Política Fiscal requer o governo gastar mais, ou gastar menos dependendo dos índices futuros de inflação ou deflação.
Se a economia entra em recessão o governo gasta mais, se a economia entra em inflação o governo gasta menos. Isto é a essência da Política Fiscal.
Na Política Monetária, o governo aumenta os juros pelo qual ele remunera os poupadores que compram seus títulos públicos, quando há inflação, e ele diminui os juros pela qual ele remunera os poupadores que compram seus títulos públicos quando a economia desaquece.
Vou repetir, porque basta um leigo ler esta frase lentamente para perceber erros estratégicos cavalares.
Na Política Monetária, o governo aumenta os juros pelo qual ele remunera os poupadores que compra seus títulos públicos quando há inflação, e ele diminui os juros pelo qual ele remunera os poupadores que compram seus títulos públicos quando há recessão e falta de demanda.
Perceberam? Vejamos.
1. Quando há inflação, o Banco Central aumenta os rendimentos dos poupadores, o que gera mais renda, demanda e inflação.
Hoje, 40% do PIB americano é juros e aposentadorias de fundos de pensão que aplicam em títulos do governo. Ao contrário de 1919, quando era somente 10%.
Ou seja, hoje a lógica do Monetarismo somente funciona nos 60% da economia não-renda-fixa.
2. Para o Monetarismo funcionar é necessário endividar o Estado, e veja o que acontece agora com Grécia, Itália, Espanha, Portugal e EUA.
Quando Clinton propôs reduzir a dívida americana para zero até 2008, os Monetaristas foram contra porque perderiam um importante instrumento de política econômica.
3. 99% dos consumidores não sabem a taxa de juros embutidos nos preços a prazo.
4. 99% dos consumidores que sonham ter um carro, não deixam de ter um carro só por causa de um aumento de 0,25% do juro.
5. 80% dos consumidores vêem o tamanho da prestação, não o tamanho do juro.
Quando o Governo paga mais para os poupadores, as empresas que vendem a crédito simplesmente aumentam o número de prestações, não o valor da prestação que continua cabendo no tamanho do salário do consumidor.
Efeito zero a curto prazo na queda de demanda.
6. A taxa de risco embutida no preço a prazo é 10 x maior do que a taxa de juro, tanto é que quando abaixam os juros, os preços do crediário muitas vezes nem mudam.
7. A margem de lucro das empresas é muito maior do que 0,25% do aumento do juro, e a maioria prefere manter a sua clientela, manter o preço absorvendo o custo maior imposto pelo Banco Central, que sabem ser temporário.
8. A experiência brasileira em previsão de inflação futura, não tem sido nada espetacular. Erram mais do que acertam.
Portanto, erram também no aumento e diminuição da taxa de juros mais do que acertam.
9. Ninguém sabe o juro neste país, porque usam uma taxa nominal, e não o juro real.
Portanto, foi muito triste ver um Editorial criticando a queda da taxa nominal em 0,50%, sem ter levantado qualquer um destes 9 pontos.
14 respostas
O nosso consumidor chega a pagar juros maiores do que 40% no crediário e não se assusta, olha apenas a parcela. O brasileiro já gasta 15% dos seus salários com juros, nominais é verdade, mas como a taxa é muito maior do que a inflação, o valor real se aproxima disso.
Quanto a Selic, quando o governo decreta o aumento ele também ajuda a diminuir a oferta de produtos na economia, porque com juros mais altos os empresários ficam menos inclinados a investir na produção.
Por fim gostaria de fazer uma pergunta: Como segurar a inflação se o aumento da SELIC não funciona?
Se o governo parasse de gastar e de enfiar moeda na economia, a inflação seria reduzida. A taxa de juros não controla a inflação. O problema dos monetaristas e dos Keynesianos é eles tratarem a economia como um agregado, ignorando a estrutura de produção dentro dela.
