O Erro no Termo Privatização

 

Fenômeno Editorial, o livro Pirataria Tucana se esgotou no primeiro dia, vende mais do que o livro do Steve Jobs.

Trata da “privatização no Brasil, comandada pelo governo tucano, foi a maior roubalheira da história da república” e sobre a pechincha da venda da Vale.

A primeira falha do livro, é que a Telebras e a Vale não foram “privatizadas”.

Isto mesmo pessoal.

Elas já eram empresas privadas, 83% das ações pertenciam ao setor privado.

No caso da Telebras, 83% delas pertenciam a todos os brasileiros que compraram linhas telefônicas por R$ 10.000,00 a linha (a preço de hoje), e recebiam ações da Telebras ou Telesp em troca.

Portanto, a Telebras e Vale não foram “vendidas” pelos tucanos.

Somente 17% destas empresas é que foram vendidas, uma parcela pequena mas importante, o bloco de controle.

Algo que quero adiantar, eu e nenhum administrador teríamos feito. Falarei sobre isto no final.

Mas típico do Capitalismo de Estado, estes 83% não tinham direito a voto, não podiam impedir esta “privatização que não era”.

Este “bloco de controle” foi vendido a um preço 3 vezes superior ao preço de mercado, 3 vezes o preço de Bolsa na época, o preço das ações sem direito de voto.

Foi um excelente negócio para o governo, o que não deixa de ser uma roubalheira de outra espécie.

Ficar preocupado com propinas de R$ 20 milhões, escrever um livro que é obviamente um ataque ao Serra, a quem não morro de amores, e não ao PSDB, não justifica a fama que este livro está tendo. 

A verdade é que venderam a preço de ouro justamente porque eram os 17% que davam o controle. 

Por isto, alguns investidores estavam dispostos a pagar 3 vezes mais.

Controlar 100% de uma empresa com somente 17% vale muita coisa.

Portanto, estas afirmações de que venderam a Telebras por preço de banana não corresponde aos mais elementares fatos.

O resto, que tinha ações sem direito de voto, ficou a ver navios.

Por isto, nós administradores do Novo Mercado, lutamos e conseguimos novamente o Tag Along. O correto seria o povo brasileiro poder vender os seus 83% pelo mesmo preço. 

Hoje os tucanos, graças ao Tag Along, não poderiam fazer este truque com o povo brasileiro. Daniel Dantas não poderia ter comprado colocando somente 1% do dinheiro dele. Teria que comprar os 83% restantes.

Mas verdadeira roubalheira foi o Capitalismo de Estado cobrar cada linha telefônica R$ 10.000,00. Isto o livro não fala. 

Que os Tucanos são pancadas, não há a menor dúvida, usam o termo Privatização, quando deveriam usar Desestatização, frase muito mais defensável.

Como os R$ 10.000,00 eram pagos adiantadamente para que a Estatal pudesse levar uma linha de telefone até a sua casa, e como boa parte deste dinheiro sumiu, a Telebras não tinha mais como cumprir seus contratos, e decidiram se livrar do abacaxi desestatizando.

Vender uma empresa ineficiente, quebrada, que devia um monte de linhas telefônicas as quais não tinha mais como entregar, não é dilapidar o patrimônio da União, nem roubalheira. 

Roubalheira foi cobrar 100 bilhões de reais do povo brasileiro para colocar 10 milhões de linhas.

O Capitalismo (semi) Democrático colocou 200 milhões de linhas por muito menos.

Fim da tese do livro.

Agora a verdadeira questão é essa. 

Por que o Estado vendeu 83% das ações na surdina?

E, por que jornalistas ficaram quietos quando estes 83% foram vendidos? Porque este livro não foi escrito naquela época.

Por que só chiaram quando os 17% foram vendidos?

Ninguém chiou quando 83% destas empresas foram “privatizadas”, vendendo ações sem direito a voto?

Todos compraram seus telefones por R$ 10.000,00, e portanto sabiam que eram sócios privados da Telebras.

Se o Brasil tivesse na mão de administradores na época nós não teríamos vendido os 17% do bloco de controle.

Nós teríamos dado o direito de voto aos 83% de acionistas da empresa, pondo fim à ditadura do Capitalismo de Estado.

Os 83% teriam contratado administradores profissionais brasileiros, a Telebras seria hoje uma empresa nacional, e o governo teria o benefício da melhoria de eficiência e valorização dos seus 17%.

O Estado seria o maior acionista e teria assento no conselho, mas a administração seria eficiente, sem indicações políticas.

