Ninguém Foi Treinado a Administrar Crises?

Uma das vantagens de se ter uma formação em Administração, é que se estuda a disciplina Crisis Management.

Ela é essencial para a formação de um administrador, porque crises ocorrem frequentemente. Estudamos também mega crises, como o caso Tylenol, 2008, e assim por diante.

Aprendemos de médicos de centros cirúrgicos, bombeiros e profissionais de relações públicas, como no caso da Vale.

Tenho a nítida impressão de que nenhum especialista em Administração de Crises foi acionado, aqui ou no mundo.

Não pretendo dar uma aula, eu não me interessei por esse assunto, mas de alguma coisa eu me lembro.

Numa crise se muda o organograma da empresa.

Não será o Presidente da empresa que mandará na crise, mas o maior especialista do assunto, na empresa.

Nesse caso, o Presidente seria o Ministro da Saúde, e até Bolsonaro precisaria obedecê-lo.

(Algo me diz que nem organograma temos por que Reforma Administrativa, como todos nós sabemos, significa mudanças no organograma, e não corte de gastos com pessoal.)

Mas para que todos obedeçam requer treino prévio e mudança de hábitos, você precisa ser treinado para obedecer a uma outra pessoa do dia para a noite.

Pilotos da Coreia do Sul são obrigados a passarem a falar inglês numa Crise ou Emergência Aérea, descubram o porquê.

Uma segunda medida é mudar de um dia para outro, a cultura de Teoria Y para Teoria X.

Teoria X, para leigos, seria mais ou menos o estilo militar.

Numa crise obedeça imediatamente, sem questionar.

Numa crise também não é o momento para uma Janaína minar a confiança do povo no seu Presidente, pedindo renúncia.

Ou de um Rodrigo Maia negociar benesses nessa hora para aqueles que o sustentam.

Ou a imprensa inteira acusar Bolsonaro de incompetente.

Ou blogueiros saírem questionando que as soluções são equivocadas.

Digamos que as soluções eram as corretas, mas foram essas traições que nos levaram ao buraco.

Quando vi as entrevistas de Donald Trump e Boris Johnson nessa nova CNN fiquei em pânico.

Nem Trump nem Johnson são especialistas no assunto, muitos menos os jornalistas, que seriam o veículo escolhido de transmissão de instruções críticas à população.

Por isso todos nós deveríamos seguir nossos representantes via Twitter, para não recebermos informações de segunda mão.

Trump e Johnson eram cegos dirigindo cegos.

Action Plans são escritos e passados uma cópia para cada membro da empresa.

Tenho a absoluta certeza de que o Ministério da Saúde não possui o e-mail de cada médico desse país, nem um hot line.

Trump e Johnson transmitiram ordens verbalmente, os jornalistas anotaram não se sabe o quê, e fizeram perguntas somente para derrubarem os governantes e ganharem as eleições.

No Brasil, por mais de três horas, essa mesma CNN noticiava no rodapé que “surgiu um H6N5 nas Filipinas, mais letal ainda”.

Com a clara intenção de gerar mais pânico na população.

Provavelmente todos estão vendidos na Bolsa, e só eles sabem quando será a hora de comprar.

Para estarmos preparados para a crise de 2025, estudem um pouco de Crisis Management.

Pelo menos para se acalmar e para termos o mínimo de conhecimento de Administração Responsável Das Nações para sairmos dessa estagnação e cuidar de nossas inúmeras crises.

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Comentários

18 Responses

  1. Tem razão professor.
    Na empesa onde trabalhei ( multinacional ) fomos treinados em como nos comportar e agir em situações de crise. Foi um grande aprendizado !!!

  2. Boa tarde Kanitz,

    Sou formado em administração de Empresas e convivo com pessoas da área médica….
    Sempre brinco com eles que nós administradores cuidamos de um sistema aberto (empresa e os stakeholders ) e eles cuidam de um sistema fechado (corpo humano).

    Mas somos educados a pensar (diagnosticar) problemas e analisar riscos do mesmo “modo”….

