Inflação, Crescimento e a Elasticidade Preço-Produção

 
Este foi o meu primeiro artigo publicado em Economia Brasileira, na Revista Brasileira de Economia da FGV, julho de 1967, escrito com o Prof. William O. Tweatt.

Nela defendemos que um pouco de inflação ajuda o crescimento, porque obriga todos os agentes a serem mais produtivos, ano após ano.

Se você é um funcionário público que ganha sempre o mesmo salário, você está esquecendo que o mundo está se tornando sempre mais competitivo e eficiente. Que você deveria estar todo ano produzindo mais com o mesmo salário. Que se você está fazendo a mesma coisa, no mesmo ritmo, ano após ano, você não merecer ganhar o mesmo salário que ganhava no ano anterior.

Todos nós temos obrigação de nos tornamos mais eficientes, produzindo mais pelo mesmo salário.

Como esta ficha não cai para a maioria dos empregados, uma forma oblíqua é permitir uma “meta inflacionária” de 3 a 4% ao ano, igual a produtividade esperada.

Não muito diferente do que fazemos hoje.

Mostra também, que como em administração, os mesmos temas surgem de tempos em tempos, com roupagens diferentes.

Vale a pena ler alguns textos do passado, vocês não vão se arrepender. Quem fez os cálculos e descobriu a relação foi o aluno, como sempre.

William O. Thweatt, Stephen C. Kanitz l

1) Prof. William Thweatt, prof. da Universidade de Vanderbilt, ligado ao Ins­tituto de Pesquisas Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas da Uni­versidade de São Paulo. Stephen Kanitz, aluno da Faculdade de Ciências Econômicas da U.S.P. e pertencente ao mesmo Instituto.

A controvérsia monetarista-estruturalista gira fundamentalmente em torno da existência ou não da chamada inflação benéfica.

Portanto, a intenção deste trabalho é apontar as linhas gerais de uma especificação mais liberal da inflação, bem como apontar a existência da inflação benéfica no Brasil.

Estudando a relação entre o crescimento econômico e o nível dos preços utilizamos um conceito de elasticidade para definir inflação, rela­cionando a taxa de desenvolvimento econômico com a taxa de aumento do nível de preços.

Definiremos, portanto, a elasticidade preço-produção como sendo a relação entre a variação percentual dos preços, dividida pela variação percentual no produto nacional, num dado período.

Muitos economistas definem inflação como sendo um aumento de preços excessivo e nem todos concordam com o grau de inflação conside­rado como sendo permissível.

Outros são bem mais rigorosos, consideram qualquer aumento de preços como sendo inflacionário, mesmo uma elevação de somente 1% .

Todos, porém, irão concordar que aumentos de preços excessivos são maléficos, especialmente em países já desenvolvidos, exigindo, portanto, medidas monetárias de correção.

Por outro lado, como os países subdesenvolvidos são carentes de poupança real, vários economistas tendem a recomendar a impressão de papel moeda na expectativa de que os investimentos resultantes destes deficits aumentem a taxa de investi­mento e, portanto, a taxa de crescimento econômico. (e foi o que fizeram gerando o início da inflação brasileira)

Os países subdesen­volvidos, portanto, tomam uma atitude bem mais liberal com relação aos aumentos de preços.

Se o aumento de preços for decorrente do crescimento econômico, então ele será justificável mesmo diante de uma taxa de infla­ção de 20% ou mais.

Grande parte das discussões entre monetaristas e estruturalistas pode­riam ser evitadas se pudéssemos determinar o grau de inflação a ser consi­derado como benéfico.

Muitos economistas concedem que um certo grau de inflação é permissível para os países subdesenvolvidos, mas que ultra­passado um determinado ponto crítico, ela deixará de fomentar o desen­volvimento econômico e irá inclusive impedi-lo.

Entre estes dois extremos encontramos vários graus de inflação a definir e poucos irão incorrer no risco de sugerir uma certa taxa como sendo a taxa ótima, devido ao grande número de dados contraditórios existentes.

A fim de eliminar estas varia­ções, a introdução da variável renda parece ter sido bem promissora.

Com o auxílio do conceito de elasticidade EPP tentamos, portanto, criar uma definição de inflação aceitável aos economistas conservadores e, ao mesmo tempo, aos mais liberais.

Definiremos então a inflação como sendo a situação em que a taxa de crescimento dos preços é superior à taxa de crescimento da renda, num dado período de tempo.

Isto significa que dado uma EPP elástica, teremos inflação mas, se os preços alcançarem uma taxa de 6% enquanto a economia crescer a 7% deveremos considerar estes 6% de aumento no nível de preços como sendo não inflacionário.

Aumento de preços inflacionário seria, portanto, aquele que ultrapassasse a taxa de crescimento da economia.

Sob esta definição, um aumento de 1% nos preços seria inflacionário numa economia estagnada. (o que ocorre hoje com o Pibinho)

Assim sendo, aumentos de nível de preços não poderão ser considerados excessivos nem moderados por si só, mas sim dependentes das taxas de crescimento da renda.

Economias em franca expansão poderão sofrer variações de preços elevados sem estar em períodos de inflação.

O surgimento ou não de uma inflação devido ao aumento da deman­da monetária de um financiamento deficitário dependerá naturalmente das suposições feitas preliminarmente.

Esta inflação benéfica, devemos salientar, possui um limite máximo além do qual ela se torna deturpadora e insalubre à economia.

 

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Comentários

Uma resposta

  1. Artigo típico de professores oriundos da escola de chicago, monetaristas, adeptos do keynesianismo. Inflação é a impressão de moeda sem lastro, ou aumento da base monetária, mais dinheiro na praça com a mesma quantidade de produtos e serviços, nada diferente disto. Querem nos fazer crer que a inflação é o aumento de preços, quando isto é consequência.

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