Ao aumentar a taxa de juros, o governo reduz a taxa de investimento – que possibilitaria o aumento da produtividade e consequente redução dos preços – deslocando a inflação do curto prazo pro longo. Quando o então longo prazo vira curto (como tem dado sinais de estar batendo à porta), nada que se faça consegue da jeito… não no novo curto prazo, só redução de gastos, que só terão frutos visíveis no “próximo longo prazo”.
O problema não é com os economistas, é com a teoria econômica que foi consagrada e é aplicada atualmente pelos governos.
Bruno, jamais faça isto de novo, escrever o que voce acaba de pensar, administrador pensa muito antes de escrever.
Como o prof. bem explicou é tudo teoria. E nada na teoria é verificado 100% no mundo real. Na verdade, para a teoria, taxa de juros nem é instrumento de politica monetaria.
Politica fiscal também implica em taxar mais ou menos e aliada a politica monetaria é ferramenta excepcional no controle renda e preços. No Brasil é ineficaz por legislação deficiente e um congresso ineficiente(ou vice-versa). Sobra portanto a politica monetaria…
Se uma fadinha meio boba transformasse esses monetaristas em médicos, teríamos um outro problema:
ao consultar esses “médicos monetaristas” para um tratamento de um simples resfriado, certamente eles vão sugerir que nos injetemos um virus promotor de uma pneumonia quádrupla, e assim que essa doença pegar, devemos tomar um remédio para tratar da pneumonia; assim o resfriado desaparece.
É bom lembrar professor que os que defendem esta política, normalmente tem uma relação promíscua com o “Estado”, que diga-se de passagem não pára de crescer. Veja o caso do impostômetro que atingiu a marca do trilhão, 35 dias antes em relação ao ano passado. Tá passando da hora de ter administradores comandando postos chaves neste País. Abraço e continue divulgando estas incoerências administrativas.
Não sou economista – ainda bem! – e por isso posso estar dizendo uma besteira, mas não entendo por que o governo não utiliza como ferramenta de política monetária, inclusive para controlar a inflação, o aumento e a diminuição dos impostos que podem ter suas alíquotas alteradas apenas através de decreto do poder executivo, sem necessidade de lei específica, como é o caso do IPI, do IOF e dos impostos de importação e exportação. Se a taxa de juros sobe para que o consumo diminua(???), e portanto a pressão inflacionária também diminua(???), por que não fazer isso aumentando, p. ex., o IPI ou o IOF ao invés da taxa de juros? Ou seja, por que não controlar a demanda interna, e por consequência a inflação, fazendo caixa (com mais impostos), caso o consumidor persista em consumir, ao invés de aumentando o endividamento do próprio estado (subindo juros)? Não seria mais inteligente? Ou será que os economistas desconhecem esse mecanismo legal, que poderia muito bem ser utilizado como ferramenta de política fiscal, mas que hoje só é utilizado para refrear demandas específicas do mercado, e não a economia como um todo?
Daniel,
Isso poderia ser feito com o controle dos depósitos compulsórios (que os bancos precisam manter com o Bacen). Na verdade, acho que o controle da SELIC, das inúmeras taxas “obscuras” e desse compulsório seria um instrumento mais eficaz de controle.
P: Sendo assim, por que não se mexe no compulsório?
R: Porque os grandes bancos não-estatais “brasileiros” são todos partes de grandes e sólidas instituições internacionais às quais os governos recorrem, quando precisam “pegar um troquinho emprestado” para financiar suas obras e programas governamentais.
Atenciosamente,
Ricardo
Estudante de Ciências Econômicas
O que fazemos para controlar as atitudes das pessoas? Criamos regras para serem seguidas. Se o funcionário não quer trabalhar mas quer receber, lá existe uma regra básica: deverá cumprir a carga horária de 8 horas diárias geralmente. Se queremos controlar a inflação, o aumento exagerado do preço, então devemos criar mais regras. Que isso, isso é ir contra o povo não? Limitar a sociedade consumista, na pior das hipóteses irá fazer esquentar as cabeças das organizações, o mercado ditará as outras regras. O preço tende a caminhar para o justo, a inflação será controlada. Simplista assim? mas funicona. Regras seriam essas “regras”? Aguarde a mascarada ex “cpmf” e entenderá do que escrevi até agora. Pensem nisso caros colegas.