Das 10 milhões de linhas telefônicas passaríamos às 200 milhões que temos hoje, mas teríamos ainda uma empresa brasileira, forte, não pulverizada, de classe mundial.   

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Comentários

29 respostas

  1. Com tantos jornalistas conhecidos e respeitados no país porque não esclarecem o povo mostrando friamente os fatos? Talvez a verdade não seja tão fácil de vender!

  2. E impressionante como aparecer “especialitas” para defender politicos. Seja PT ou PSDB, nada é apurado de verdade, e fica esse jogo de empurra…
    O que o povo precisa saber é onde vai parar o dinheiro publico, com qualquer governo, e não moleque de recado defendendo esses calhordas !!!

  3. Concordo com a explicação. É sempre interessante ler uma opinião mais precisa sobre fatos complexos.
    Mas, parece, que o foco do livro não é a discussão sobre o processo de privatização em si mas o roubo dos políticos, familiares e associados através das privatizações.
    Os crimes que o livro trata são o recebimento de propina, evasão de divisas através de off-shores, lavagem de dinheiro, favorecimento a pessoas (sócios) nos processos de privatizações. A documentação do livro trata disso.
    Esses crimes são indefensáveis e estão documentados do livro.

  4. Agora uma questão. Você sempre fala, com razão, sobre as empresas que estão listadas no Novo Merrcado da Bovespa. Elas tem maior transparência e as ações são todas do tipo ON que dá direito a voto.
    Eu tenho 6.000 BBAS e 9.000 OGX, entre outras. Ambas são NM. Quais direitos eu posso ter se :
    1- o BBAS tem um total de 2.865.417.020 de ações e minhas 6 mil representam aproximadamente 0,0002 % ? Sabendo que a Secretaria Do Tesouro Nacional tem 51% e a PREVI 10%.
    2- a OGX tem um total de 3.233.750.500 de ações e minhas 10 mil representam aproximadamente 0,0003 % ? Sabendo que Centennial Asset Mining Fund Llc tem 57%.
    Nesse caso qualquer direito que eu tenha – a voto para escolher um presidente por exemplo – fica absolutamente diluido no meio dessa montanha de ações e, de qualquer forma, alguém sempre tem mais de 50%, portanto a opinião de todos os minoritários não conta nada.
    Não seria uma distorção de algo que deveria ser diferente ? Nunca fui convocado a votar sobre nada, é assim mesmo ?

  5. Kanitz você falou bonito, mas não disse nada do que o livro relata; que é a politicagem nacional, naquela época orquestrada pelo PSDB e sua corja, hoje o PT, que surrupia o $$ público, o patrimônio público e fica tudo por isso mesmo. E sim, a Vale foi vendida a preço de bananas… o sistema telebrás foi entregue aos amigos do rei, com subsídio do BNDES… Isso tudo é fato, inclusive das negociatas envolvendo agentes políticos, parentes, com movimentações de $$$ em paraíso fiscal.

  6. Caro Kanitz ,
    Perfeita a derrubada da tese do livro. Válidas as críticas ao PSDB . Um pouco cansativa a defesa irracional do Bom senso como privilégio de administradores. NA fuvest de 79 preferi Economia a Administração que já era curso regular e não me arrependo e hoje entendo muito bem a tese do Conhecimento convencional que infelizmente a imprensa promove , as academias repetem como papagaios e os gurus os fazem crecer ou criar . Não seja um destes gurus e mantenha o foco nas críticas adequadas e oportunas . Infelizmente nem os administradores serão capazes de fazer algo que torne a gestão pública menos sujeita as forças políticas . Ao menos não na democracia .
    Abraços
    Marcos

  7. Um ABSURDO o que voce diz!
    Vale tinha LUCROS ANUAIS de 1 BILHãO! O PAYBACK do negócio foi IRRISÓRIO para um negocio desse porte!
    Só de RESERVAS de minerio (e só as de Ferro!)no Pará eram de $180 BILHÔES! Na venda do Banespa (não sei se esta no livro, nem vou ler porque não preciso) houve um ágio de 250%.Que bom não? MAS FHC DEVOLVEU numa
    nova lei fiscal! FOI O MAIOR ROUBO DA HISTÓRIA! Estude novamente o assunto e FAÇA UM FAVOR a seus alunos e leitores com informação correta! Tenho certeza que mudará de opinião.

