Ao longo dos últimos 40 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou crescimento em termos absolutos.
No entanto, esse crescimento foi amplamente impulsionado pelo aumento populacional.
Quando analisado sob a ótica do PIB per capita, o indicador mais relevante para mensuração de bem-estar e produtividade média, o país sofreu uma queda estrutural significativa.
Houve uma redução real próxima de 50% em termos relativos, quando comparada à média global.
Em 1984, o Brasil ocupava a 40ª posição no ranking mundial de PIB per capita.
Caso tivesse mantido essa colocação até 2023, que atualmente é ocupada por Portugal, o país teria atingido uma renda média de aproximadamente US$ 27 mil per capita.
Entretanto, o Brasil caiu para a 84ª posição, com um PIB per capita estimado em US$ 10 mil, menos da metade do valor português.
Se você está achando esse valor de US$ 10 mil alto, é porque nossos economistas costumam calcular o PIB per capita antes dos impostos. Não encontrei o valor da Renda Per Capita Disponível, que é substancialmente mais baixo.
Essa perda de posição relativa evidencia uma deterioração competitiva persistente, amplamente ignorada tanto pela grande imprensa quanto por parcela significativa da comunidade econômica nacional.
O foco excessivo em indicadores agregados, sem comparações internacionais, tem mascarado a realidade do desempenho brasileiro em termos de produtividade individual e renda média.
Na ciência da administração, é impensável avaliar o desempenho de uma organização sem estabelecer benchmarks e comparações relevantes.
Contudo, avaliar o crescimento de uma empresa sem compará-lo ao de seus concorrentes resulta em decisões míopes, e o mesmo raciocínio deveria ser aplicado à análise macroeconômica.
Há quatro décadas o Brasil segue sob o domínio de uma visão técnica limitada, centrada no controle da inflação e na estabilidade nominal, em detrimento de uma estratégia sistêmica de aumento da produtividade e da competitividade internacional.
O país foi entregue a formuladores de políticas que confundem estabilidade com desenvolvimento, uma disfunção técnica que tem custado caro.
Enquanto continuarmos promovendo agentes econômicos e intelectuais que se concentram em variáveis parciais e desconsideram métricas internacionais comparadas, não há perspectiva real de convergência com os países desenvolvidos.
O mais preocupante é que, mesmo diante desse declínio visível, a percepção coletiva de fracasso ainda não se consolidou.
A inércia analítica pode muito bem prolongar esse ciclo por mais 40 anos.
Assustador!
Respostas de 2
A discussão do PIB per capita é pertinente e antiga mas no Brasil é negligenciada em especial porque por bom tempo , décadas, nosso crescimento populacional jogava contra a maioria dos comparativos , incluindo Portugal , já com taxa de crescimento menor que o brasileiro . Este cenário vem mudando mas infelizmente no Brasil o PIB per capita não vai demonstrar ganhos pela menor taxa de crescimento da população porque a taxa de crescimento do PIB nos ultimos governos deixa a desejar mais ainda . PIB Industrial cai , serviços é meio falacioso , comércio é oscilanta e agro não tem folego para compensar tudo . Simples assim . Por outro lado, governos de esquerda com PT à frente não tem estes índices como importantes porque empobrecimento da população é meta escondida. Logo como meta escondida podemos dizer que o governo desde FHC disfarçado no Forum de São Paulo tem sido bem sucedido e os proximos 40 anos serão provavelmente o desastre disfarçado de sucesso nas narrativas que cansamos de ouvir de mídia ignorante , professores fajutos e modelos fraudados de estatísticas que enganam para sossegar os incautos . Como disse você meu caro mestre , quem não saiu talvez não consiga sair mais e não adianta chorar porque a constituição já está rasgada e o congresso já está de joelhos . Solução somente sobrenatural e escatológica ! abraços
Prezado Stephen excelente artigo com colocações totalmente pertinentes.