O Banco Central aumenta ou diminui a SELIC para remover ou inserir mais dinheiro no mercado. Todo dia um banco empresta dinheiro para outro banco. Parte desses empréstimos que um banco toma é usado para ele fazer os financiamentos nossos de cada dia. Não é possível que um banco use todo o dinheiro de depósitos para financiamentos, pois boa parte vai para o Banco Central (na forma de depósito compulsório). Então, se o Banco Central aumenta os juros, esses bancos começarão a dar preferência aos títulos do governo, apesar de serem menos rentáveis, emprestar para o governo é mais seguro (ao menos nos dias de hoje) do que fazer um financiamento para o João Estrela comprar seu carro novo. Então, a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos ficar menor. As próprias pessoas podem começar a optar por não consumir agora para aproveitar os juros altos e adquirir um título do governo ou entrar em um fundo DI. Menos dinheiro circulando, menos compras, daí vocês já sabem. É claro que, se o governo estiver a gastando a rodo, então ele está colocando dinheiro para circular. E se mesmo com os juros mais altos do mundo, ainda é possível alguém comprar um carro, com 5 anos de uso, *sem entrada e dividindo em 72 vezes*, então a primeira parte é só teoria mesmo. Ora, não importa o tamanho dos juros, se qualquer um pode pegar um empréstimo, sempre vai existir alguém insano (ou mal intencionado mesmo) querendo botar as mãos na grana que não vai pagar mesmo. Tem um monte de bolhas e crises na história com esses caras como protagonistas.
No longo prazo, esse pessoal que poupou e aumentou um bocado a sua renda pode resolver se esbaldar e acabar com todo o plano anti-inflacionário. O povo vai lá e compra um carro novo, uma TV LCD e vai criando pressão inflacionária. Mas, se o governo atentou para a pressão lá de trás, aquela que criou a demanda pela alta dos juros, então deve ter feito o dever de casa e trabalhado para que a produção bens aumentasse (incentivos fiscais, infraestrutura, o escambau). Na minha opinião, é aqui que existe um dos nossos maiores problemas: vontade política. Sr. Kanitz, não vai ser um presidente ou um ministro com diploma de administrador que resolverá isso. Pois, esse diploma não dará ao seu detentor a tal vontade política. Pode ser um médico, um economista, um professor ou até mesmo um torneiro mecânico. O ministro da fazenda que implementou o plano que trouxe a inflação do Brasil para valores terrestres é um sociólogo, não era economista e nem administrador, mas tinha vontade política.
Ninguém quer os juros altos. Também imagino que ninguém, eu pelo menos não quero, voltar aos anos do fim da década de 80 e início da década de 90 do século passado. Você indicou os problemas do atual sistema em seu texto. Então, Sr. Kanitz, qual é a sua sugestão? Qual a alternativa melhor, na sua opinião, para o controle da inflação? A minha, a curto prazo não me parece viável.
Não sou economista e fiquei com uma dúvida diante seu texto. Você compara com EUA e UE, mas ambos possuem Banco Central autônomos, o que diferencia drasticamente nas decisões econômicas deles das nossas. Não seria melhor uma comparação com países que possuem o mesmo “esquema” econômico? Obrigada.
De inicio quero concordar com você que o editorial criticando a queda de meio porcento nas taxas de juros considerando apenas o juros nominal e não o juros real foi uma atitude triste e simplória. No entanto, meu caro senhor, falar de taxas de juros citando as decisões dos consumidores é uma atitude tão pequena quanto a primeira. De fato você deve ter conhecimento de como se constroem os modelos IS-LM, que não simplesmente teóricos ou imaginados, mas sim, econométricos, ou seja, são modelos empíricos baseados no comportamento histórico das variáveis.
Modificações na taxa de juros tendem modificar a demanda agregada, mas em nada isso tem a ver com as decisões dos consumidores por conta dos juros, mas sim, com a capacidade de investimento das empresas. Uma parte da renda da maioria das empresas é endividamento para financiamento de Capital (Maquinas, equipamentos e construções).