  8. Só mais uma coisa: era obvio que privatizar era necessário! Mas NUNCA do jeito como foi feito! A Telefonia que voce cita, teve como resultante o LIXO que é a TELEFONICA e a NET bem como as de celular cujos serviços FALHOS e tarifas (mesmo considerando impostos) são ABSURDAS! Privatizar nesse páis é sinonimo de ENTREGAR a iniciativa privada PREDATORIA! Porque NUNCA se abre o capital com participação do governo como Petrobras? Porque é para apaniguados EXPLORAREM a população com produtos caros num mercado oligopolista ou monopolista!

  9. Kanitz,
    Há muito tempo eu aprecio seus artigos. Ultimamente, porém, estão impossíveis de serem lidos pois estão escritos numa língua que se assemelha vagamente ao português! Este, em particular, é uma VERGONHA! Vc precisa trocar de redator e revisor urgentemente pois, no fim, é a sua imagem que se denigre! Nem vale comentar os erros específicos neste texto, tantos que são.

  10. Estatal só serve para encobrir desvio de dinheiro público. Ter menos estatais significa dar menos poder aos políticos. E quem acha que isso não seja bom só pode estar mal intencionado. Não fossem as privatizações, os políticos já teriam quebrado este país várias vezes.

  11. Caro Kanitz,
    Transformar os 83% em ações com direito a voto? No Brasil? Desculpe, mas prefiro o modelo que foi adotado.
    Ruben Berta transformou a Varig numa fundação, acreditando que se os próprios funcionários fossem os donos do negócio fariam de tudo para manter o sucesso da empresa que ele construiu. E o resultado é o que conhecemos: só não quebrou porque foi vendida, mas desapareceu dos céus.
    Quem tem participação quer sempre tirar o melhor proveito. E quem tem participação mas desconhece os detalhes não admite fazer sacrifícios. Na Varig, nenhum plano de recuperação pôde ser implementado porque implicava em sacrifícios, em abrir mão de privilégios.
    Imagine a Telebrás dependendo do voto de cada um. Estaríamos numa situação muito pior do que na época em que ainda era uma estatal.

  12. Ao Kanitz e leitores,
    uma dúvida que eu tenho é sobra essas ações que tínhamos à época. Minha família tinha 3 linhas telefônicas (TELESP). Se o preço de hoje seriam 10 mil cada, queria saber como faço pra resgatar meus 30 mil Reais. Gostaria de entender o que fizeram para essas acões sumirem (ou desvalorizarem?). Obrigado.

  13. Ai meu Deus!
    Você é o típico empresário brasileiro de que o Kanitz falou em outro artigo, pra quem o que importa não é o lucro mas o controle.
    Você vai sim CONTROLAR a empresa, mas ainda assim vai SER DONO de uma fração dela. Você controla mas só tem direito a uma parte pequena dos lucros.

  14. Não importam os fatos. O que o brasileiro não suporta nas privatizações é a sensação de que foi enganado. E não é por ética ou coisa assim, porque o brasileiro não se ressente contra a corrupção por isso. O brasileiro se ressente contra a corrupção como se ressente alguém que não foi convidado para a grande festa do ano. Não é o roubo de dinheiro público que revolta as pessoas, mas o fato de que quem está roubando são os outros e não elas.

  15. Kanitz
    Respeito o seu ponto de vista em relação a Telebrás.
    No entanto, o livro não termina aí. Houve sim uma roubalheira na venda da Vale e em outras empresas públicas. O livro trata justamente, como já foi dito, dos favorecimentos decorrente das privatizações, a grana lavada em paraíso fiscais…
    Muita gente ganhou com estas transações e com certeza o País em geral, o povo, não está incluído na lambança.

  16. Primeiro muitos nao converteram as cautelas em acoes.
    Outros venderam estas cautelas sem saber o que eram.
    As acoes de telefonia nao valorozam tanto assim. Elas devem valer uns 1000 reais hoje.
    Ganha que escreve livros sobre o assunto.

  17. Estatal só serve para encobrir desvio de dinheiro público. Ter menos estatais significa reduzir o poder dos políticos. Quem não acha isso bom só pode estar mal intencionado. Não fossem as privatizações, os políticos já teriam quebrado este país várias vezes.

