Meirelles 2018. Parte II

Esta era a composição dos juros da dívida interna em 2002, no final do Governo FHC.
Juros selic
Mais de 80% da nossa dívida era com juros “flutuantes”, atrelados a Selic.

Notem que são dívidas públicas sem um juro pré-estabelecido em contrato, como 5% ou 12% ao ano. Já escrevi centenas de artigos sobre este assunto, o mais irritado foi Carta Aberta ao Ministro  Palocci  onde explicava porque isto era inconstitucional e um perigo para a nação.
Dívida pública tem de ser pré-estabelecida, aprovada pelo congresso, como toda despesa pública. Assinar dívidas com juros em aberto, vai contra todas as práticas administrativas que conheço. 
Veja hoje a diferença.
Juros fixos e predeterminados
A parcela com juros flutuantes cai para 20%. Somente dívidas de curto prazo são incertas. O que faz sentido. 
O importante é que agora 80% de nossa dívida interna é com juros pré-determinados, como sempre batalhamos.
Melhor ainda, metade com juros reais pré-determinados e sobre isto já escrevi mais 120 artigos ao longo de minha carreira. Basta verificar no www.kanitz.com.br
Alegar que Lula e Henrique Meirelles simplesmente continuaram a política de seu antecessor, mais uma vez se mostra incorreta. São posturas financeiras de administração pública totalmente diversas.
Uma defende os juros de mercado a todo momento, outra exige administração de despesas financeiras com um mínimo de previsibilidade. Foram estes juros fixos e pré-determinados que ajudaram o país a contornar a crise americana de 2008.
Nesta questão não temos garantias que o próximo governo não mudará novamente para juros flutuantes e indeterminados; mas, o exemplo foi dado e espero que muitos aceitem que é esta a forma correta de administrar o dinheiro público. 
Espero que a imprensa econômica e de assuntos administrativos, e os partidos de oposição, percebam o acerto desta nova política e a mantenham. Precisamos agora simplesmente exigir continuidade desta forma de administrar nos próximos governos.

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Comentários

10 respostas

  1. Uma coisa é legal nesse seu artigo, Prof. Kanitz.
    “Espero que a imprensa econômica e de assuntos administrativos, e os partidos de oposição, percebam o acerto desta nova política e a mantenham.”
    Então o sr. quer que os partidos de oposição ganhem a próxima eleição! Isso é que será bom para o país!

  2. Se o Sr. já falou sobre o assunto e agora volta a tona, isso me da arrepios, pois deve ter gente do meio financeiro que adora os juros “flutuantes” e que podem compor o próximo governo.
    Então não escreva apenas 120, mas sim 9.999.

  3. Caro Kanitz, os seus artigos sobre a condução econômica do atual governo são importantíssimos e esclarecedores. Que bom que podemos contar com o teu conhecimento e bom senso para podermos avaliar as coisas sem as contaminações da grande mídia. Você, aparentemente, é um dos raríssimos intelectuais que não tem medo de apontar os acertos deste governo.

  4. Minha questão é: porque um governo voltaria a assinar dívidas com juros flutuantes? Exceto épocas inflacionárias, crises financeiras e extrema necessidade de caixa o fariam optar por tal. Isto é o que precisamos evitar.

  5. e ate dificil enxerga alguma coisa boa neste governo, mais acredito na suas palavras entao parabens ao presidente do banco central, que digasse de passagens era do partifdo de fhc e entre poucas pessoas do atual governo merece aplausos.

  6. O verdadeiro político é aquele que tem a coragem de admitir os acertos de seus antecessores e críticos. Certamente o governo FHC prorcionou condições para que o atual governo fizesse o bom trabalho na área econômica. Que agora, o próximo tenha a ombridade de honrrar os acertos desse governo. Parabéns ao Presidente do Banco Central, ao Presidente Lula e ao Prof. Kanitz que nos abastece com informações sérias e esclarecedoras. O entendimento e a compreensão entre as divergências políticas é que fazem uma grande nação.

  7. Juros fixos são de fato mais caros. Embutem o risco do periodo, digamos 10 anos. Juros flutuantes são bem mais baratos, o risco fica para o devedor. Um governo preocupado em gastar em outros projetos, poderá achar que pagar “mais” para os “capitalistas” é antidemocrático, e passaria a desrespeitar a Constituição que exige aprovação de despesas, definidas anteriormente por definiçÃO.

  8. Prezado Prof. Kanitz. Concordo com seu artigo sobre os contratos a juros flutuantes, é um absurdo em um governo democrático não trabalharmos com regras claras e transparentes. Geralmente se houver uma crise global ou uma gerra esses juros disparam.

  9. Boa tarde a todos! Posso confirmar o que o prof. Kanitz disse pq morei muitos anos nos EUA e possuia casa financiada la, entao lidava bastante com estes assuntos de juros fixos versus juros flutuantes, conhecidos por la como “ARM” ou Adjustable Rate Mortgage, que nos anos das “vacas gordas” la, de 2004 a 2007 pelo menos, eram muito recomendados pelos economistas p/ quem pretendesse financiar uma divida a curto prazo, (geralmente imobiliaria, em 5 anos ou menos), portanto financiava-se com juros flutuantes com economia de 1 ponto percentual em media sobre juros fixos, depois se surgisse uma necessidade era sempre possivel quitar a divida atraves da venda do imovel ou entao era possivel tambem refinanciar com juros fixos a longo prazo, eliminando assim o fator risco.

  10. Uma dúvida:
    A herança de duas décadas de crise fiscal; o rombo aos cofres públicos provocado pelo “Trem da Alegria” da CF/88; a falta de crédito internacional devido a moratória do Sarney; a desconfiança interna pós-confisco do Collor; os anos de hiperinflação; a crise internacional nos países “em desenvolvimento” (Argentina, Rússia, México, Tigres Asiáticos, etc)NADA DISSO influenciou em nada na decisão do governo FHC em optar pelos juros de mercado?
    O mesmo vale para o atual governo. A consolidação e uma democracia recente; quase uma década de estabilidade econômica; os ajustes previdenciários e as normas de responsabilidade fiscal; e claro, o imenso crescimento mundial, impulsionado pela China, que proporcionou vários anos seguidos de imenso crescimento de nossas reservas cambiais; NADA DISSO possibilitou ao atual governo uma posição mais confortável para que pudesse optar pela substituição de dívidas com juros flutuantes por juros fixos?
    Não sou economista, e acreditarei no que me disser. Só que a sua matéria faz parecer que as decisões tomadas no passado e no presente foram motivadas somente por vontade política.

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