A prevalência de profissionais liberais bem-sucedidos, como advogados, economistas, engenheiros e administradores, que optam predominantemente por investimentos em renda fixa ao se aposentarem no Brasil, apresenta um paradigma intrigante.
Esta classe experiente, teoricamente mais apta a realizar avaliações de risco sofisticadas, deveria estar mais inclinada a investir em start-ups, capital de risco, private equity, search funds e até no mercado de ações.
Contudo, observa-se uma tendência conservadora em direção à renda fixa e investimentos em offshores.
Diversos fatores contribuem para este fenômeno:
1. Complexidade do Regime Tributário Brasileiro: A incerteza associada à interpretação e aplicação retroativa de impostos no Brasil gera um ambiente de insegurança fiscal.
2. Burocracia e Compliance: Os desafios decorrentes dos direitos trabalhistas, da lentidão e incerteza do judiciário brasileiro, e da complexidade da conformidade regulatória desencorajam o investimento em empreendimentos mais arriscados.
3. Percepção Negativa do Empresariado: Clima anti-empresário, jovens funcionários de esquerda, todo um ambiente universitário de ensino e pesquisa contra o livre mercado e progresso.
4. Elevados Juros Reais: A falta de um sistema de Previdência por Capitalização, que teria capitalizado nesses 40 anos 43 trilhões de poupança nacional em vez de 2 trilhões, resulta nessas altas taxas de juros reais.
5. Gestão Governamental Ineficiente: A má administração governamental, caracterizada por gastos ineficazes e falhas no cumprimento de metas, gera desconfiança quanto à estabilidade econômica.
6. Deficiência na Formação em Administração de Empresas: A carência de profissionais qualificados para posições gerenciais intermediárias impacta negativamente o ecossistema empresarial.
7. Cultura Aversa ao Risco: Uma tendência cultural de dependência do Estado e aversão ao risco limita a disposição para investimentos mais ousados.
8. Orientação Política Predominante: A preferência política por pequenas empresas, mercados locais, cooperativas e agricultura familiar reflete um viés contra grandes empreendimentos.
Ao alcançar a idade de 60 anos, munido de experiência acumulada e uma parcela de poupança disponível para investimentos com maior risco você irá optar por investir em títulos governamentais ou financiar novas empresas?
6 respostas
O clima não é de “anti-empresário”. O clima é de Anti-MAUS empresário!!!
Eu sinto falta de comparações de rendimentos REAIS e LÍQUIDOS das diversas aplicações disponíveis. Nós acabamos comparando banana com abacaxi com laranja …
Os mais velhos não investem em risco pois quem se aposenta está em idade de ser conservador, simples assim.
Se tivessemos uma estabilidade na economia, uma melhor administracao das contas publicas, o aposentado/idoso poderia ser menos conservador em seus investimentos, pois teria certeza de um retorno do capital investido. Sei que a maioria nao tem mais tempo/trabalho para arriscar e ter uma perda do seu valor principal, que sera sua base de sustento ate o fim da sua vida.
Tenho uma boa ideia para startup, fazemos uma empresa de qualquer coisa que se encaixe em subsídios do BNDES aí tomamos o recurso fingimos que estamos trabalhando e aplicamos tudo em letras a 102% do CDI livre de imposto é claro. Quer investir na minha empresa?
Saudades do tempo do overnight isso sim é que era ganhar dinheiro