O sucesso de Henrique Meirelles no Banco Central, o primeiro administrador profissional a comandar o Banco Central implantando várias medidas há anos defendidas pelos administradores brasileiros, não poderia deixar de trazer críticas.
Um grande banco de São Paulo divulga relatório onde critica o custo das Reservas Internacionais acumuladas pela primeira vez em 500 anos de história, e que permitiu pela primeira vez o Brasil não pedir uma ajuda e fazer uma dívida monstruosa com o FMI.
Como criticar uma medida destas?
Meirelles modificou uma série de práticas dos governos anteriores, como reservas praticamente nulas, dívida interna denominada em dólar, dívida interna com juros flutuantes e não pré-determinados, e assim por diante, coisas defendidas por administradores há muito tempo.
O custo destas reservas, diz o estudo, representa 0,8% do PIB, porque as reservas são aplicadas em títulos americanos de juros baixos e custeadas por dívidas internas que são mais caras, o que é parcialmente correto.
O ataque velado aos administradores em geral, e Meirelles em particular, fica evidente quando autor usa o termo “rentabilidade gerencial” em vez da usual rentabilidade econômica.
Muitos acadêmicos discutem agora se estas reservas não são elevadas demais.
Não encontrei nenhum artigo de nenhum destes acadêmicos anterior a 2005, propondo aumento de reservas ou apoiando meu artigo na Veja Colchão de Segurança argumentando a necessidade do Brasil aumentar as suas pífias reservas de 18 bilhões na época. Antecipava a discussão de AntiFragility do Nassim Taleb em 10 anos.
O estudo compara os custos de juros com as receitas das reservas e deixa de fora uma série de “receitas” e externalidades das nossas reservas.
“Como o BC não age como hedge fund, eu não inclui a variação do câmbio como receita.”
Assim é fácil provar qualquer coisa em matemática.
É só não incluir o que não se gosta.
“Banco Central não é um hedge”, vai contra tudo que se fala da função estabilidade do governo.
O fato das reservas manterem o câmbio baixo numa crise, o que impediram uma fuga de capital e reduziram a taxa primária de juros que o país tem de pagar não entrou nestes nos cálculos.
Muito menos entrou nos cálculos o enorme custo da dívida do FMI que o Brasil teve que pagar de 1998 em diante, por não termos tido reservas suficientes na época.
9 respostas
Em primeiro lugar, parabéns pela análise, apesar de eu não ter entendido todos os detalhes, confio mais na sua opinião do que na de um funcionário de um banco privado.
E o Mainardi é economista? Ele se formou? Na Wikipedia está escrito que ele cursou apenas um ano…
O Mainardi é economista ? Pensei que fosse apenas um “bobagista” afinal, nada que escreve presta.
Vou reproduzir, digo, copiar e colar, este seu artigo em outros blogs. Depois coloco os links aqui.
Algumas publicações de alcance popular estão há muito tempo fora da minha preferência, por estarem dando espaço a esse tipo de gente que de economista estão mais perto de chatos com direito a difundir bobagens para quem acredita em textos sem qualquer conteúdo ou sustentação de suas teses fúteis e descompromissadas com a verdade.
Aconselho as pessoas que tem alguma intenção em ser correntista do Banco que o Sr. Rawing Dib tem o seu vínculo a pensar bem qual é o tipo de intenção ou seriedade dessa gente
Porque o Itaú não troca 10 economistas por um administrador? Com certeza a gestão financeira daria um salto de qualidade.
Duas críticas cabem nessa situação: a primeira é a óbvia escolha por quitar débitos onerosos internacionais com recursos mal-remunerados. Meirelles, como amigo dos bancos internacionais, nunca fará isso.
A segunda é mais preocupante: existe uma grande possibilidade de o dólar se desvalorizar ainda mais e as aplicações do Brasil virarem fumaça. Índia e China estão comprando todo o ouro disponível no mundo.
Enquanto isso, aqui no Brasil, ninguém nem toca no assunto.
O problema não é o excesso de economistas no Brasil, o problema é que eles são ruins. Precisamos urgentemente de BONS economistas, e não de preconceito ingênuo contra a ciência econômica.
Parabéns Anderson . Seu raciocínio esta correto no sentido que usar poupança externa é muito mais barato do que poupança interna, especialmente sob forma dívidas . Mas a minha geração nunca entendeu isto .
Sinceramente, acho que temos um problema de definição de funções. Como o sr.Kanitz mesmo argumenta, cabe ao BC o “hedge” da moeda e aqui terminamos um ponto. Outro ponto, completamente diferente, trata-se da dívida. O problema é que, a partir daqui, temos que encarar a vida de frente e isso nem sempre é fácil: logo percebemos que não há mágicos, economistas, administradores ou qualquer outro sábio que seja capaz de solucionar essa questão se não levarmos em conta fatores como a black-economy, a sonegação, a corrupção, o despreparo educacional, a péssima representação partidária, a falta de competitividade de nossas empresas e tantos outros fatores que inviabilizam uma arrecadação mais equitativa e um melhor gerenciamento da dívida. Atribuir esses fatores ao presidente do BC é como dizer que o palmeiras não ganhou o campeonato porque choveu muito esse ano.
Mainardi é o ”jornalista”, se é que aquilo pode ser considerado um jornalista, mais estúpido que eu conheço, seua artigos nao têm fundamentos, são apenas críticas vazias! nao sei como a Veja mantem ele na revista! ps:. Ele não é economista!
Professor, você poderia comentar o post do Anderson? Assim como ele, não vejo por que alguem compra algo mais caro se tem outro produto mais barato no mercado? Até o momento, a única explicação que consegui é que o dinheiro não é do comprador… e tem alguém ganhando algo com isso, mas quem? Informação assimétrica…