O Que É Ser Bem-Sucedido?
Essa é uma pergunta sobre a qual todo jovem deveria refletir e definir cedo na vida. Ter clareza sobre o que é sucesso pode evitar frustrações e, ao mesmo tempo, aumentar a satisfação ao se chegar lá, como estou fazendo agora.
Hoje, aos 80 anos, trago uma boa e uma má notícia sobre essa questão. A boa notícia é que o sucesso é mais fácil de alcançar do que muitos imaginam. A má notícia é que, ao mesmo tempo, ele é bem mais desafiador do que se costuma pensar.
Primeiro ponto: dinheiro não é a principal medida de sucesso, embora, atualmente, tendamos a dar importância quase exclusiva a esse aspecto. A direita costuma enfatizar que qualquer pessoa pode estar entre os 10% mais ricos do país.
Um pobre pode ver seu filho alcançar a classe média e, quem sabe, seu neto chegar aos 10% mais abastados enquanto ainda está vivo para comemorar.
Mas afirmar que todos podem enriquecer em uma geração apenas com uma faculdade pública ou, por outro lado, que todos estão destinados a serem eternamente oprimidos, segundo os ensinamentos de Paulo Freire, é estar longe da verdade.
A verdadeira medida de sucesso, e até de riqueza, está na utilidade que você gera desde o início de sua carreira. Ser um cientista social aos 24 anos, por exemplo, pode não trazer muita credibilidade.
Minha tese na faculdade foi prática: “Como prever a falência de empresas.” Esse trabalho me deu certa notoriedade logo cedo, e recomendo a todos que escolham temas práticos para suas teses, em vez de assuntos puramente teóricos, como muitos fazem.
Escolhi uma profissão que considerava útil: professor universitário. Era um trabalho que pagava pouco, mas foi essa experiência que, anos depois, me permitiu ser um dos poucos palestrantes capazes de dominar públicos de até 5.000 pessoas — algo que é bem remunerado pela responsabilidade que exige.
Com palestras a R$50.000,00, é possível alcançar uma posição de classe média alta com certa folga. Mas é importante lembrar que dinheiro não é tudo, nem é essencial para uma vida bem-sucedida.
Recomendo a prática de uma pequena “extravagância” que fazíamos uma vez por mês: jantávamos nos restaurantes mais caros e elegantes da cidade, evitando vinho e sobremesa para reduzir o custo.
Tivemos a chance de jantar ao lado de bilionários como Roberto Setubal e André Esteves, aproveitando a mesma experiência gastronômica — só que com menor frequência. Em Miami, aluguei um Porsche por um único dia.
Desfrutei desses momentos sem a enorme responsabilidade de gerenciar um banco, como eles tinham. Honestamente, não vale a pena; prefiro ser classe média.
Manter um casamento de 50 anos com a mesma pessoa é outro sinal de sucesso. Isso demonstra que você fez a escolha certa. Uma família amorosa e estável nos permitiu criar filhos seguros e excepcionais — algo que nem todos conseguem. Esse tipo de felicidade não tem preço; nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar.
Graças a isso, nossos filhos se casaram com mulheres fabulosas, que compartilham os valores positivos que aprenderam em casa. E, para minha surpresa e alegria, até hoje sou encantado por minhas noras, mulheres carinhosas e generosas, o que é raro hoje em dia.
Como cereja do bolo, elas nos presentearam com netos maravilhosos, curiosos e com os pés no chão.
Diferente de Lula, Jorge Paulo Lemann e Beto Sicupira, posso caminhar pelas ruas sem ser vaiado. Pelo contrário, sou frequentemente abordado por leitores que pedem uma foto para guardar de lembrança.
Não tenho ex-esposas atrás de dinheiro, nem filhos vagabundos ou drogados tentando “salvar o mundo” antes da hora.
Ser bem-sucedido é, de fato, mais fácil e mais difícil do que muita gente imagina. Mas, sim, é plenamente possível.