Como Discutir Uma Reforma da Previdência Honestamente

 

Tempo de leitura : 2 minutos

 

Sempre que você estiver diante de um novo problema, liste o que em administração chamamos de “personagens de um problema”.

Liste todas as pessoas possivelmente envolvidas, aquelas que têm algo a perder ou ganhar, aquelas que poderão ajudar ou atrapalhar na análise ou na solução.

Acadêmicos tendem a focar só nos números, no tamanho do deficit, na idade média, na idade mínima de aposentadoria, e assim por diante.

E não é surpresa que jamais implantam suas ideias devido a enorme oposição de personagens que eles esqueceram.

Lendo as propostas de reforma da previdência até agora, a maioria acha que os “personagens” são: os aposentados, os contribuintes e o Estado insolvente. Simples.

E que a solução é aumentar a idade mínima, a arrecadação, ou diminuir fraude.

Mas não é tão fácil assim.

Se alguém quiser discutir este assunto seriamente a questão não tem início de discussão se vocês não fizerem um mínimo de lição de casa.

Neste caso elencando inicialmente todos os “personagens do problema”.

Então, vamos simular o que vocês aprenderiam num curso de MBA.

Coloquem nos comentários todos os possíveis “personagens do problema de uma reforma da previdência”.

Devo adiantar que passam de 15, todos com interesses próprios, que podem ajudar ou atrapalhar.

Vou dar um exemplo para esclarecer o que quero dizer.

Um dos personagens do problema que ninguém está pensando é o personagem “contribuinte prestes a se aposentar”.

E são estes justamente que estão apresentando as propostas de reforma.

Se você não pensar de antemão neste “personagem” você não vai perceber a enorme armadilha nessas propostas.

O “contribuinte prestes a se aposentar” não quer uma solução rápida, que seria necessária dada a gravidade do rombo do sistema.

Não surpreendentemente, eles estão mais preocupados nas “regras de transição” do que qualquer outro item.

E pelo número de anos que estas “regras de transição” devem vigorar, eu aposto que serei capaz de dizer a idade atual do proponente.

Por que uma transição se o problema requer solução imediata? Para acomodar os interesses daqueles que estão formulando a reforma?

Nojento, mas é assim que o ser humano funciona. Não o cientista honesto.

E aí vem a pergunta. Alguém “prestes a se aposentar” é uma pessoa intelectualmente isenta para fazer uma proposta destas? Não.

E uma pergunta ainda mais importante.

Quem seria a pessoa ou grupo de pessoas que poderiam realmente propor uma reforma honesta e isenta?

São eles quem precisamos perguntar e ouvir.

 

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Comentários

8 Responses

  1. Contribuintes recém integrados, contribuintes “no meio do caminho”, contribuintes próximos a se aposentar, aposentados, pensionistas, família do contribuinte, sindicatos, empresas e empresários, investidores, fazenda, tesouro, poder legislativo, “indústria” dos fundos de pensão, órgãos reguladores, estados e municípios…
    A meu ver, os recém integrados seriam os principais a serem ouvidos: pensamento de longo prazo para o investimento dos recursos fornecidos.

  2. Lovely Teacher. Conhecendo-o como eu o conheço, faço a seguinte sugestão: (lembre-se, as grandes soluções geralmente nascem de uma pequena porralouquice). Desenvolver um plano de capitalização para uma previdência que leve em consideração os “USOS E COSTUMES” combinado com o que eu chamo de “previdência familiar” que funcionaria da seguinte maneira: dos 0 aos 20 anos, pais sustentam filhos; dos 20 aos 60, cada um por si e finalmente dos 60 em diante, filhos sustentam os pais. PRONTO, nenhuma previdência quebraria. Agora, zero exceções: nada de aposentado que nunca contribuiu tipo, trabalhador rural, “solteironas”, LGBT´s da vida. ZERO EXCEÇÕES!!! Talvez de braços dados com Antonio Penteado de Mendonça a quem respeito muito e considero um dos maiores atuários na praça

  3. Sr. Rudolf… a sua sugestão não é “social”.. pois os que estão entre os 20 e 60 terão de sustentar a si mesmos (seus filhos) e aos pais!!!! Como fazer isso no Brasil onde os salários de um trabalhador é ridiculamente baixo? Vamos virar o Afeganistão assim.

  4. Acredito que a questão principal é a seguinte: Será que o montante arrecadado com a Previdência é utilizado SOMENTE com a Previdência? Ou esse valor é utilizado para cobrir outros gastos do governo? Caso a primeira opção seja verdadeira cabe realmente a discussão. Caso não seja, estamos no caminho errado. Temos que discutir como baixar os gastos do governo a fim de que o valor direcionado para a Previdência social seja totalmente utilizado nesta.

  5. Não é justo colocar na conta da previdência as aposentadorias daqueles que nunca contribuiram, a exemplo dos trabalhadores rurais e idosos, A conta destes dois deve ser da união e não da previdência especificamente.

  6. Um personagem importante, e ausente do roteiro proposto pelo governos, é o servidor público já aposentado com valores altíssimos (decorrentes de uma ou mais aposentadorias). Por que os demais atores precisam se sacrificar para sustentar o privilégio deses?

  7. O primeiro grupo que veio a minha mente foi o dos já aposentados. Como eles tem “direitos adquiridos” a reforma não os afetaria, tornando-os isentos. Por outro lado, esse distanciamento pode levar à grandes flutuações. Podem criar uma reforma muito severa ou muito branda.
    O segundo grupo, aquele que me parece mais razoável, é o dos jovens entre 20 e 30 anos. Eles estão no mercado de trabalho e a maior parte gostaria de se livrar do peso que são os aposentados, ou seja, reforma mais dura. No entanto, esses jovens que se livrariam de um peso agora teriam de se aposentar por essas mesma regras no futuro. Por conta desse contra-peso( alívio agora, mas rigor no futuro) acredito que os jovens antes dos 30 sejam as pessoas mais honestas nessa questão.
    Obs: não sei se tecnicamente algum jovem nessa idade tenha conhecimento para realizar tal tarefa, mas estou analisando somente o ponto de vista moral, não técnico.

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