Comentários Sobre o Teste de Vocabulário

Cerca de 2.000 seguidores fizeram o teste de vocabulário e postaram seus resultados, suponho que outros 6.000 também o tenham feito, mas preferiram manter em segredo. Óbvio.

Ficou claro que há uma demanda por testes como este. Um futuro Think Tank de Neurociência Educacional deverá criar uma versão mais rigorosa, segmentada por faixa etária, que certamente agradará a muitos pais.

Contudo, foi o único teste que encontrei na internet, de origem americana, com tradução para o português.

Não sei se é possível estimar com precisão o vocabulário de uma pessoa com apenas 50 palavras. No mínimo, o resultado deveria vir acompanhado de uma grande margem de erro — o que não foi publicado, suspeito que utilizaram a margem mais favorável.

Poucas pessoas testaram seus filhos e netos, mas os que o fizeram obtiveram resultados consistentes: um menino de 8 anos sabia 9.000 palavras; outro, de 12 anos, sabia 13.000; e um jovem de 18 anos sabia 18.000 palavras.

Certamente os meus seguidores estão bem acima da média, o que explica os resultados elevados.

Fiz o teste em inglês — meu idioma nativo, inclusive — e obtive 22.000 palavras. Em português, foram 27.500, como a maioria.

Pensando em voz alta: será que isso se deve ao fato de que nossa cultura, como a da maioria dos países latinos, é mais verbal do que matemática? Temos muito mais faculdades de Direito do que de Engenharia, Estatística, Matemática e Administração somadas.

Qual será o tamanho médio do vocabulário por faixa de renda no Brasil? E será que isso realmente faz diferença?

Qual seria o vocabulário médio do brasileiro? Quanto era no passado? Quanto é hoje?

Um indício de que, por 500 anos, nosso vocabulário médio permaneceu limitado é que nossas palavras continuam bem longas.

Pela Lei do Mínimo Esforço, proposta por George Zipf, nossas palavras em português deveriam estar se encurtando com o tempo.

Em suma foi o que aconteceu na Inglaterra: milhares de palavras têm apenas quatro letras porque eram amplamente usadas e, por isso, foram simplificadas. Isso contribui para o inglês ser uma língua mais fácil de aprender.

Peçam a seus funcionários e netos que façam o teste. Obrigado a todos.

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Comentários

Uma resposta

  1. Achei “estranho” os dados utilizados como base, porque há 15 anos, na aula de Português do meu Prof. Aguinaldo Martino, fui informado que o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) continha cerca de 450 mil verbetes, dos quais quase 100 mil eram verbos. Lembro bem, inclusive por meio de anotações da aula, de o Prof. ter explicado que um semianalfabeto utilizava um mínimo de 500 palavras, uma pessoa que concluiu o ensino médio cerca de 1.500, um graduado em curso superior cerca de 3000, e de 5000 a 7000 para quem concluiu um curso superior de letras. O Prof. esclareceu, ainda, que um gênio da língua portuguesa como Evanildo Bechara, Antônio Houaiss ou Carolina Michaelis, por exemplo, pessoas que se dedicaram a vida inteira ao estudo da língua portuguesa, utilizaram cerca de 15mil palavras, e que o maior escritor da língua portuguesa no Brasil – Machado de Assis (e um dos grandes universais) – em toda a sua obra utilizou cerca de 12 mil palavras (sim, algum especialista da área contou!). Gosto muito das postagens do Prof. Kanitz, mas seria importante analisar os dados de referência da pesquisa e comparar com os dados fornecidos há 15 anos pelo meu Professor de Português para saber se a tradução do inglês não deixou a desejar. Vou aproveitar para participar da pesquisa. Ainda assim, parabéns pelo artigo Prof. Kanitz! Sempre trazendo algo novo que nos faz pensar e refletir! Abraços.

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