Fiquei bem impressionado com as críticas vindas dos funcionários públicos contra a reforma administrativa proposta por Paulo Guedes.
É um texto que se opõe a essa reforma, mas que não é radical, que mostra que conhecem os argumentos contrários, sem distorcê-los.
Mais ainda, reconhecem as melhorias e os objetivos que nós pagadores de impostos queremos ver incorporados. Li o termo “meritocracia”, algo que a maioria odeia.
O texto mostra de forma democrática onde discordam e colocam os mitos e as alternativas.
Por isso tenho que elogiar e incentivar outros de centro esquerda a seguirem esse exemplo.
Vale a pena ler, mesmo discordando da tese de que uma reforma administrativa não é realmente necessária.
Mas a impressão que dá, ou essa foi a minha impressão, que daria para sentar-se com esse grupo e começar a conversar.
Percebe-se que nenhum dos autores, a maioria economistas, leram “The Game of Budget Control”, que argumenta que Reformas Administrativas precisam ser permanentes e frequentes e não ocasionais em momentos de crise.
Com o decorrer do tempo todo sistema de avaliação, remuneração, seleção e licitação vira um jogo manipulado pelos seus participantes.
Por mais bem intencionada que seja essa Reforma, se aprovada, logo ela também será manipulada e virará um jogo daqueles que conhecem as regras.
Melhor exemplo foi como os funcionários públicos, políticos e empresários que forneciam obras manipularam o jogo, extraindo renda do povo brasileiro.
Por isso em Administração estamos sempre criando “teorias” novas, que lotam as livrarias de aeroporto, e que muitos criticam como sendo modismos.
Na realidade estamos reciclando ideias velhas, que infelizmente foram deturpadas e viraram um jogo, manipulado pelos espertos e não pelos mais eficientes.
Leiam:
http://fonacate.org.br/v2/wp-content/uploads/2019/10/Reforma-Administrativa_impressao4.pdf
2 respostas
prezado professor : os comentários expressos sobre esse paper me causaram desconfiança. Se concorda com o texto concorda de que a diferença entre funcionários públicos e privados deve prevalecer. A função pública está inserida no contexto do mercado de trabalho. Aquelas vantagens pessoais a que os funcionários públicos têm direito não tem justificativa no mundo de hoje. A relação patrão-empregado deve se basear não só no mérito mas também em fatores comportamentais. Um plano de carreira com movimentação vertical fosse obrigatório com prazos e expulsorias legais. ( do tipo existente no exército: se em 12 anos um general não atingir o grau de 4 estrelas é reformado compulsoriamente ). Um funcionário público é feito da mesma matéria prima que um funcionário da iniciativa privada.
Professor suas palavras chamaram minha atenção e fui ler o texto apresentado, como é bom conseguir ler uma apresentação mesmo discordando de pontos cruciais.
São pontos interessantes de serem discutidos, muitos gráficos apoiados no PIP, história e montagem dos postos de trabalho dos servidores, você melhor do muitos de nós sabe que números apresentados em um contexto são motivo para uma boa conversa.
Lendo, a todo momento me pulsou a lembrança de cada um dos servidores que conheço, pessoalmente, parentes e amigos para ser justo, seu ritmo de trabalho, seus direitos, a forma de prestar os serviços a população, o que entregam e como, realidade bem divergente e não apontada no questionamento a proposta apresentada.
Outro ponto interessante foi ver ao final quem apoia esta proposta.
Bom texto professor e no meu caso agradeço pelo convite a olhar este assunto sob outro ângulo.