Digamos que uma empresa de lucro = 100 mensais pode comprometer 30% para pagar parcelas de um financiamento de Capital, ou seja, poderá pagar uma parcela no valor de 30 por 12 meses.
Usando uma matemática financeira simples, caso a taxa de juros desse financiamento seja 3% a.m o valor financiado será 298,62 Capital ou seja, de maquinas e construções compradas e o juros será 61,38. totalizando 360 em 12 parcelas e 30.
Caso a taxa de juros desse financiamento aumente para 6% a.m o valor total de maquinas construções comprados deve cair para 251,52, enquanto que o juros pago será de 108,48 totalizando também 360 em 12 parcelas de 30.
Perceba, meu caro senhor, que ao aumentar a taxa de juros do financiamento eu reduzi a quantidade de maquinas e construções compradas de 298,62 para 251,62, independente da decisão pessoal de endividar 30% de sua renda. A TAXA DE JUROS REDUZ A CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DAS EMPRESAS. o valor total a ser pago e o valor das parcelas já estava definido, 30% da receita, mas dependendo do juros a quantidade de maquinas e construções pode aumentar ou diminuir.
O investimento das empresas é importante por gerar emprego para os trabalhadores. Quanto o investimento diminui menos empregos são criados. Portanto a demanda agregada deve diminuir, não porque os consumidores decidiram reduzir como você insinua, mas sim, porque menos pessoas conseguiram emprego e menos pessoas terão capacidade de comprar produtos.
Em relação aos erros de previsão de inflação, você deveria saber que a ela deve ser observada de duas maneiras, a inflação previsível e a inflação imprevisível. A inflação enquanto objeto e manuseio das políticas econômicas é a inflação previsível que depende da demanda agregada e da quantidade de moeda em circulação, a inflação imprevisível ou inflação natural, como o nome já diz, é uma fenômeno socioeconômico natural, que em nada tem a ver com as políticas econômicas monetária e fiscal. Pois depende de questões ambientais como clima, sociais como greves, ou estruturais como os custos de energia.
O que o governo deve fazer é se esforçar o máximo possível para que a inflação previsível seja zero. Assim, os preços devem aumentar naturalmente, no Brasil, entre 3% e 6%.
A maioria dos comentários que eu vi aqui são repletos de fragilidades, citando teorias econômicas antigas sem ao menos compreender a lógica por trás delas, recomendo que ao menos se tenha conhecimento técnico antes de falar um assunto. Pois ver uma pessoa com dor na barriga e dizer que foi uma comida que fez mal todo mundo sabe fazer, agora estudar medicina fazer exames e descobrir que é uma pancreatite apenas os médicos fazem. Se alguém deseja falar de economia, deveria ao menos ter conhecimento técnico do assunto e não apenas conhecimento teórico de teorias antigas.
Anos depois, após muito estudo sobre o assunto, impulsionado após ler esse texto, cheguei a mesma conclusão que você Kanitz, então vim deixar aqui essa mudança,
A taxa de juros é o pior instrumento que existe para controlar a inflação. Inclusive escrevi um livro sobre o assunto e fiz questão de falar sobre seu nome e seu texto no livro, publicado em 2022.
Apesar de tudo que escrevi sobre investimentos de capital no comentário acima ser verdade, a taxa de juros de fato, reduz a demanda agregada reduzindo a inflação de demanda no curto prazo, porém, ela aumenta a dívida pública e provoca inflação de liquidez no longo prazo.
Além disso, a redução do investimento em capital fixo promove uma redução da capacidade produtiva, do número de empresas, da competição, consequentemente, provoca um aumento de preços.
Por fim, juros exagerados se tornam custo para empresas, ao pagar juros os custos aumentam e são repassados para os preços em forma de preços.
Entao a taxa de juros no curto prazo pode sim aumentar desemprego e controlar inflação de demanda com redução do investimento como citei, no longo prazo, porém, ela se torna um causador de inflação e destruidor da economia.
Parabéns pelo seu texto Kanitz.