O atentado de Boston, torna atual novamente, este artigo escrito em 2003, 10 anos atrás, e nada foi feito.
Sempre haverá pessoas malucas no mundo.
E para cada 1.000 pessoas malucas haverá uma pessoa supermaluca, um “6 Sigma”*.
E entre cada 1.000 dessas haverá uma mais maluca ainda, gente a quem vou chamar de “7 Sigma”.
Pessoas inteligentíssimas e competentes, mas que estão longe do padrão normal.
Na Idade Média, um desses malucos, de mal com a vida e o mundo, poderia sair matando uns vinte inocentes no mercado principal, até que os cavaleiros do rei lhe cortassem a cabeça.
Nos anos 80, um terrorista matava 200 com uma bomba numa estação de trem.
Hoje, graças ao avanço da tecnologia, um maluco pode sequestrar um avião e matar 2.000 pessoas.
Daqui a alguns anos, correremos o enorme risco de um “7 Sigma” modificar um vírus da gripe e misturá-lo com o vírus da Aids, e então veremos 80% da população mundial e brasileira ser dizimada, se não percebermos esse novo problema que nos assola.
A luta contra esse terror não é exclusivamente americana, como muitos estão comodamente achando.
Um vírus aéreo da Aids lançado em Nova York em dois meses estaria sendo respirado em Brasília.
Como identificar um “7 Sigma” antes que ele faça um estrago grave é um problema sério que o mundo poderá enfrentar nos próximos cinqüenta anos.
É um problema ético-policial-sociológico-jurídico-político absolutamente novo e exigirá soluções muito impopulares.
Por exemplo, como identificar essa gente maluca com nossos valores de privacidade, sigilo e liberdade?
Como identificar os “7 Sigma” sem impor um Estado policial, numa cultura que abomina o “dedo-duro”?
Como prendê-los sem muitas provas de suas malucas futuras intenções?
Como condená-los à prisão se ainda não cometeram o monstruoso crime?
Depois do 11 de setembro, esse perigo ficou mais claro para o mundo, mas o governo americano mudou de enfoque e demarcou países como o Iraque e a Coréia como perigosos, e não os futuros “7 Sigma” espalhados por aí.
Em minha modesta opinião, isso é um erro.
Saddam e seus filhos queriam poder e dinheiro.
Quem quer dinheiro e poder avalia seus limites.
Bin Laden e seus suicidas queriam vingança, e isso sim é um perigo assustador.
Vingança a qualquer preço, para si e para os outros, e quem está disposto ao suicídio já ultrapassou qualquer limite de razoabilidade.
Como também queria vingança o criador do vírus Sobig.F, que chegou a contaminar um em cada dezesseis e-mails, e preparava um enorme ataque ao site da Microsoft, destruindo e-mails de médicos a seus pacientes, pedidos de remédios e chats de apoio psicológico, entre outras coisas.
Um segundo erro da doutrina Bush é que ela quer implantar democracias liberais no resto do mundo como solução.
Mas democracias liberais são justamente aquelas que não acreditam em um Estado que controle a população, e sim numa população que controle um Estado.
Justamente o contrário do que precisamos para proteger a nação de um “7 Sigma”.
Os Estados Unidos já implantaram redes neurais que supervisionam movimentos de pessoas, de cheques e sinais estranhos na população.
Mas quem vai supervisionar o mundo? Os americanos, a ONU, cada país por si ou a polícia montada canadense?
É uma bela encrenca a ser resolvida.
No fundo, o que ocorre é que o mundo está avançando em termos de tecnologia muito mais rapidamente do que em termos de psicologia, sociologia e política.
Um único indivíduo instruído com um bom laboratório nos fins de semana tem acesso a tecnologia de destruição capaz de dizimar o mundo.
Talvez o risco dos “7 Sigma” não seja tão grande quanto estou supondo, e vão me criticar por alarmismo.
Eu também prefiro achar que não vai acontecer nada, mas e se der zebra e não estivermos preparados?
Vão dizer que o ser humano no fundo é bonzinho e não faria mal a ninguém.
Esquecem que todo dia hospitais, indústrias de remédios, médicos e dentistas perdem arquivos valiosos por causa de 7.000 vírus que andam rodando por aí, plantados no sistema por alguém, sem alvo definido, sem medir consequências.
Eu sinceramente preferiria discutir um pouco mais essa questão em vez de ignorá-la como estamos fazendo.
* Sigma é uma medida estatística de desvio da normalidade. Quanto mais Sigma, mais anormal. Estima-se que existam mais de 650.000 pessoas “6 Sigma” no mundo e 1.650 pessoas “7 Sigma”. O drama é que não se sabe quem são.
Revista Veja Setembro de 2003, e nada foi feito neste sentido, a não ser discutir porte de armas.
12 respostas
E quando os americanos atiraram 2 bombas atômicas em hiroshima e nagasaki? O que seria?
E quando os Japoneses lançaram ataques à Pearl Harbor? O que seria Fabiano?
