Entendam: Existem Dois Tipos de Inflação

 

Tempo de leitura: 1 minuto

Existem dois tipos de inflação e não uma, iremos de mal a pior.

Existem dois tipos de inflação: a Inflação de Demanda e a Inflação de Gargalos.

Muitos acham que inflação é este gráfico abaixo, onde todos os preços sobem generalizadamente, em torno de uma média inflacionária, digamos de 6%, alguns menos outros mais.normdist_intro1

Por ser generalizado, ele tende a ser persistente, pois um preço acaba contaminando o outro, e logo logo, sindicalistas estão pedindo aumentos salariais, para não reduzir a renda do trabalhador.

Diretores de Compras de empresas há muito detectaram outro tipo de inflação, a Inflação de Gargalos.

Esta não é generalizada, mas se manifesta acentuadamente em alguns produtos que se tornaram gargalos para a economia.

É o gráfico que inicia este Artigo Para se Pensar.

Digamos que 20% dos produtos aumentam 15% no ano, gerando uma inflação média de 3%, apesar de 80% terem inflação zero. (Se os 80% subirem 3,2%, teremos a inflação que agora temos).

Mas observem que o problema não é os 3,2% “generalizado”, mas os 15% de aumento que ninguém comenta.

Quais são estes 20% dos produtos complicados?

São os gargalos de uma economia em crescimento, onde seus Ministros permitiram problemas acumular, como energia, portos, estradas, infraestrutura, mão de obra especializada.

Agora, se o governo não sabe disto e nem os que criticam o governo, teremos dois problemas.

O diagnóstico mal feito, e a inflação dos gargalos que não é resolvida por desonerações em automóveis e folha de pagamento. Mas sim, por investimentos rápidos nestes gargalos ou realocação da produção que contorne estes gargalos.

A inflação no Brasil sempre se perpetuou, porque os nossos sindicalistas lutavam por correção de salários, o que não funciona em Inflação de Gargalos. Só piora a demanda destes gargalos, quando o objetivo é reduzi-la.

Nestas horas nossos Ministros da Economia deveriam sair a público dizendo.

“Sentimos muito, mas devido nossa incompetência, permitimos vários gargalos se acumularem, e por isto nosso padrão de vida terá de cair, até estes gargalos serem resolvidos. Vocês terão menos energia, aço, água, por um período de tempo. Sentimos muito.”

A solução não é dando redução de impostos ao setor Automobilístico, que iremos debelar a inflação “generalizada”, e o leitor irá pensar por si que não resolverá também os gargalos dos 20% de produtos que estão em falta, e que precisam ser melhor alocados.

E a única forma justa de saber que estes recursos escassos serão alocados para os que mais os precisam, é aumentar os preços.

É o preço que o povo terá que pagar pelos problemas que deixamos acumular, e que deveria lhe custar a reeleição, em vez de tentar esconder a incompetência administrativa maquiando a inflação.

O povo ficará mais pobre por isto, até que os gargalos sejam resolvidos, não há outra verdade a não ser esta.

Por isto, teremos Inflação de Gargalos neste país por muito e muito tempo, até aprendermos a pelo menos observar corretamente os nossos verdadeiros problemas.

 

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Comentários

10 respostas

  1. Stephen,

    Acompanho sempre seu blog e artigos por considerá-los sempre relevante.
    Concordo com sua colocação, contudo, não entendi se você é favorável a crítica contra a atual política monetária do Brasil. Sobre a inflação, o que temos é uma alta “generalizada” de inúmeros items que são considerados no cálculo do IPCA, ou seja, o índice de disseminação está elevado (60% dos items, se não estou enganado). No seu exemplo neste artigo, significaria perguntar: Quais são estes 60% dos produtos complicados?
    Dessa maneira, concluo que há algo errado na atual pol. monetária, tendo em vista que tal comportamento (disseminação) não é esperado em uma situação média de aumento de preços.
    Gostaria de sua opinião.
    Carlos

  2. O Aécio Neves numa entrevista no fim de semana disse que está procurando tanto economistas da PUC quando da Unicamp a fim de buscar soluções para a inflação e o crescimento econômico do Brasil. Kanitz você deveria tentar uma audiência com ele para mostrar um terceiro caminho, apontar as soluções para os problemas a partir da visão dos Administradores.

