Petrobras e Sua Política de Preços

 

Sete meses atrás o Conselho de Administração da Petrobras, que não possui administradores apesar do nome, decidiu que nem a Petrobras nem os economistas do Ministério da Fazenda determinariam mais os preços dos seus produtos.

Quem determinaria os preços, daquele momento em diante, seria o “mercado”, que é o maior preço que a média dos brasileiros estariam dispostos a pagar.

Aquele em que há “equilíbrio de mercado”, onde compradores igualam vendedores.

Mas pasmem, seria o preço diário do mercado americano. O maior preço que os americanos estariam dispostos a pagar.

Em administração, os preços são determinados pela própria empresa.

Todo processo começa com o Depto. de Custos que determina o preço unitário do produto. Uma tarefa nada fácil, o processo não é tão simples quanto parece.

Isso é coordenado com o Depto. de Planejamento, onde economistas contratados estimam o potencial de vendas.

Aí soma-se o custo do capital, outra medida complicada, mais impostos, e finalmente a parte mais subjetiva.

Qual a margem de lucro que queremos obter?

Espero que o leitor já perceba que esse processo é interno e não externo como achava Adam Smith.

Esse processo todo não se dá em um único dia, por isso não existe essa história que se implantou na Petrobras, de preços diários.

Estes preços são determinados para seis meses, faça sol faça chuva.

Isto porque vendemos a intermediários e eles também têm problemas de políticas de preços.

Produtos levam tempo para vender, consumidores namoram o produto às vezes por meses. Vendemos também via contratos de fornecimento, e assim os preços não podem variar ao sabor do “mercado”.

A fúria dos caminhoneiros é que muitos já haviam negociado o valor do frete.

“Ofereci levar por R$25.000,00 e me espremeram para somente R$ 18.000,00, bem apertado, me deixando zero margem de erro.

No decorrer da longa viagem a Petrobras aumentou o diesel quase todo santo dia, e eu acabei fornecendo de graça. Estou revoltado com Pedro Parente e o Conselho de Administração que aprovou essa nova política de preços.”

E com razão, mais Drucker menos Smith.

P.S. Cinco dias depois deste artigo os caminhoneiros fecharam acordo com a Petrobras de reajustes mensais, e não mais diários.

 

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Comentários

3 Responses

  1. Data vênia, professor: para commodities globais, entendo que a fórmula dinâmica do net back dos preços de mercado é a mais adequada e transparente para adoção por empresas com ações negociadas em bolsa. O governo que entre com subsídios, se for o caso, para. “Estabilizar” os preços…

  2. Caro Stephen, a função do administrador é maximizar o valor para os acionistas da empresa que ele administra, correto? Então se o produto dessa empresa é uma commoditie e é vendido facilmente fora do país por um preço maior que no mercado interno, ele deve vender somente para o mercado externo ou aplicar o preço do mercado externo no mercado interno. Nenhuma empresa consegue colocar preço em commoditie, a nao ser que ela domine a oferta desta commoditie. Tenho certeza que o senhor sabe disto. Portanto não entendi o objetivo de seu comentário.

  3. Fazendo algumas contas:

    Conforme relatório do API* , o preço médio da gasolina nos USA é de US$2,85 por galão. Considerando o dólar a R$3,71 e o volume do galão 3,8 litros, resulta em R$2,81 / litro.

    E conforme o relatório da ANP**, o preço médio da gasolina no Brasil é de R$4,47 / litro.

    Uma diferença de 59% ! Isso explica melhor as “revoltas” do seu artigo.

    * API
    https://www.api.org/~/media/Files/Oil-and-Natural-Gas/Gasoline/US-gasoline-distillate-update.pdf

    ** ANP
    http://anp.gov.br/preco/prc/Resumo_Semanal_Combustiveis.asp

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