Você já se fez essa importante pergunta existencial?
Quantos responderam afirmativamente?
“Sou realmente útil.”
Com convicção.
Eu fazia essa pergunta aos meus alunos da USP.
Especialmente àqueles que faltavam sistematicamente nas aulas, para aqueles que não prestavam atenção, para aqueles que viviam no centro acadêmico fazendo política estudantil.
Como tantos políticos de hoje fizeram em vez de estudar.
Ou àqueles que eram ricos filhinhos de papai cursando uma Universidade Estatizada que bem que poderiam pagar dos próprios bolsos.
Minha preocupação era que talvez meus alunos estivessem fazendo algo muito mais útil do que aprender contabilidade, e eu queria saber o que era.
Para minha surpresa, a maioria nem entendia a pergunta.
Não sabiam exatamente o que era ser “útil”.
Nunca arrumaram suas próprias camas, nunca entregaram jornal, nunca foram voluntários em instituições de caridade.
Sabiam ainda menos o que era ser “realmente útil”.
Nossos professores sequer ensinam mais esse conceito considerado “conservador” demais para os dias de hoje.
Ser útil, ter uma boa reputação social, ser confiável, ter orgulho daquilo que faz, não são mais valores ensinados nas escolas, só nas assembleias evangélicas e católicas.
Produzir bens e serviços que as pessoas realmente precisam e querem é ser realmente útil, mas poucos ensinam ou percebem isso.
Ser um simples padeiro, sapateiro, taxista é ser muito mais útil do que um revolucionário teórico ou filhinho de papai paquerando as coleguinhas.
Twittar memes de ódio uns contra os outros não é ser útil, muito menos postar o 3.000 milésimo comentário, que é o ápice da inutilidade.
Esses jovens de direita e de esquerda estão vergonhosamente extraindo comida e dinheiro dos seus pais, tirando uma vaga na escola sem nada fazer em troca.
Em vez de estudarem algo útil para o futuro.
Pagar sua própria faculdade, entregando jornal de porta em porta ou trabalhando aos sábados e domingos no McDonald’s, nem pensar.
Esses jovens estão literalmente “extraindo mais valia” de trabalhadores metalúrgicos da periferia.
Que pagam ICMS sobre tudo que compram, 10% dos quais vão para a USP e Unicamp, para sustentar esses alunos e os professores que lhes ensinam.
Quantos intelectuais, funcionários públicos, jornalistas e blogueiros como eu, se “acham” úteis e nem percebem que não são?
Nossos problemas estão somente aumentando, não vejo boas soluções.
Por isso criei 20 anos atrás o site www.voluntarios.com.br para que jovens de 16 a 25 anos pudessem começar a vida sendo realmente úteis.
Ajudando os mais necessitados, a nada menos que 2.000 metros de onde moram.
Vocês conhecem as entidades beneficentes que existem nos seus bairros?
Ainda não? Então, entrem no site já.
Se vocês são um desses inúteis, perdidos no mundo e procurando um significado na vida, cadastrem-se no site.
Dependendo dos seus currículos serão chamados para serem verdadeiramente úteis, ajudando os outros.
Divulguem esse site que eu mantenho até hoje sozinho, com recursos meus, porque nem a direita nem a esquerda se interessam em ampliar e ajudar os jovens as serem úteis.
E que nenhum jornalista, blogueiro ou intelectual da USP jamais divulgou nesses 20 anos que o site existe.
Mas vocês, caro leitores, não precisam ser assim.
Se são de “humanas”, se querem realmente ser úteis para a sociedade pela primeira vez, cadastrem-se.
E torçam para que seus currículos mostrem que vocês têm algo de fato útil para oferecer para a sociedade.
13 respostas
Parabéns professor, como é importante trazer assuntos realmente úteis que vão impactar na vida das pessoas, e não ficar discutindo sinais de trânsito (direita ou esquerda), esse texto, assim como todos os seus, realmente são úteis, por fazerem seus leitores Pensarem.
MUITO bom!!!
Sensacional!!!
Falou tudo!!!
Parabéns, Prof.!!!
Caro professor muito bom dia.
Professor Stephen gostei da sua análise, verdadeira e muito oportuna.
