Introdução à Neuropedagogia

Regressão sináptica e poda neural depois dos 5 anos requer atenção foçada de pais e pedagogos

por Stephen Kanitz

Com o advento da Ressonância Magnética foi possível observar pela primeira vez na história os detalhes do funcionamento do cérebro humano, inaugurando uma nova era de compreensão sobre os processos cognitivos. 

Isso catalisou o desenvolvimento de novos métodos de ensino revolucionários, embasados em pesquisas científicas sobre a aprendizagem cerebral, um domínio anteriormente nebuloso.

A discussão sobre neuropedagogia ganhou relevância a partir da década de 1990, embora não tenha se difundido amplamente no Brasil. 

Isso porque durante esse período, o país nomeou predominantemente economistas como Ministros da Educação, cuja compreensão de pedagogia, e mais especificamente de neuropedagogia, era limitada. 

Prevalecia a crença de que os desafios educacionais se resolviam principalmente através de investimentos financeiros e infraestruturais, mais salários, mais faculdades, mais Fies, mais bolsas educação.

A neuropedagogia desafia concepções pedagógicas tradicionais, revelando que até então havia um desconhecimento acentuado sobre como o cérebro processa informações visuais e auditivas e como ele forma conclusões essenciais para a sobrevivência.

Métodos convencionais, como os preconizados por Paulo Freire, são severamente questionados sob esta nova luz, com a neuropedagogia sugerindo que tais abordagens podem não ser tão eficazes quanto se pensava anteriormente.

Em vez de ensinar, emburrecem nossas crianças ano após ano até hoje. 

Crianças que assistem televisão perdem mais, crianças que assistem podcasts perdem menos. 

Crianças que estão permanentemente ao lados dos pais, como 30.000 anos atrás, perdem menos, crianças colocadas no ensino fundamental perdem mais.

Por isso estamos em último lugar nos testes educacionais, e nosso QI médio caiu de 99 para 86 em menos de 40 anos.

Perdemos de fato nossa capacidade olfativa que os animais ainda hoje possuem.

E perdemos bilhões de outras porque protegemos nossas crianças de todos os perigos e estímulos externos possíveis e os mantemos em escolas que pouco ensinam antes dos 18 pelas razões já expostas.

Hoje nossas crianças perdem sinapses e neurônios todo ano a partir dos 2 aos 6 anos, ao ritmo de 50 trilhões de sinapses por ano, e 1 bilhão de neurônios. 

Pedagogos acreditam que nosso cérebro desenvolve lentamente até os 18 anos, quando chegava à plenitude. 

Por isso ensinávamos assuntos complexos somente ao nível de educação superior, e dos 6 aos 10 as coisas mais simples possíveis.

A neurociência mostra justamente o contrário. 

Nosso cérebro cresce vertiginosamente dos 2 aos 6 anos de idade, dependendo da parte do cérebro, quando chega a ter no total 1 quatrilhão de sinapses, e 100 bilhões de neurônios.

Que pelo jeito eram necessários 30.000 anos atrás, senão as crianças não sobreviveriam, ou só aquelas com 1 quatrilhão sobreviveram.

Tal crescimento, se não acompanhado por estímulos e aprendizados adequados, pode levar à regressão sináptica e à poda neural, fenômenos associados à perda de capacidades cognitivas.

Essas descobertas apontam para a necessidade de repensar urgentemente as estratégias pedagógicas tradicionais, que frequentemente subestimam as capacidades cognitivas de crianças em tenra idade. 

A neuropedagogia sugere a implementação de abordagens mais estimulantes e desafiadoras desde os primeiros anos de vida, visando potencializar o desenvolvimento cerebral.

O desafio enfrentado pelos neuropedagogos é superar séculos de inércia educacional, convencendo professores, pais e instituições a adotarem essas novas práticas. 

A resistência é parte de um processo natural de transição, mas é crucial para a evolução do ensino. 

A neuropedagogia não apenas redefine a compreensão sobre a plasticidade cerebral, mas também propõe uma mudança paradigmática no campo da educação, enfatizando que a educação é, em sua essência, um processo de construção cerebral.

Este desafio requer o engajamento coletivo para promover uma verdadeira revolução didática, algo que não pode ser realizado isoladamente, mas sim através de um esforço colaborativo e de uma mente aberta às possibilidades transformadoras da neuropedagogia.

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