O Controle dos Meios de Produção
De 1890 a 1920, a questão considerada estratégica das empresas era crescer sem perder o controle do capital da empresa. As empresas eram essencialmente familiares e os empresários queriam garantir emprego para os seus filhos.
Por volta de 1920, as famílias americanas perceberam que era melhor ter 25% de uma empresa enorme, do que 100% de uma empresa pequena.
Começaram a ativamente treinar administradores profissionais para substituírem os seus filhos, a maioria incompetente, e criar estruturas profissionais.
Este desenvolvimento permitiu o rápido crescimento das empresas, da produtividade, a cooperação humana em grupos cada vez maiores. De empresas de 40 funcionários hoje temos cooperação entre 40.000.
Este crescimento vertiginoso e a transformação da empresa familiar em empresa democrática de capital aberto resolveu o problema de escassez de capital.
Tornou também toda a análise de Karl Marx de ponta cabeça, já que o controle do capital e escassez de capital que ele previra, não ocorreu.
Empresas se tornaram maiores, mas com lucros menores. A concentração de capital não ocorreu, pelo contrário, houve a maior descentralização e democratização do capital na história do Ocidente.
A concentração de capital ocorreu justamente nos países que adotaram a tese do economista Karl Marx, a saber Rússia e Cuba.
O Controle do acesso a Matéria Prima
Resolvido o problema de capital, o sucesso dependeria agora de acesso ilimitado às matérias primas.
Daí surge a fase do Imperialismo Americano, a corrida pelo controle das colônias da África pelos europeus, a General Foods. etc.
Movimento corretamente detectado por Lenin, e que deu origem ao movimento Leninista, também chamado de Marxismo Leninismo.
Porém, com o tempo percebeu-se que os locais sempre venderiam as matérias primas pelo melhor preço, sem considerar questões nacionalistas.
Com as lutas nacionalistas de independência dos povos da África e rebeldia dos países latino-americanos, as grandes empresas descobriram que apesar de independentes, estes países continuariam a exportar as suas matérias primas.
Os movimentos de libertação promovidos pelo Marxismo e pela União Soviética foram bem sucedidos, mas ao deixarem o Marxismo nestes países libertados eles jamais adotaram as técnicas administrativas que estavam sendo criadas nos Estados Unidos, e nunca desenvolveram empresas próprias para usarem estas matérias primas.
Os Estados Unidos até hoje recebem petróleo da Venezuela, apesar de Chávez considerá-los “o grande inimigo”, e rejeitam todas as formas de profissionalismo das empresas bem administradas.
Controle da Tecnologia
Em 1950, resolvido o problema de suprimento da tecnologia, o estratégico para as nações passou a ser a inovação tecnológica, a pesquisa de ponta e gastos com R&D, feitas não nas Universidades como antigamente, mas nas próprias empresas.
Foi o grande surto de pesquisas pela ATT, MIT, Xerox, IBM, etc.
Este modelo desmoronou de certa forma com o notório fracasso da Xerox, cuja divisão Parc inventou o mouse, o Windows, o GUI, o micro computador. Gastaram fortunas em pesquisas sem ter criado um mercado para si.
Jovens como Bill Gates e Steve Jobs, com verbas ínfimas, roubaram a cena. Yahoo, Google, Amazon começaram por alunos e empresas registradas nos dorms.
Empresas perceberam que nem sempre pesquisas têm de ser feitas in house, e que muito poderia ser comprado via empresas startups.
Controle da Marcas
Em 1960 e 1970, o que era estratégico para uma empresa passou a ser o controle das marcas.
Foi a era das grandes agências de propaganda, das enormes verbas de propaganda, da Madison Avenue, das campanhas na TVs e assim por diante.
Foi um período frenético de verdadeiras guerras publicitárias, tipo Avis contra Hertz, Coca Cola versus Pepsi Cola.
O objetivo era a fidelização do cliente.
Controle dos Canais de Distribuição
Finalmente em 1990, com produtos com comparável qualidade, o esforço estratégico passou a ser controlar os canais de distribuição.
Foi a era das franquias, do crescimento da Walmart.
Estamos no auge de uma luta de esquerda e direita porque ambas estas facções políticas não perceberam que a Democratização do Capital – a pulverização acionária, significa que ninguém controlará nossas empresas para proveito próprio, uma solução salomônica e democrática.
Não adiantará baixar os juros, porque não haverá crescimento algum se nossas empresas têm o objetivo de maximizar o controle acionário e não maximizar seu crescimento. Dois objetivos incompatíveis entre si.
Ao contrário do que muitos sociólogos e economistas pensam, o que move o empresário brasileiro não é a ganância ou a maximização do lucro, premissa básica da ciência econômica que lhe fornece movimento e previsibilidade. Empresário brasileiro ainda maximiza controle acionário, o que garante estagnação e conservadorismo.
Estamos ainda em 1890 nas questões de gestão administrativa das nações, somos um país administrativamente atrasado.