  3. Discordo apenas de que o Ministro da Saúde têm de ser a autoridade máxima nessa crise atual, pois ele puxará as medidas pensando só na Saúde (responsabilidade dele) a curto prazo… Alguém têm de pensar no médio e longo prazo, e nas demais pastas e responsabilidades, que estariam sendo afetadas (o Presidente). Não é como durante um incêndio num prédio, quando o Líder da Brigada têm de ter mais autoridade que o Presidente da firma, sim, pois aí é só curto prazo.

  4. Um dos meus gurus, Prof. ANTÔNIO CARLOS SANTOS ROSA, ex-diretor da Faculdade de Administração da UFRGS, sempre diz que o Brasil não avança por absoluta falta de administradores profissionais. O professor está certo.

  5. A mídia realmente não está ajudando em nada, apenas ajudando a tirar o foco das possíveis soluções. Os líderes não estão pensando direito e ainda são desfocados o tempo todo. Triste para nós.

  6. Eta texto hermético!
    Afinal, é para seguir recomendações do Ministro da Saude que não tem email de cada médico do pais nem hot line, do Bolsonaro, da CMN ou de quem?

  7. Ministro da saúde cuida da saúde. Se se meter em economia a coisa vai mal. Se for um cavalo de Tróia ideológico como o nosso, pior ainda.As receitas básicas do mundo corporativo bem sempre servem para a gestão pública em função do aspecto político. Nossa Crise precisa ser gerida em duas frentes: sanitária e econômica. E nesse caso Bolsonaro é a única voz coerente. Pena que a mídia torce contra o país…

  8. Sempre leio os maravilhosos textos do Professor Kanitz, para mim um grande Guri, são explicativos e sócios, nos mostram de forma clara, que sem uma equipe de bons administradores será quase impossível um país ou uma empresa sair de uma crise na base do vamos ver se da da certo. Parabéns mestre Kanitz

  9. Para que ninguém puxe a sardinha para seu fogareiro, sugiro indicar uma pessoa de alta capacidade e isenta para fazer essa administração. Também não vale o Guedes.Favor enviar o artigo para todos os envolvidos do governo federal, toda imprensa e demais envolvidos para que todos tenham consciência de como devem se comportar.

  10. Ou seja, a parte política da coisa é um leão indomável, um problema não gerenciável se você não alimentar o leão.

  11. Administração e política partidária fisiológica parecem ser como óleo e água. O gerente da crise, supondo ser o Ministro da saúde, parece que começou tentando demonstrar ser um administrador mas, aos holofotes, logo se enveredou para a política.

  12. Sem nunca ter estudado Administração de Crises, fiquei me perguntando exatamente porque os citados presidente e primeiro ministro e também nosso presidente estavam dando palpites.

  13. Bom dia sr. Kanitz. Acabo de conhecê-lo, e gostei de suas palavras.
    Recebi um texto, via Whatsapp, “assinado” pelo senhor. Gostaria de saber se realmente é de sua autoria.
    Não quero repassar sem saber a fonte verdadeira.
    Obrigada
    Alessandra M Maprelian

  14. Bom dia sr. Kanitz. Acabo de conhecê-lo, e gostei de suas palavras.
    Recebi um texto, via Whatsapp, “assinado” pelo senhor. Gostaria de saber se realmente é de sua autoria.
    Não quero repassar sem saber a fonte verdadeira.
    Eis o texto:

    Copiado e colado!!!

    Entendam A Briga Entre Bolsonaro E Mandetta.

    Por: Stephen Kanitz

    A briga de bastidores entre Bolsonaro e Mandetta jamais será retratada corretamente, nunca acreditem num livro de história.

    Para entenderem essa briga, primeiro alguns fatos.

    O Exército Brasileiro se preocupou com saúde desde o seu início, preocupado que era com seus soldados.

    Possuía três dos melhores hospitais da época e criou a Escola da Saúde do Exército em 1921, Escola de Aplicação do Serviço de Saúde do Exército (1921)e a Escola de Saúde do Exército (1933).

    Em 1904 o Exército se viu envolvido com a Revolta das Vacinas, contra a varíola, quando a população se revoltou contra a vacinação.