Kanitz, acho que está na hora de começar a colocar uma política de comentários não acha?
Abs!
Kanitz … vou dar minha opiniao.
este nao foi o primeiro massacre e nem sera´o ultimo.
os americanos pagam o preço do artigo segundo de sua Constituiçao: e´permitido a posse, o porte e o uso de armas de fogo para defesa propria …
entao, como se acha armas livremente sendo vendidas nas lojas fica facil surgirem “malucos” estressados brincando de Coringa.
so´lamento no Brasil a consulta popular nao ter banido de vez o comercio de armas de fogo.
os americanos exercem o sagrado direito de se defender.
7sigma são os malucos, não as armas!!!
@Durvalino
Se armas fossem proibidas, este tipo de psicopata atacaria com o que houvesse a mão, há muitas possibilidades para se criar algo destrutivo que não envolve armas convencionais de fogo.
Abrir mão de um direito teu e de uma liberdade em razão de uma suposta maior segurança é um erro brutal de qualquer sociedade.
o Kanitz querendo achar a solução “via estado”, o que é um grave erro.Este tipo de assunto só leva a fomentar a luta de classes, típico de socialista; cria dificuldades para depois vender facilidades.
Além do intencionalmente produzido, somos frágeis e parte pequena de um ecosistema em mutação constante. Vejam o filme Contágio http://wwws.br.warnerbros.com/contagion/dvd/#/trailer . O importante é o conceito de unir as forças (cross-borders) para encontrar uma solução. Vale MUITO a pena assistir. Abraço a todos.
A única solução viável é uma estrutura social de prevenção da evolução de um 7 sigma até um homicida. Por mais estranho e repulsivo que o indivíduo seja, é função de quem estiver ao redor dele escuta-lo e dar um mínimo de atenção, mesmo não gostando da pessoa. Se a família e os colegas de trabalho (erroneamente) acham que não é problema deles, que seja o conselheiro escolar, da faculdade ou o primeiro psicólogo/psiquiatra que topar com o ser. Nos EUA, a estrutura social privilegia o isolamento do “loser” e oferece armamento em troca de pouco esforço, por isso os 7 sigma explodem tanto por lá, mesmo existindo em todo lugar. O que vc espera de uma sociedade que vende no supermercado (no Walmart) rifles para defesa pessoal de civis?
Meu maior medo é um 7 sigma chegar à presidência de uma nação poderosa e com grande capacidade de destruição.
Olá.
Não entendo o cálculo das pessoas 6 sigma. Se a população é de 7 bilhões de pessoas e o percentual de pessoas 6 sigma é 0,0000001973%, resulta em 14 pessoas. E no caso de 7 sigma aí não temos nenhuma (0,018 = 0).
Kanitz, eu respondo à sua matéria com uma pergunta,…o que seria pior: Um Estado controlador e policialesco narcotizando seus súditos e eliminando os que “sua elite” acha que sejam doente, ou continuarmos expostos a essa orda de delinquentes que são insanamente produzidos e induzidos pela “mídia de massa” controlada “pelas elites”? Sua proposta induz que o problema é dos malucos à solta, enquanto que o maior problema é a predominância dos malucos existentes dentro das “elites” achando que podem manipular tudo para atingir seus propósitos subversívos/terroristas, e que são os donos do mundo e que a “Terra Prometida” é apenas deles. Sua retórica é preocupante visto que está totalmente alinhada com as estratégias de G.Bush/D.Chenney e bastante indutora da aceitação de uma New World Order policialesca ao estilo 1984 de George Orwell,…como forma de “garantir” algo que poderia ser revertido com uma simples mudança de foco das mídias televisiva e cinematográficas, ou estou enganado em relação ao ponto focal do seu “approach”?
Quanto besteirol!
Seja mais claro: 7 sigma em que? em inteligência, ‘nerdice’, ‘esquisitice’?
Por que se for isso, gente como Da Vinci, Newton e Leibniz teriam sido alvo desta caça as bruxas que voce propõe. O que dizer então de tipos mais excentricos como John Nash ou Grigori Perelman?
Vejam como o raciocínio é idiota: se alguns fdps inteligentes ‘6-7 sigma’ saem por ai atirando a esmo num dia de furia, ergo TODO ‘6-7 sigma’ é um fdp assassino em massa/psicopata em potencial.
Isto chama-se generalizacao impropria e é uma vergonha que alguem com sua formação se de ao trabalho de escrever um texto baseado numa falácia tão óbvia
e grosseira.
Andou lendo o martelo das bruxas? quer propor o ‘7-sigma’ seja-la-o-que-for-isto
como algo analogo as pintas e marcas de nascença que os inquisidores procuravam avidamente nas supostas bruxas na idade média?
Seu artigo me fez pensar, pensar no que leva alguem formado em Harvard escrever um lixo destes. Panico? Caduquice?
O artigo revela ignorancia sobre estatistica, psicologia e pensamento critico. Sugiro desligar a TV e voltar a estudar.