Temos é Uma Inflação de Gargalo

Tenham muito cuidado ao discutir essa inflação que está aí.

Ela não é uma inflação usual, onde o preço sobe para sempre.

Inflações de Gargalos são diferentes.

Elas não significam que seu padrão de vida caiu, e “alguém” precisa repô-lo.

Inflação de gargalo significa que o produto está temporariamente em falta, devido a algum gargalo, no caso da falta de carros pela falta de semicondutores.

Nos países de economias hiper planejadas, eles resolvem criando filas.

Você pode comprar um carro sim, mas a entrega somente será no ano que vem. Por isso não há inflação em Cuba.

Nos países de economias planejadas microeconomicamente, a falta de um produto nesses casos é resolvida por aumento nos preços.

Se você realmente precisa de um carro ou uma ambulância por exemplo, pode tê-lo na hora, apesar da falta, só que por um preço temporariamente maior.

Em vez de uma fila longa, você tem um preço mais alto, e a decisão agora é sua, não do planejamento central.

Dito isso, essa inflação de gargalo deve cair assim que os gargalos forem resolvidos.

Aí teremos deflação, redução dos juros nominais e preços de volta ao normal.

Seu padrão de vida somente cairá se você não tiver paciência.

E graças à sua paciência, não faltarão semicondutores para ambulâncias por exemplo.

Resumindo, esta inflação nada tem a ver com a inflação causada pela impressão de dinheiro de muitos governos anteriores.

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Comentários

14 respostas

  1. A explicação, a meu ver, não é tão simples. “Inflação de Gargalo” significa apenas o bom e velho ajuste normal de mercado entre oferta e demanda. Chamar esse ajuste de “inflação” é, a meu ver, uma imprecisão terminológica.
    O que tem ocorrido em tempos de pandemia é a existência simultânea de dois fenômenos (pelo menos dois…) econômicos: inflação (aumento da oferta monetária) E reajustes de mercado ante a escassez de produtos por interferência direta na economia de inúmeros Estados ao mesmo tempo (factum principis).

    Não houvesse inflação não haveria a necessidade de alterar a taxa de juros básica da economia – não haveria motivo para que fosse exercido o controle da oferta monetária se esta não houvesse se alterado substancialmente, pelo lado da oferta, nos últimos anos.

    Por essa razão, ainda que o ajuste normal de mercado ocorra com muito maior rapidez, os preços não voltarão, com a rapidez que desejamos, a patamares pré-pandêmicos. Porque a oferta monetária sofreu uma injeção de esteroides das boas, o aumentos dos juros, antibiótico comum para tais aflições tecnocratas, demorará a dar resultado. Se funcionar.

  2. Mestre, perdoe-me por discordar. Acho que tem muito a ver com a impressão de moedas e o excesso de estímulos dos BCs pelo mundo afora.
    Forte abraço.

  3. Exatamente, Professor. A manobra da ¨fila X aumento de preços¨ foi feita pela Fiat ao criar o Programa Uno On Line na década de 1990. Quem se lembra? Meu Uno saiu pelo preço de tabela, 6 meses depois da inscrição.

  4. Em pleno século 21 na sua 3a década e com poucos avanços em teorias econômicas de inflação , oferta e demanda , e financeiras e oferta e moeda em mundo complexo com crise de excesso ou falta de liquidez e efeitos novos não estudados até por conta de falta de informação ou desinformação , como por exemplo efeitos China em tudo isso , com pandemia pior , poios com pandemia já era crítico , falar em efeito gargalo ou insistir em oferta e demanda ? não cabem simplificações e nem explicações convencionais. Ninguem explica a pandemia e lockdown mundial do ocidente refém de ações nada científicas . estatísticas chinesas que não tem comprovação , falta de contêineres novamente depois da crise de 2005 e por razões diferentes , desabastecimento na Europa , BCs imprimindo moeda , inflação mundialmente crescente , PIB afetado com recuperação diversa em diferentes economias ? não tem explicação trivial porque as causas não são triviais e nem são aleatórias . Ações em busca de efeitos de diferentes motivações e sem ainda uma coordenação muito bem gerenciada , graças aos céus , o Forum economico mundial ameaçador mas cada vez mais perto de seus intentos e um bando de economistas e administradores ingênuos pensando igual aos anos 80/90 . Wake up guys!

  5. Como sempre brilhante. Gostaria que realizassem a troca de meu email, pois migrei para o Gmail e gostaria de continuar recebendo as mensagens do Prof Kanitz
    Obrigado

  6. Humildemente discordo:
    1 – Existem bens essenciais que simplesmente não há como postergar o consumo;
    2- O mundo possui uma alta dependência dos combustíveis fósseis cuja oferta é regulada pelo cartel formado pelos maiores produtores, impactando os custos seja de produção ou venda das mercadorias;
    3- A deflação, quando ocorrer não será na mesma proporção do aumento verificado;
    4- Por fim, até que se atinja o ponto de equilíbrio entre oferta versus demanda, muitos agentes econômicos poderão ter falidos; assim como se observa já em alguns setores, os sobreviventes podem se tornarem monopólios através de seu poder financeiro, dificultando o movimento de redução de preços
    Em suma, precisamos debater e analisar com maior profundidade tal teoria
    Abraços

  7. Sr. Kanitz,

    Entendi a sua explicação, mas parece que isso no Brasil é uma constante, apesar de sermos um grande negociador de comodities, mas nunca percebemos a deflação no preços, pois quando algo sobe aqui no Brasil, ele nunca diminui de preço… por que será?

  8. Interessante. Mas como se encaixa neste modelo a inflação dos alimentos? Qual foi o gargalo que provocou o aumento nos preços do arroz, da carne, do feijão, do óleo de soja, por exemplo?

  9. Não concordo. Chamamos de inflação ao aumento contínuo e generalizado dos preços e é o que está acontecendo no Brasil, bem aos moldes dos anos 1980.

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