugar. Na biografia do economista e sociólogo Celso Furtado não consta que ele tenha tomado essa atitude, sendo que na época ele era ministro da cultura do governo de Sarney. Quem teoricamente teria feito essa falsa moratória teria sido o ministro da fazenda Dilson Funaro, um empresário ministro da fazenda de Sarney. TUDO NESSE ARTIGO É INFORMAÇÃO FALSA. Não confiem em pseudo intelectuais, Confiem no conhecimento acadêmico verdadeiro das universidades.

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