Mergulhei no Metaverso

Meu amigo de adolescência Alain Belda me deu um dos melhores conselhos da minha vida, e que de fato a mudou.

“Stephen, mergulhe de cabeça em toda tecnologia nova que aparecer. Seja o primeiro a dominá-la, não um dos últimos.”

Ele também seguiu seu conselho e se tornou Presidente Mundial da Alcoa.

Na USP aprendi a programar um dos primeiros computadores no Brasil, um IBM 1130.

Em 1997, logo no seu início, mergulhei na internet e criei o voluntarios.com.br, quando .org nem existia.

Comprei ações da Apple logo no início. (mas vendi cedo demais)

Como o futuro é metaverso, gastei o último mês brincando de realidade virtual.

Vejam o que eu fiz.

1. Pela primeira vez na vida pulei de paraquedas.

2. Fiz kite surfing.

3. Fui em um navio quebra-gelo até o polo norte. (decepção)

4. Fui para a Finlândia ver a aurora boreal. Fantástico os primeiros 15 minutos, depois cansa.

5. Subi num balão.

6. Aterrissei num porta-aviões.

7. Fui até a Base 5 do Everest.

8. Fui para o Kenya ver os animais de perto.

9. Fui para a Estação Espacial, e fiz uma saída externa. Fantástico!

10. Esquiei na França.

11. Assisti uma cirurgia.

12. Obama me explicou em detalhes a Casa Branca.

13. Assisti um show da Lady Gaga na primeira fileira.

14. Fui para Petra, Londres, Nova York, Roma.

15. Joguei golfe e ping pong.

Mas duas experiências realmente me abalaram.

Num filme virtual eu era um prisioneiro numa cela com doze presos.

Uns oito presos conversaram comigo, todos mal da cabeça.

Visitei as celas e as instalações. Um horror!

Bastaria botar jovens traficantes neste metaverso por umas cinco horas para entenderem quão difícil é manter a saúde mental depois de preso.

Outro filme que me chocou foi uma entrevista de um preso há oito anos numa solitária. Desumano!

A outra experiência interessante foi seguir a vida de um médico no seu plantão.

Isso me remeteu a um projeto que não consegui implantar.

Há 40 anos procurei a TV Cultura para propor um programa “Um Dia Na Vida” onde filmaríamos literalmente um dia na vida de todas as profissões.

Como professor da USP sabia que metade dos alunos haviam escolhido as profissões erradas, por falta de informações.

Jogamos 75% do que gastamos em educação superior fora, porque não damos treinamento vocacional.

Quando surgiu o Twitter, agrupei doze profissionais de profissões diferentes, e repassava o que tuitavam dia a dia.

Agora se alguém quiser ficar rico é só criar vídeos VR “Um Dia na Vida”.

Para que estudantes indecisos sintam na pele um dia na vida antes de escolher uma profissão.

Quem se anima?

P.S. Oculus Quest 2 Preço R$ 2.500,00

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Comentários

13 respostas

  1. Muito interessante.
    Sou um curioso por natureza.
    No final dos anos 70 tomei contato com um computador pessoal – antes havia cursado alguns meses de programação COBOL na Borroughs- e a partir daí sempre mantve contato estreito como usuário até hoje. Em minha formação profissional e nas diversas atividades em que me dediquei sempre tive dispositivos eletrônicos me acompanhando ( agendas eletrônicas, Palm, telefones sem fio, celulares, laptop e acessórios).
    Meu alerta quanto ao metaverso é de as pessoas entrarem em busca de algo que não conseguem ter no mundo real.

  2. Bom dia, Professor.

    Sou seu fã desde que li uma matéria sua na revista Veja que falava sobre a necessidade das profissões e de gostar do que se faz.
    O seu amigo tinha toda a razão sobre as novas tecnologias. Quanto antes dominar melhor. Tenho um exemplo prático: um ex-aluno meu da faculdade de engenharia civil na minha cidade estava no meio do curso quando surgiu o Revit (programa computacional para desenhos em 3D). Comentei com ele e o mesmo foi atrás e consegui dominar o programa quando quase nem se falava nele. Resultado: montou uma empresa para dar cursos de Revit para engenheiros.

  3. Mergulhar de cabeça naquilo que muda constantemente não me parece animador tanto quanto é volúvel. Algumas coisas não mudam e são essas que mais foram me interessando conforme fui vivendo. Aprendo a me refugiar naquilo que não muda ou muda lentamente de acordo com novos estudos e são essas coisas que vão fazendo-me entender um pouco mais as constantes que nos regem por aqui e desligar-me deste mundo sabidamente sem saída traumática.
    Para fazer dinheiro, acompanhar as novas tecnologias é de fato importante. Mas não é a única forma de fazer dinheiro. E taí uma questão variável. O dinheiro nunca é demais, o que pode ser demais é aquilo que se faz para conquistá-lo.
    O melhor conselho que eu já ouvi (e tardiamente na minha vida!) sobre escolher uma profissão foi do Olavo de Carvalho: procure fazer aquilo pelo qual você descobre que é mais RESISTENTE para exercer a tarefa diariamente. Após duas décadas como um profissional liberal, dou total razão a ele.
    Abraço, caro prof. Kanitz.