    Por isso epidemias e vacinas foram sempre assuntos discutidos entre nossos militares, mais do que nossos médicos, haja visto.

    Os médicos do Exército são também os que mais entendem de malária, em São Paulo nenhum médico jamais viu essa doença.

    Mesmo não sendo médico, Bolsonaro teve uma exposição a medicina bem diferente do Mandetta, um ortopedista que praticamente nunca exerceu.

    Em março Trump liga para Bolsonaro perguntando qual era a produção brasileira de hydrochloroquina, e que ele deveria investigar por que parecia ser um “game changer”.

    Bolsonaro obviamente consultou os seus médicos do Exército, que ele confia mais e que entendem muito desse remédio.

    Bolsonaro fica animado e repassa essa informação ao seu Ministro.

    Mandetta simplesmente descartou, “bobagem”, combateu a hipótese a ser testada desde o seu início.

    Não sendo médico, Bolsonaro obviamente cedeu.

    Mas começa a perceber que há dois tipos de medicina, a do conhecimento do seu exército, e a do político na área da saúde, que começa a ter sonhos mais altos.

    Bolsonaro é duramente pressionado também pelo Guedes, que o alerta contra um confinamento exagerado, que poderia parar a economia, quebrar milhares de empresas, e empossar de vez.

    Entre salvar 2.000 velhos em situação crítica, e os 40 milhões de desempregados com o confinamento, Bolsonaro não tem mais dúvidas.

    Bolsonaro é o único a perceber que o problema não é salvar vidas do coronavirus e sim salvar a vida econômica especialmente dos 12 milhões de desempregados por exemplo.

    Que se não acharem emprego não terão mais um ano de vida se morrerem de forme.

    O segundo atrito entre Bolsonaro e Mandetta aparece quando surgem as notícias do Prevent Senior, que anima os médicos do Exercito e do próprio Bolsonaro.

    Bolsonaro volta a carga, e recebe mais negativas.

    “São picaretas”, retruca Mandetta, “não é uma empresa séria”, “são um bando de irresponsáveis”, que o Ministro repetiu deselegantemente numa coletiva.

    Mandetta sugeriu intervir na Prevent Senior e impedir o uso desse remédio não comprovado, mas que todo médico famoso infectado implorou tomar.

    Foi aí que até eu fiquei preocupado.

    Fã que eu era da postura segura do Mandetta até aquele momento.

    A Prevent Senior é uma empresa vencedora, case mundial, estudada por administradores hospitalares do mundo inteiro, ensinado na Harvard Business School, que eu confio.

    Bolsonaro demorou para ser informado da briga pessoal entre o Mandetta e a Prevent Senior.

    Que agora já é conhecida pela maioria da imprensa, calada.

    Não somente se sentiu enganado pelo seu Ministro, em detrimento da nação, mas ficou furioso com o despreparo e motivação de seu assessor.

    Tornaram a hydrocloroquina uma batalha política, em vez de uma decisão do paciente à beira da morte e seu médico.

    E total descaso para aqueles não podem ficar um dia sem trabalho.

    Em vez de se unirem diante de uma crise, muitos líderes brasileiros estão querendo aproveitar a pandemia para tomar o poder em 2020.

    Quando nesses momentos se espera a cooperação de todos, inclusive dos políticos e da imprensa em oposição.

    Ps. Esqueci de anexá-lo no email anterior.
    Desculpe

    Obrigada
    Alessandra M Maprelian

  15. Prof Kanitz
    Tenho a mesma dúvida da Alessandra sobre o mesmo texto que recebi. Aliás, achei-o bem interessante.
    Faço a mesma pergunta :é de sua autoria?
    Abs

  16. Prezado Sr. Kanitz, estamos sendo bombardeados de informações não corretas e com muitos interesses políticos ou financeiros. Sempre gostei muito dos seus textos mas confesso que não identifiquei sua redação neste texto tão importante onde comenta sobre a briga do Mandetta com Bolsonaro. Bem, gostaria da sua confirmação sobre a legitimidade deste texto já que ele está influenciando muitas pessoas e seria muito triste saber que é um plágio. Muito obrigado pela atenção e parabéns pelos seus comentários.

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