Há mais de quinze anos centenas de engenheiros vêm avisando que faltaria energia elétrica se o Brasil voltasse a crescer.
Mas será que o Brasil voltaria de fato a crescer?
Foi a resposta a essa questão que tomou todos de surpresa.
Em 1993, quando a inflação batia 30% ao mês, corri o Brasil dando palestras que previam o fim da inflação e dez anos de crescimento econômico.
Muitos na plateia caíam em gargalhadas, cumprimentavam-me no final pela excelente piada.
Delfim Netto que muitas vezes palestrava antes de mim, me saudava na coxia dizendo: “Deixei a plateia do jeito que você gosta”. Isto é, em pânico.
Em 1994, publiquei essa previsão da volta do crescimento em VEJA e no livro O Brasil que Dá Certo.
À época, nove em dez acadêmicos deste país pintavam o pânico.
Da esquerda à direita diziam que o Real era um plano eleitoreiro e que a inflação voltaria.
Muitos jornalistas, infelizmente, acabaram dando mais espaço aos que aconselhavam investir em dólares que aos poucos engenheiros e administradores que alertavam para a necessidade de investir em usinas elétricas.
Com a redução pela metade do preço das geladeiras e dos televisores para vender o dobro, aumentamos o consumo de energia sem aumentar o PIB.
Fomos pegos de surpresa pelos nossos acadêmicos, pelo nosso Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pelo nosso Ministério de Minas e Energia, pelo Ministério da Integração Nacional, pela Aneel, pela Eletrobrás, cinco órgãos de planejamento e integração social.
Estamos vendo, lamentavelmente, desorganização, burocracia e manutenção de interesses políticos.
Aqueles que querem manter esse modelo de planejamento centralizado, achando que o Estado decide e planeja melhor que uma sociedade civil organizada, precisarão antes responder à questão: como é possível tantos órgãos de planejamento serem pegos de surpresa?
Antes de publicar meu livro, tomei o cuidado de analisar a matriz energética deste país.
As respostas que obtive eram tranquilizadoras.
Com um mercado de capitais forte e regras claras para a construção de termelétricas, que requerem somente dois anos para ser construídas, não haveria tantos problemas.
Muita gente tem responsabilidade por essa falta de energia, os acadêmicos são os menos importantes.
Previsões nunca são precisas, claras nem contundentes.
Por isso, países que dão certo criam regras claras, e não planejamento claro.
O grande culpado na realidade é nossa eterna visão de que o Estado planeja melhor que a sociedade civil organizada.
O problema é que nossa sociedade civil não é organizada e sim bem bagunçada.
Mas isso, quem segue este blog e pensa, sabe porquê.
6 respostas
E porque a nossa sociedade civil é tão bagunça da assim? O mesmo acontece com a educação, uma lástima dantesca!
muito bom…. parabéns pelo texto.
O ser humano pode produzir energia baseado nas leis da fisica sem nescessidade de poluir o meio ambiente , M.E.M.C. motor eletromagnetico de movimentação continua
Isso é contra a lei…
A 2ª lei da termodinâmica.
Ruim é que a leitura de artigos de 10 anos atrás que o sr. vem postando ainda são atuais, com os mesmos problemas, as mesmas necessidades. Ou pior, com necessidades aumentadas em 10 anos.
Michel, concordo. Um pequeno detalhe: artigos de 20 anos atras!!