Infelizmente temos financiado muitos estudantes (assim chamados), com nossos impostos, que nada constroem de útil, ao contrário delapidam o que tentamos construir com muito esforço e gastos altíssimos com impostos que pagamos.
Creio que deveríamos fechar todas as faculdades da USP que não contribuem com o país (sinto muito, mas hoje, faculdades: de história, assistência social, e, algumas outras). Sei que, mesmo nestas faculdades, há alunos sérios e interessados mas, entendo que a maioria o é, além de orientada por alguns que se dizem professores, mas não são.
Fechar a USP ??? Pelo amor de Deus . Vamos escalonar nossas criticas . Nao podemos generalizar e eliminar o que funciona . Hospital das clinicas , Instituto do Coracao e Instituto do cancer sao USP . Engenharia , FEA USP serem eliminadas ??? Teses de mestrados , doutorados USP canceladas ??? Devemos sim filtrar universidades Particulares que sao cofrinhos monetarios e retirar os neofitos das instituicoes publicas . Uma reformulacao nas entidades retirando o que nao presta e instituindo conceitos modernos que somam a sociedade. Brasileiros precisam estudar mais e criticar com coerencia. E para cada problema criticado , apresentar minimo de 3 solucoes
Excelente comentário Parabéns!
Bravo e corajoso. Parabéns Professor. Contabilmente falando a USP ainda tem créditos, o que não acontece com a maioria que ainda funciona com o dinheiro público. É preciso investir na educação de base em regime integral
Sou graduado pela USP em 1974. Ainda me questiono e gostaria de ver a resposta publicada por algum professor. Existe proporcionalidade entre recursos consumidos e produção nesta universidade? O aparelhamento da USP vem da década de 60, se mantém atualmente, apesar das críticas abertas. Um aparelhamento para justificar o “encostar” na produção pifia desta universidade. Esta que é frequentada pela elite social que estudou nos melhores colégios (pagos) de nosso país. Por um acaso me surge outra pergunta: entre os “sábios” existe algum Prêmio Nobel?
Tenho para mim que somente no dia em que tivermos alinhados a obrigação moral e a imposição legal de apenas aqueles que cursaram todos os níveis escolares até o completo ensino médio em escolas públicas poderem estudar nas universidades e centro acadêmicos federais teremos um ensino de qualidade e pesquisas científicas justas e decentes.
Tenho para mim que somente no dia em que tivermos alinhados a obrigação moral e a imposição legal de apenas aqueles que cursaram todos os níveis escolares até o completo ensino médio em escolas públicas poderem estudar nas universidades e centros acadêmicos federais teremos um ensino de qualidade e pesquisas científicas justas e decentes.
Entendo que vivemos num país que não tem o tão falado “estado democrático de direito”, uma vez que ao longo de décadas, nem o executivo, nem o legislativo e nem o judiciário têm respeitado o povo que paga os seus salários e suas mordomias.
Falta educação e empatia em todos os níveis. É uma questão cultural que precisa ser enfrentada.
Professor … na minha opinião, o que falta à USP para ser totalmente util a sociedade é criar um programa onde cada formando, automaticamente ao se formar trabalhe para o Estado por dois anos, distribuidos pelo Brasil em areas carentes, com salario pré-definido bancado por tal programa, que terá orçamento proprio. Esta seria uma forma democratica de obter retorno do investimento da sociedade no cidadão.
Parabéns PROFESSOR, Kanitz.
Sinto-me inspirado cada vez que leio teus artigos.
São “oxigenados” para turbinarmos nossas ações… acredite, além de inspiradores, tornam-se úteis no nosso dia a dia. Geram “riquezas”, geram atitude em quem lê, interpreta e aproveita.
Sou teu fá há anos, fiz contabilidade em 1991 na UEL de Londrina.
Li teus livros… assisti tuas palestras…
Continue deixando um legado, professor, Kanitz.
Primeira vez que deixo um recado aqui.
Deveria ter deixado vários, em todos, para sentir-se cada vez mais útil e confiante na transformação promovida pelas tuas palavras, ações, gestos e atitudes em pessoas jamais conhecidas por você, professor.
Saúde plena, professor, Kanitz!