Erronomics 21. O Supremo e os Planos Econômicos

 

O Supremo está entre a Cruz e a Espada, entre ser justo e quebrar os bancos brasileiros, ou ser injusto e olhar o futuro.

 

Novamente o Supremo será colocado numa saia justa para decidir sobre as indenizações para os investidores da caderneta de poupança que tiveram suas poupanças sequestradas por planos de combate à inflação.

Para entender o imbróglio, precisamos mais uma vez remeter ao decreto lei 7988/de 1945, que fechava as escolas de Administração e Finanças.

Fruto deste fechamento, nunca desenvolvemos um índice de correção monetária adequado para os poupadores.

Nossos professores no poder, por ignorância financeira, usavam os mesmos índices de correção de salários do trabalhador referente ao trabalho médio MENSAL, para corrigir a poupança que é resgatada DIARIAMENTE.

O poupador quer correção até o DIA que retirar seu dinheiro, e não a inflação média, até o dia 15 do mês, mais ou menos.

Neste casos a inflação deveria ter sido calculada PONTA A PONTA, como definem administradores financeiros, e não MÉDIA a MÉDIA do mês.

Você que saca sua poupança no final do mês, acha justo receber a inflação até o verde, ou acha justo receber até o vermelho?

 

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Os Ministros e seus assessores dos diversos Planos usavam erroneamente o mesmo índice para estes dois tipos de correção. O gráfico acima mostra a diferença.

Fica faltando, neste caso, 7% de correção, para quem resgatava no final do mês.

A inflação não computada do dia 15 até o dia 30 era mais do que conhecida por estes Ministros e seus economistas, chamavam isso de Carry Over, ou Resíduo, que era a inflação que ficaria para o mês seguinte.

Já escrevi sobre este Erronomics, do fato da Ciência Econômica nunca ter criado o conceito de Taxa de Câmbio Intertemporal entre uma mesma moeda em períodos e poderes aquisitivos diferentes, semelhante a Taxa de Câmbio Geográfico, e entre duas moedas no mesmo momento, mas em países diferentes.

Mas nos Congelamentos dos Planos, este Carry Over era simplesmente garfado, porque “ninguém entenderia como poderia haver inflação depois de um congelamento“.

Para não prejudicar os trabalhadores, todos os Planos davam um aumento do salário mínimo igual ao Carry Over, sem informar o motivo, mais um populismo barato para vencer as eleições, e mentiroso.

Os Grandes Capitalistas perderam estes 7% em suas aplicações com Títulos de Tesouro, mas na mão do governo. Aceitaram esta garfada como parte do jogo, afinal o fim da inflação faria o Brasil crescer finalmente, e eles recuperariam as perdas de outra maneira.

Mas foi o pequeno poupador e seus advogados que ficaram inconformados e entraram na Justiça, e obviamente ganharam a causa em todas as instâncias.

Agora o Supremo está entre a Cruz e a Espada.

Entre ser justo e seguir a Lei e a Justiça, ou quebrar os bancos brasileiros com enormes consequências para os próprios poupadores.

Deontologia ou Teleologia novamente.

A LC Associados estima a quebra em torno de 600 bilhões para os Bancos e Caixas de Poupança, e uma redução de crédito no Brasil de 1 trilhão gerando uma enorme recessão em 2014 e 2015.

Bresser Pereira, o ex Ministro da Fazenda que fez o Plano Bresser, um dos verdadeiros culpados deste imbróglio todo, culpa os Bancos porque “não chamaram economistas competentes para defender seus interesses“. Estado de São Paulo 27 de Novembro. Veja a hipocrisia do pessoal. É muito triste, e a imprensa tucana acredita neste seus gurus.

Foi Ulysses Guimarães que não chamou a pessoa correta, foi ele quem convidou Bresser Pereira.

Presidente Sarney havia convidado o Administrador formado pela FGV, Tasso Jereissati para ser Ministro da Fazenda, e foi vetado pelo PMDB. Lembro-me de tê-lo encontrado em Brasília neste dia, felicitei-o ainda não sabendo do veto de Ulysses Guimarães.

Como se comentava nas faculdades de administração na época destes planos que não davam certo, “o estrago que um único economista faz, nem 1.000 administradores consertam“.

Este estrago de 1 trilhão de reais, que o supremo não poderá deixar de dar, nem 100.000 administradores consertarão.

Se o Supremo, agora na mão do PT, der ganho de causa aos Bancos em detrimento de 10 milhões de pobres poupadores da caderneta estaremos em apuros, de fato. Deixará de ser um governo de esquerda, e sim o governo …… melhor não falar.

Mas esta é a consequência do Decreto Lei 7988 de 1945, preferir um Economista da FGV a um Administrador da própria FGV.

Algo para se pensar, porque eu não posso ficar mostrando estas mazelas sozinho, porque sem respaldo dos demais 2 milhões de administradores, advogados, engenheiros, parece que o equivocado sou eu.

 

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Comentários

3 Responses

  1. Tudo bem, estamos falando de corrigir o passivo dos bancos, mas sabemos que também deveremos corrigir seus ativos? Quem vai pagar esta conta?

  2. Reflexões importantes, mas:
    – porque imprensa tucana? o grosso da imprensa brasileira não pode ser assim qualificado, e as mídias abertamente tucanas não são únicas em acreditar em gurus
    – embora esses planos múltiplos tenham de fato fustigado o Brasil, e uma mentalidade administradora seja necessária, não consigo concordar com essa sua contraposição maniqueísta entre administradores x economistas
    – a mim parece que a aceitação explícita ou subliminar dessas soluções mágicas embutidas nos vários planos esteja mais relacionada com um estado do inconsciente coletivo brasileiro, que é imaturo a ponto de acreditar nesses gurus

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