  4. Bom dia, querido professor!

    Duas coisas fora do assunto principal me chamou a atenção: a escolha errada na formação e a sugestão para o traficante.

    A escolha na profissão tem mostrado casos terríveis! Um amigo se formou em Química, em uma boa faculdade. Só depois de formado (e trabalhando!) descobriu uma profunda alergia a produtos químicos… Acabou trabalhando com telefones e uma série de negócios, que não lhe deram a alegria ou estabilidade sonhada. Faz 50 anos.
    Tenho um amigo, médico anestesista, que é um sucesso profissional e pessoal. Graças à condição do pai, seus dois filhos decidiram estudar algo “não tão convencional”. A menina fez Cinema e o garoto, Designer de Produto. Não aparece emprego para nenhum dos dois e não há como se estabelecer. Ela vivem de bicos e, claro, do pai. Acreditam fielmente que a culpa de seus males é do governo e do Capitalismo, e se tornaram ferrenhos militantes da esquerda. Há tempos, EXIGIRAM que o pai votasse num determinado candidato, não falam mais com ele (mas exigem as mesadas: afinal, nasceram por culpa dele). O pai não declarou o voto…

    Quanto ao jovem traficante, acredito que metaverso nada mudaria. Ele não é traficante por ser pobre ou, eventualmente, negro. George Washington Carver era negro e pobre. Ele (e milhares de outros) se tornam traficantes por absoluta falta de Educação. Quando vi o projeto do CIEPS do Brizola, me entusiasmei. Ledo engano: foram apenas uma ou duas unidades para servir de propaganda. As (poucas) escolas em áreas carentes são feudos de ideológicos e de traficantes, com o solene compromisso de NÃO ensinar.

    São problemas para muita reflexão. Obrigado por nos levar a pensar!

    Abração!

  5. Professor, aliado a tudo isso, esse esplendido desenvolvimento técnico-material, não temos noção do que sempre estará por vir em questoes tecnológicas, para o bem estar e a nossa qualidade de vida. Mas, a questão principal, relativo ao homem, está muito visível e transparente e que nos acompanha, há 5782 anos. Nossa essência como humanidade, evolutivamente nada aconteceu, ou melhor, muito pequena e muito sensível, frente às nossas ações, comportamentos, para com o próximo. Nada evolutivamente desde Adão e Eva. As más inclinações, os maus comportamentos, o assassinar o próximo, o ter inveja do próximo, as más virtudes, ainda nos dominam. Essa evolução é que devemos nos desenvolver, sem embustes, sem enganações e sim procurarmos amenizar as mazelas que nos assolam.

    1. Muito bom Professor Kanitz e muito bem observado Mauro Bilman: A dicotomia do progresso científico-tecnológico com o paralelo e proporcional desenvolvimento social/cultural/moral é tudo que a Humanidade pede. Um, sem o outro, gera aberrações. Todo progresso científico costuma ser acompanhado por um rastro de malefícios, quando empregado sem ética e sabedoria.

  6. Olá, Kanitz,

    Eu me animo com sua ideia de Um dia na Vida. Como podemos conversar?

    Também lidero um grupo de pesquisa sobre ética, virtudes e dilemas moras na Administração. http://www.admethics.com Estamos iniciando estudos sobre ética e inteligencia artificial.

  7. Inteligência e desinteligência; criatividade e descriatividade; competência e descompetência – Essas “coisas” são elementos integrantes da personalidade humana. Conhecer a nos mesmos e, realisticamente, adotar uma atividade ou profissão coerente com nossas habilidades, seria um processo inteligente de desburrificação social, posto que, deixariamos de consumir tempo e energia tentanto ser o que não jamais seremos.
    Eu mesmo sou um exemplo de descompetência desburrificada.

  8. Professor,
    Eu fui grande leitor de ficção científica. E, pensando nelas, lembro que em viagens por demais realistas, com as emoções se manifestando fortemente, essas podem causar danos permanentes no viajante.
    Consulte seu médico, e nunca tente interagir com leões.

  9. Bom dia professor. O seu texto sobre o metaverso é muito bom e o nível de realismo que a tecnologia nos dá é impressionante. E, em minha visão, há um enorme potencial de crescimento devido ao nível de maturidade de tecnologias como a inteligência artificial, 5G, computação em nuvem, etc. Mas o metaverso possui algo de assustador pois ela pode apresentar um grande potencial para que as pessoas passem a usar o metaverso como uma válvula de escape para as suas frustrações da vida real. Chegamos a mais uma solução para aquilo que vimos em Matrix: pílula vermelha x pílula azul.

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