O Que É Ser de Direita no Brasil
Nos últimos anos, uma questão tem emergido com força no debate político brasileiro: o que significa, de fato, ser de Direita?
Embora muitos celebrem as vitórias eleitorais recentes como uma “derrota da Esquerda”, uma análise mais profunda revela que ainda existe uma ampla confusão entre os eleitores sobre o que constitui a identidade da Direita.
Mais de 50% ficaram satisfeitos com os resultados das eleições em São Paulo e na maioria das capitais simplesmente porque “vencemos a Esquerda”.
Essa confusão revela algo mais profundo: a educação política brasileira raramente aborda de maneira clara os princípios que sustentam uma ideologia de Direita.
No ensino formal, o foco majoritário é em conceitos de Esquerda, enquanto as ideias de Direita geralmente aparecem sob estigmas e estereótipos, como “fascismo”, “ganância” e “defesa do status quo”.
Essa lacuna não é apenas institucional. No Brasil, faltam também figuras de destaque que possam ser consideradas verdadeiros “gurus” da Direita, no sentido de articularem e discutirem os dilemas e desafios enfrentados pela corrente conservadora em um mundo moderno.
Personalidades como Olavo de Carvalho, embora influentes, concentraram-se mais em textos anti esquerda do que na construção teórica sobre a Direita.
Enquanto isso, a Esquerda discute continuamente seus ideais; tanto que uma das principais think tanks do Brasil é a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
Há cerca de 20 anos, me pediram para expor minha tese sobre “Produtos para Classe C e D: Uma Nova Política Econômica”, mas nenhum think tank liberal ou de Direita demonstrou interesse em ouvir.
Se Nunes, Tarcísio e os demais líderes eleitos não conseguirem fazer o país crescer 4% ao ano, uma esquerda mais radical certamente voltará ao poder.
O que se viu nas últimas décadas foi um padrão em que eleitores optaram por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e Jair Bolsonaro não por convicções genuinamente direitistas, mas como uma tentativa de conter o avanço da Esquerda.
Mesmo hoje, a maioria dos brasileiros teria dificuldade em listar vinte e cinco características que definam uma pessoa de Direita. Ser contra o aborto, por exemplo, não é necessariamente uma demanda da Direita, mas muitas vezes uma posição religiosa ou cristã incorporada.
Eu não me atrevo a escrever esses 25 conceitos porque não quero ser taxado como louco, como foi Olavo de Carvalho, mas precisamos urgentemente de um documento claro e preciso, assinado a muitas mãos. Portanto, mexam-se, se não quiserem Boulos e Lula em 2026.
É preciso um entendimento mais claro e aprofundado sobre o que significa ser de Direita, para que essa corrente ideológica ganhe identidade própria e autonomia.
A eleição de Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes representa, de fato, um afastamento temporário da Esquerda, mas isso só se sustentará se esses líderes abordarem os problemas acumulados e apresentarem resultados tangíveis.
Uma resposta
O problema não é a direita ou a esquerda, mas os extremos; seus extremistas melhor colocando.
A direita e a esquerda (normais!!!???) são os pesos e contrapesos da democracia. Confrontam-se continuamente no campo das ideias, conservadoras ou progressistas, sem contudo fomentar destruição uma da outra.
Ao contrário, os extremistas de ambas militam tendo como argumentação a aniquilação da parte extrema oposta. Quando se mostram conservadores ou progressistas não o fazem com base em ideologias compatíveis com suas posições político-partidárias, mas como instrumento de “guerra”, nada resolvendo de concreto em prol da democracia (do povo), pois comumente têm tão somente os próprios interesses.