Mulheres Que Não Conseguiram Ter Filhos

 

Tempo de leitura: 2 minutos

Escrevi este texto para uma mulher que teve seus ovários destruídos por um médico monstro, o que destruiu o seu casamento, a sua vida de mãe e o seu futuro.

Espero que seja um conforto a todas as mulheres que não puderam ter filhos, ou já sabem que nunca poderão tê-los.

“Querida Nilva, li seu depoimento triste e trágico no livro corajoso que escreveu, e posso imaginar a sua angústia de nunca mais ser mãe e ter filhos.

Eu sei que nada poderá minimizar a dor emocional, mas peço que leia este texto um tanto “racional e científico” porque acredito que ele poderá reduzir um pouco a sua dor.

Ao ter um filho ou filha, somente metade dos genes serão seus. Você transmite só metade da sua “vida”.

O restante será do seu marido.

Seus netos, por sua vez,  terão somente 25% dos seus genes.

Seus bisnetos 12%.

Seus tataranetos 6% e os filhos destes somente 3%.

O que estou querendo lhe passar é que com o tempo aqueles  filhos que você não teve  deixariam de ser seus filhos, e seriam lentamente misturados com toda a humanidade.

Eu sei que você chorou por anos a fio o fato de ter sido privada de ser mãe.

Mas cientificamente você está chorando o fato de não ter podido influenciar em somente 3% o futuro dos seus descendentes.

Eu, você dirá, tive mais sorte. Eu terei influenciado em 3% meus descendentes. Perceba que, nesse sentido, não há tanta diferença entre nós.

Em termos genéticos, nenhum de nós deixará filhos para a posteridade.

Em termos genéticos deixamos somente traços dos nossos genes.

O fato de você não ter sido mãe, no fundo afeta muito pouco os filhos e netos que você teria.

O que você perdeu é o prazer de cuidar de um filho, de uma adolescente, de um jovem adulto, que diga-se de passagem muitos odeiam.

Mas você pode fazer o mesmo. Eles não são exatamente filhos dos outros, eles são parte dos 97% da parte que não controlamos, parte das noras e genros que nossos filhos, netos e tataranetos irão casar.

Somos muito mais importantes na nossa capacidade de deixarmos um mundo melhor para todos os tataranetos do mundo, pelas nossas inovações, pela nossa ajuda mútua, pelo carinho e dedicação que dedicamos aos nossos sobrinhos, filhos de amigos, e membros de nossa comunidade, muitos que no futuro irão casar entre si.

Você pode influenciar os 97% dos jovens que teriam casado com seus tataranetos, mais que os 3% que eles teriam recebido de você.

É possível influenciar as futuras gerações muita mais com sua vida, com suas realizações, do que com os 3% que você deixou de contribuir em termos genéticos.

Você pode inventar uma vacina, pode eleger um político melhor, há zilhões de coisas que poderá fazer.

E se você tem irmãs, sobrinhos e sobrinhas, eles têm muito mais do que 3% de genes que eles compartilham com você, e portanto se dedicar a sobrinhos é tão válido quanto.

Esta estória de que não ter filhos é um desastre pessoal, é algo meramente cultural.

Estão lhe fazendo sentir uma pessoa incompleta por não ter tido filhos, mas espero ter mostrado que isto não é verdade.

Geneticamente, os seus genes serão preservados em número muito maior do que 3%. Os filhos dos seus amigos e amigas compartilham 98% de seus genes, portanto fique tranquila.

Você não vai sumir, seus genes irão se perpetuar por outras pessoas.

Se você conhece um casal que não consegue ter filhos ou uma irmã solteira que está se sentindo uma mulher fracassada, repasse este artigo depois de entender o que estou tentando transmitir.

 

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Comentários

12 Responses

  1. Muito Lógico de Fato, muito plural, excelente colocação.
    É um afago no sofrimento da infertilidade, porem de grande sabedoria!!!!!!!!!

      1. Perdoe-me, mas não havia absolutamente NADA ofensivo ou fora de propósito em meus posts; o blog é seu, anyway.

  2. Professor Kanitz, meu post também foi deletado. Será problema na ferramenta que administra os conteúdos ou foi deletado por algum motivo no conteúdo do que escrevi? No momento penso que foi pelo primeiro problema citado. Se não, há como eu saber o porque da deleção? Agradeço antecipadamente. Abraço!

  3. Kanitz, grande sábio! Também penso como a colega que falou sobre crianças a serem adotadas. Qual sua opinião sobre adoção? Caso o senhor já tenha escrito algo sobre o tema, por favor me direcione para que eu possa lê-lo. Grande abraço!

  4. Não tenho filhos. Tanto minha esposa quanto a irmã não podem tê-los, por sofrerem de endometriose. Minha cunhada tentou a adoção e recebeu duas crianças (um de 5 anos e a irmã de 2 anos), retirados de uma mãe drogada, diferentes pais, e cuidados por avó alcoólatra. Como na cidade não há abrigo para menores, a juíza retirou da mãe biológica e entregou diretamente ao casal que pretendia a adoção. Passados 10 meses e por ação de um promotor foram devolvidos à mãe biológica porque a legislação prevê que crianças passem por um abrigo antes de serem encaminhadas a um casal e a juíza havia “cortado caminho”.
    Em momento algum o tal promotor pensou no bem estar das crianças, e muito menos nos efeitos que sua atitude iriam provocar em todos os envolvidos: família biológica, família adotiva ( e não apenas o casal diretamente envolvido, mas em todos os “novos” familiares) e, principalmente, nas crianças.

  5. Graças à Deus não tenho e até agora não penso em ter!! E minha vida é ótima! Não sinto esssa necessidade que a maioria das mulheres sentem em ter que cuidar de crianças.

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