  3. Tivemos alguns artigos interessantes sobre inflação esses dias, sobre diversos ângulos diferentes, mas o que achei mais sensacional, e sobre o que não vi muitos comentários, foi a sobre o novo parâmetro do BACEN, o superávit estrutural.
    Está num dos boxes do último relatório de inflação, reparem que esse novo conceito elimina a contabilidade criativa do governo e analisa com mais precisão o impacto da política fiscal.
    Abraços

  4. Gostaria tb de dar minha opinião de que os dados publicados hoje mostram q alimentos teve queda de 4% no trimestre muito parecido com materiais de construção.
    Os economistas poderiam dar uma olhada na substituição tributaria praticada por 14 Estados que elevaram a carga tributaria e os preços dos produto abocanhando todas as desonerações feitas e refletindo no preço dos produtos.
    Grande parte da inflação persistente esta na substituição tributaria que recolhe o imposto de CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS assim que é produzido ,sem ter circulado.

  5. O artigo dele é medíocre. E muito arrogante em sequer pensar em ensinar a uma economista (e presidente!) inflação que “defino (ele e todo curso de economia101) um processo generalizado e persistente de alta de preços “coisa que se aprende no “primeiro” dia de aula até do curso de administração.
    E que “adotar desonerações tributárias” é o instrumento para combatê-la adotado pelo governo.
    Daqui há pouco vamos ouvi-lo ensinar em politica fiscal e monetária, choques orto e heterodoxos e mais “bullshits” . E não dizer nada como costumam fazer nesse país quanbto nãose compreende o problema nem se sabea solução. Parecem aqueles trabalhos escolares tipo “copy and paste”.
    Com certeza inflação é de custo e demanda e se da por gargalos mas a generalização é adotada por índice indicativo passado e não preditivo que é . Por isso Tombini diz estar olhando para o “core”dela, alimentos etc. .Tenta entendê-la dissecando-a.
    O problema deles são, além da morosidade intelectual e na ação, que não conseguem dosar essas ações e nem definir os pontos importantes dela que combaterão. Além de não respeitar suas próprias metas e mudá-las cinicamente

    1. Conheço a MCM. Critico o enfoque e a qualidade do artigo, fraco. E não que ele, autor, seja medíocre.
      E tem TODA razão,é pior! É Main stream MUITO mais preocupante.
      Talvez por isso nunca vejamos soluções adequadas. Mudar uma cultura é complicado

  6. Algumas coisas nesse país não da pra entender, comprei uma capa para o meu celular paguei 5 dólares, direto da china sem custo algum com frete. E me entregaram aqui na minha casa em Gaspar SC. Tenho uma pizzaria aqui na cidade, só para o moto boy ir até a cidade vizinha que da 20 km ele gasta mais de 5 dólares ou neste caso 10 reais.

    Mas eu gostaria de entender uma coisa ainda que não entendi, a cada dia se baixa mais o IPI de carro e da linha branca (esses itens não trocamos todos os anos) mas aqueles que são diários como a gasolina não se vê desoneração.

    Em pleno sec XXI ter apenas uma empresa que pode importar gasolina não soa ridículo ?

  7. O problema da inflação no Brasil, que começamos a viver a partir do governo Lula, e que tem se agravado no governo Dilma, ela vem cometendo os mesmos erros, é o que eu digo para os meus colegas do curso de Administração todos os dias: inchaço da máquina pública o qual se vê na criação de trocentos ministérios e políticas afirmativas sem prazo para acabar, por exemplo; o PAC que não sai do papel e suga mais dinheiro público; a mulher colocou os investidores para correr do setor elétrico e agora dependemos de chuva e queimamos carvão e diesel; a privatização e consequente expansão dos aeroportos que não saem do lugar encarecendo o custo de transporte; as duplicações de estradas iniciadas no governo Lula e que já levam mais de 10 anos encarecendo o custo de transporte; o gargalo nos portos encarecendo o custo de transporte; e ingerência e má gestão das empresas públicas, Petrobras já tem refinaria custando o triplo e demorando o quíntuplo do planejado para a entrega, continuamos importando energia e claro, encarecendo o custo de transporte; enfim, há mais de 10 anos que estamos parados na ineficiência.

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