De tempos em tempos, um pequeno e médio empresário me procura depois de uma palestra para comentar com uma certa dose de orgulho que conseguiu sobreviver a todas estas turbulências destes últimos anos.
“Quantos dos meus colegas tiveram que fechar as portas por causa das importações de produtos do mundo inteiro. Uma loucura!
Mas felizmente para o meu negócio, ninguém conseguiu importar produtos mais baratos do que aqueles que eu produzo. Eu acho que sobrevivi. Ainda bem.”
Pelo menos alguns pequenos empresários não foram afetados pela abertura mais ou menos abrupta das nossas portas comerciais com o resto do mundo.
Infelizmente, estes pequenos empresários não estão percebendo algo de suma importância para os seus negócios e o futuro do Brasil.
Estes empresários não estão percebendo que não são somente meros sobreviventes de um mal pior chamado globalização.
Se nenhum importador conseguiu trazer um produto mais barato do que o seu, a empresa em que você trabalha é muito mais do que uma simples sobrevivente. Provavelmente, ela é a produtora mais barata do mundo neste setor específico.
Se estes pequenos empresários percebessem que na realidade eles têm o mercado mundial aos seus pés, que mesmo com este câmbio erroneamente considerado desajustado eles são os produtores mais eficientes do mundo, suas estratégias deveriam ser totalmente diferentes.
Em vez de sobreviver, deveriam partir para o ataque, ou seja, começar a exportar o seu produto para o mundo.
Não somente estariam quintuplicando o seu lucro e sua produção, mas estariam ajudando o Brasil a resolver o seu problema de balança comercial.
Os que vêm insistindo em desvalorizar o nosso câmbio que me perdoem, uma solução típica de lobistas que lutam pelas grandes empresas eternamente subsidiadas, e que têm dinheiro para contratá-los.
Mas tem muita pequena empresa que não tem lobista para defendê-la.
Comunicações baratas, internet e outros recursos têm possibilitado empresas cada vez menores a entrar no mercado internacional.
Não é o câmbio que está defasado, são nossas estratégias de exportação.
O Brasil importa somente 20% de produtos finais, carros importados por exemplo. Oitenta por cento são bens de capital e matéria prima.
O câmbio considerado ‘defasado’, sobre estes itens em particular, fazem nossas exportações mais baratas e competitivas.
O problema é que poucos perceberam que a simples sobrevivência é uma análise pequena da situação.
Na realidade, ela é uma indicação da possibilidade de enormes exportações, que infelizmente não está ocorrendo.
Pequeno e médio empresário, se quiser ser uma empresa grande a exportação é o melhor caminho, especialmente para quem tem o menor preço do planeta.