Como Salvar as Pequenas e Médias Empresas?

Artigo escrito em 2003, sobre a necessidade de se criar uma política pró Pequena e Média empresa, algo que a Dilma está incentivando com o convite ao Guilherme Afif, administrador pela Faculdade São Luiz.

Será o quinto administrador de um Governo Petista, após Meirelles, Fontana, Rodrigues e Gleisi.

São as pequenas e médias empresas que geram emprego, aqui e mundo afora.

Hoje em dia as grandes empresas desempregam mais do que contratam.

Mas, em vez de fortalecer a pequena empresa, quase todos os governos do Brasil a ignoram ou a enfraquecem.

As pequenas e médias empresas são tipicamente dirigidas pela classe média alta, em torno de 10% da população brasileira.

Se cada membro da classe média empregasse 10 funcionários, não teríamos desemprego neste país.

Teríamos 100% da população empregada, por definição.

Hoje, com os inúmeros cursos disponíveis de administração, gerenciar uma empresa com dez pessoas não é coisa do outro mundo.

O difícil é abrir e manter uma pequena ou média empresa no Brasil.

A maioria das leis, voltadas para conter a grande empresa, acaba contendo a pequena e a média.

Entre no Google e pesquise os assuntos mais tratados pelos nossos acadêmicos – os temas mais frequentes são juros, inflação e câmbio.

“Pequenas e médias empresas” raramente fazem parte do temário de discussão.

Ajudar a pequena e a média empresa a crescer, é discurso eleitoral, na prática são as grandes que valem.

Estamos assistindo a uma sistemática destruição desse setor no Brasil, de roldão, de nossa classe média.

Os ricos com suas grandes empresas já não criam mais empregos e os pobres não têm como gerá-los.

De vinte anos para cá, além de aumentarem os impostos, reduziram os prazos de pagamento desses impostos de 120 para quinze dias.

Hoje, as empresas precisam pagar 40% de sua receita ao governo antes de receber de seus clientes.

Repito, 40% da receita é a média dos impostos no Brasil, e eles tem que ser pagos em 5,15, 35 dias depois da produção, e não depois do recebimento do cliente.

Se faturar o seu cliente 30 a 60 dias, você estará pagando os impostos para o governo, antes de receber do cliente.

Com esta substituição tributária, onde se paga imposto antes de receber do cliente e não depois, irá liquidar o que resta do setor privado brasileiro.

O capital de giro dessas empresas já sumiu; em vez de financiar a produção, financia o governo.

Não é a economia informal que está crescendo, é a economia formal e a classe média que vêm sendo destruídas, e rapidamente.

Estudo realizado pelo Sebrae, e apresentado por Alencar Burti, estima que 31% das pequenas empresas quebrarão nos próximos anos.

Ou seja, não somente não irão empregar ninguém como vão desempregar aqueles que já têm emprego.

Não é exatamente uma previsão fora de propósito 90% delas não possuem mais capital, muito menos capital de giro.

Se levarmos em conta os encargos fiscais em atraso, os Refis, os processos trabalhistas a pagar, a maioria está com patrimônio negativo, ou seja, encontra-se literalmente quebrada.

Muitas não fecham imediatamente porque não podem pagar os elevados custos da demissão dos funcionários.

Nossos índices de desemprego estão errados. Já temos milhões de potenciais desempregados, que não entram nas estatísticas.

A maioria dos pequenos e médios empresários nem pensa mais em crescer, mas em vender suas empresas assim que tiver um comprador.

Até recentemente, as empresas médias sobreviviam sonegando um ou outro dos 46 impostos a pagar.

Sonegavam o suficiente para se manter vivas.

Hoje não dá mais para sonegar.

Ou se sonega tudo, devido ao excelente controle e amarrações entre os órgãos arrecadadores, ou não se sonega nada.

Como sonegar todos os impostos dá cadeia, e não sonegar nenhum significa falência em alguns anos, a saída é fechar a empresa assim que for possível.

Entre abrir uma pequena empresa e arrumar um emprego público, os filhos da classe média estão preferindo a opção mais segura. E eles têm razão.

Quando baixarem os juros dos empréstimos, nossos intelectuais vão descobrir que não haverá mais classe média para tomá-los, não haverá administrador de empresas querendo administrá-los, não haverá engenheiro querendo empregá-los.

Em sua opinião, quem tem mais condições de gerar os empregos de que este país necessita?

Nossos intelectuais, nossos acadêmicos bem intencionados, nosso governo ou nossa classe média?

É uma interessante questão para ser pensar.

