A Esquerda brasileira sempre foi uma opositora ferrenha contra o ensino de administração no Brasil.
Por exemplo, vejam esse artigo recente, “A Guerra Fria e o Ensino de Management No Brasil”.
Associa o ensino de administração a uma tentativa de tomada do poder pelos americanos.
Esse ódio contra administradores por parte da Esquerda é a grande razão do seu fracasso.
Esquecendo que foi o socialista Getúlio Vargas que extinguiu todas as nossas Faculdades de Administração, um dos últimos atos de seu governo em 1945.
O grande problema da Esquerda foi sempre esse.
“Sonhadores” querendo implantar utopias sem o menor conhecimento de como implantá-las.
Em 1918, logo após a revolução Russa, “todos os administradores haviam sido eliminados”, considerados pelos comunistas de lacaios do capitalismo.
Em 1945, Getúlio Vargas impediu a formação nos próximos 40 anos de mais ou menos três milhões de administradores e criou essa bagunça administrativa em que estamos.
Isso para dar espaço livre ao curso de Economia recém-criado, do qual todos os governos de Esquerda dependiam.
Foi essa atitude contra a ciência da Administração que levou ao fracasso todas as ideias socialistas, bonitas no papel, mas um fracasso nos detalhes e na implantação e execução.
Na Rússia, a administração propriamente dita ficou a cargo de engenheiros, e o planejamento central da produção aos economistas em Moscou e suas matrizes produto consumo, distantes da realidade.
Por 50 anos na Rússia houve uma briga constante entre engenheiros e os economistas na questão quantidade x qualidade.
Os economistas queriam ambos, os engenheiros entendiam que o aumento de um implicaria na queda do outro.
Esse é um correto resumo de 60 anos de literatura administrativa no socialismo soviético.
O Conde Matarazzo, desesperado com essa falta de administradores, construiu uma Universidade de Administração em 1955.
Matarazzo queria uma Faculdade como a Bocconi, com valores italianos, que teria sido muito mais apropriado para o Brasil, do que o modelo Americano implantado pela EAESP da FGV e Insper.
Boicotaram Matarazzo até o fim. No acordo que fez com o Governo de São Paulo, devido a seus problemas financeiros, foi obrigado a desativar esse seu projeto e entregar o prédio ao Estado.
Esse prédio é hoje o Palácio dos Bandeirantes, edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo, no Morumbi, símbolo da má gerência estatal de São Paulo. Quanta ironia!
Em 1954, a Marinha Brasileira, preocupada com a má administração do seu arsenal, enviou Geraldo Lins para o Sloan School of Management, já que no Brasil nada se ensinava nessa área.
Foi ele que ajudou a criar a EAESP, gerando essa suspeita da Esquerda brasileira, com apoio da Aliança para o Progresso norte-americano.
E aí, a Esquerda se autodenomina de progressista, fake obviamente.
Para contornar a proibição de Getúlio, criaram um curso de 12 semanas para executivos, o Curso Intensivo de Administração, com a sigla, CIA, santa ingenuidade.
Em 1964 tínhamos somente 164 bacharéis formados pela FGV, e formados para uma realidade que nada tinha a ver com o Brasil.
O modelo italiano, voltado para a empresa familiar, teria sido muito mais apropriado como sabia o Conde Matarazzo, mas cuja experiência foi ignorada em troca de um Oficial da Marinha.
Administradores jamais serão importantes nesse país, isso já me é bem claro.
Perdi minha longa batalha, perderemos a chance de resolvermos rapidamente todos os nossos problemas.
Podem ficar tranquilos, jamais seremos dominados.
No final, nossa bagunça sempre vencerá.
5 respostas
Bom saber da história!
Mas a preocupação do CFA é obrigar por lei,as empresas (mesmo as micro) a contratarem um administrador, bem ou mal formado, para aumentar a arrecadação de anuidades.
Eu tenho essa mesma impressão, de que no Brasil o administrador não é valorizado, até porque nossas faculdades banalizaram o ensino de ADM. Se formam milhares todos os anos, mas infelizmente 99% não exercerão a profissão, um desperdício em todos os sentidos. Até Kanitz, o Administrador que mais admiro e vejo que tem orgulho da profissão, jogou a toalha em relação ao nosso país. Ainda pagaremos caro por isso… e com juros compostos!
Vargas era facista.
Acho que todos nossos políticos deveriam fazer um curso de administração intensivo, antes de iniciarem sua legislatura, com mestres escolhidos à dedo.