  18. O que estamos vendo aqui? Duas denúnicas, a de quem escreveu sobre a privataria e a do Prof. Kanitz. Os comentários, alguns embasados, outros apenas com alguma emoção partidária, mas tudo deixa claro que o BRASIL precisa urgente de um choque de moralização, pois se o negócio é bom para o país tem que se feito, mas tem que ser feito com honestidade, ninguém pode se beneficiar disso. O Prof. chama a atençao para uma questão muito séria: – onde estava o jornalismo economico à época? Agora, que o país andou nesses setores após a privaização isso ninguém pode negar. O que estamos cansado é de as denúncias, mesmo após confirmadas, acabarem em pizza. Chega disso!

  19. Prezado kanitz, uma coisa é discutir a ideologia que reveste um processo (ou não) de privatização, outra é discutir como tal processo é feito.
    O livro não se atém à questão dos motivos que levaram à privatização, mas à forma com que foi conduzido (“negociado”). Concorde-se ou não, as denúncias são graves e merecem melhor investigação, seja para refutar de vez tais denúncias, seja para a devida responsabilização social dos envolvidos.

  20. Grande parte das doações do governo FHC, foram financiadas pelo BNDS. Com dinheiro do próprio Brasil: Quero Saber onde foi parar toda essa fortuna das Privatizações, aliás da Privataria Tucanalhada. Onde está o dinheiro dos meus filhos, netos e assim sucessivamente? Garfaram? CPI Já ….Já..,.,.Já… CPI..da PRIVATARIA TUCANA, doa a quem doer,e que os responsáveis paguem de acordo com a lei, que deve ser para todos, e devolvam aos cofres públicos tudo que mandaram para paraísos fiscais. CPI Já…Falei..

  21. “O Capitalismo (semi) Democrático colocou 200 milhões de linhas por muito menos” Será?? FHC acabou com o monopólio federal de telefonia e criou monopólios regionais de multinacionais que aumentaram as tarifas sem precedentes, os serviços “privatizados” aumentaram suas tarifas em média 238% na era FHC frente a uma inflação de 136% no mesmo período, a telefônia teve aumento (pasmem) de 577% isso mesmo, QUINHENTOS E SETENTA E SETE POR CENTO.

  22. Li o Livro, mostra como se deu todo o processo de uma forma corajosa, dando ”nome aos bois” coisa pouco comum para nós.
    Em relação ao valor de venda não corresponder ao valor total dos ativos da empresa, corresponde ao controle da empresa, que nesses casos mostrou-se com muito mais valor que a propria empresa.
    E dessa forma mostra que mesmo pagando um valor maior de mercado (que nao é o mesmo que valor de liquidação) mostrou-se um excelente negócio e um erro gravissimo do governo. principalmente pela utilização dos recursos obtidos.

  23. Bom dia, acho que vc esqueçeu de mensionar os investimentos feitos pelo governo federal no periodo de 03 anos antes da privatização. O gargalo da telefonia eram as centrais analógicas, antiquadas e caras, com o advento das centrais digitais tudo ficou muito mais barato, o governo antes de privatizar já haivia comprado as centrais digitais, faltava apenas instalar. Quanto telefonia celular acho que nem preciso comentar não é?
    Nos 03 anos anteriores, o governo havia investido mais de r$ 20 bilhões de reais, onde se pode exergar virtude nisso?

  24. Sugiro aos que estão se digladiando aqui, que comprem e leiam o livro para FORMAR SUA PRÓPRIA OPINIÃO (eu já comprei o meu e já li).
    O livro não se trata de uma briga direita/esquerda, PSDB/PT, ou privatizar/não privatizar. O livro trata de DOCUMENTOS que comprovam movimentações de bilhões de dólares em paraísos fiscais, arapongagem, táticas de espionagem e contra-espionagem, dossiês, controle e pautamento da mídia, brigas internas do PSDB e do PT.
    Embora Serra seja a estrela do livro, atinge PT, PSDB, Justiça, mídia, etc
    E, mais importante, o livro não trata de “suposições”, acusações, ou “fontes”. Analisa apenas DOCUMENTOS registrados em cartório, documentos oficiais da justiça e da CPI do Banestado, escutas telefônicas, etc, ou seja, provas irrefutáveis.

  25. Estatal só serve para encobrir desvio de dinheiro público. Ter menos estatais significa reduzir o poder dos políticos. Quem não acha isso bom só pode estar mal intencionado. Não fossem as privatizações, os políticos já teriam quebrado este país várias vezes. Podem ter certeza.

  26. O assunto principal do livro é a lavagem de dinheiro.
    Quanto a questão das privatizações, foi vendido muito mais do que a Telebrás ou a Vale.
    Quanto a Telebrás, o que aconteceu com as ações? Por gentileza, alguém pode explicar em detalhes…

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