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Comentários

10 Responses

  1. Ótimo artigo. Hoje tenho uma empresa ativa, e tenho maquinário para iniciar uma industria de alimentos. Estou neste pensamento: até onde é viável iniciar uma linha de produção? estou colocando tudo na balança, e ela está pendendo do seguinte lado: vendo o maquinário, alugo o galpão, vendo a empresa ativa e com o dinheiro compro mais algum imóvel para alugar, e viverei com renda, sem riscos, sem preocupações, com tempo para viajar e para dedicar-me à família. Um grande abraço.

    1. O governo está estimulando o país para uma queda na produção,
      dificultando a vida de empresários ativos e em potencial, e um aumento
      daqueles que não querem trabalhar, sendo sustentados pelos programas
      sociais. Juntando a isso o fato de a maioria da população não querer ser
      empresário ou trabalhar no setor privado.

      Em breve não teremos empresas para produzir e estaremos lotados de funcionários públicos e beneficiários de programas sociais para consumir o pouco que será gerado pelas empresas estrangeiras instaladas em nosso país.

    2. Viver de aluguel também não é tão fácil, você precisará reaprender algo, como reservar uma boa parte do que ganhar para uma época que o imóvel ficar desocupado ou um inquilino não conseguir pagar, e, é muito difícil fugir dessas duas situações, o Brasil cor de rosa só existe para políticos e bilionários, e, bilionários que tiverem alguma ligação com os políticos dos governos

  2. O artigo é tão interessante quanto exagerado e pessimista. A coisa toda é difícil e deveria ser facilitada, mas a Classe Média Alta não acabará, apesar de acabar pagando a conta.

  3. Há um bom tempo já se vê este desastre acontecendo em nosso País e
    nenhum inteletual ou político faz efetivamente algo para mudar a
    situação. Na verdade o que eles querem é destruir a pequena empresa,
    ficando somente as grandes, monopolizadas e oligopolizadas, com um
    mercado restritivo e impeditivo à novos competidores. Para quem não
    sabe, Isto é exatamente objetivo do socialismo/comunismo.

  4. É Realmente fato, as empresas só sobrevivem sonegando impostos ou renegociando dividas de impostos para que um dia abra o processo de falência, agora mais complexo com o novo sistema fiscal interligado, no caso de você ter sua com débitos de impostos, a receita bloqueia automaticamente em processo denegado para emissão de notas.
    Reforma Tributaria deixou de ser um sonho e passou a ser um questao de sobrevivencia, ou mudamos o nosso regulamento tributario ou teremos uma crise imensa vindo por ai. Pois se já nao fosse o bastante as empresas terem seus problemas financeiros tributarios, agora temos um agravante para os proximos anos, grau de endivadamento da classe media, o Boom imobiliario que o brasil esta vivendo esta comprometendo a renda da maioria das familias de classe media que estao tendo que pagar o financiamento da Casa, dos moveis novos, e do carro. Com isso o comercio de bens nao duraveis, comercio de mercadorias de baixo valor, entre outros estarão entrando em longo periodo de baixa vendas, espero que eu esteja errado mais acredito que esta escassez de compradores que alavancam o comercio possa ocorrer nos proximos 4 anos, mais ou menos 2 anos apos as olimpiadas.

  5. Professor, concordo plenamente com o senhor, trabalhei por 15 anos, para depois abrir um microempresa, já se vão 13 longos anos, de muita luta e dedicação integral, ao negócio, me considero um vencedor, por ter passado e vencido todos estes percalços. Adaptação de mercado, e produtos, conhecendo e identificando as necessidades de nossos clientes. Agora do governo apenas propaganda, nada de bom e concreto sai. Veja o caso do Bndes, mesmo com o cartão de crédito vinculado a alguma bandeira dos bancos conveniados. Todo o critério de avaliação e distribuição fica a cargo dos gerentes e sua boa vontade. Preencher no site e solicitar é fácil. Sem falar nos impostos, onde fica o projeto do simples progressivo, parado no congresso a quanto tempo. Infelizmente quem empreende no Brasil, precisa ter apenas uma coisa coragem e perseverança, ao extremo, pois apoio, nem desta secretária especial de micro e pequenas empresas, com Afif, e tudo mais, será apenas mais uma com status de ministério.

  6. Infelizmente é dessa maneira. Minha família tem uma empresa de móveis e cada dia vejo as dificuldades se agravando. Prorrogação de títulos de fornecedores, protestos em cartórios e etc. Móveis e eletrodomésticos sempre foram um bom ramo no geral, mas as vendas caíram cerca de 40/50%. O que resta e mantermos a perseverança, coragem e cabeça erguida.

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