Uma das premissas da microeconomia é que empresas estão sempre a procura do lucro máximo.
Isto porque o ser humano é egoísta e ganancioso, especialmente os empresários.
Não passa pela cabeça que a maioria dos seres humanos são preguiçosos, acomodados, querem segurança, e se contentam em sobreviver,preferem um Bolsa Família a maximizar renda.
Será que estes acadêmicos nunca saíram da Universidade e conversaram com os herdeiros destes empresários, para ver que a maioria não tem o menor interesse em aumentar o império do pai?
O medo deles é justamente perder o que receberam de mão beijada. Arriscar e crescer o potencial da empresa? Nem pensar!
Por que então um empresário, ou seu filho que já é rico, vai duplicar o tamanho da sua fábrica, assumir o dobro de risco e responsabilidade, trabalhar mais, só porque o Banco Central reduziu os juros pela metade?
A maioria das empresas no mundo são empresas familiares e o objetivo não é maximizar o lucro, e sim garantir um emprego para cada membro da família.
Lembre-se da lei número 1 da burocracia. “O objetivo final de cada instituição é garantir o emprego dos instituídos”.
Por isto, empresas familiares maximizam controle acionário e não o lucro. Querem controle máximo mais do que lucro máximo.
Preferem ter 100% de uma empresa pequena que controlam totalmente, do que 45% de uma empresa enorme, mas que pode não empregar todos os membros da família.
E estas empresas enormes são administradas por administradores profissionais e não herdeiros.
Eles vão maximizar o lucro para quê? (Os bônus de executivos são coisa muito recente, e somente nos Estados Unidos.)
Vou dar um caso pessoal, para ilustrar como os administradores pensam.
Com 26 anos tive que contratar três subordinados para um projeto de uma empresa.
Os três queriam um salário de R$ 5.000,00, que era justamente quanto estávamos dispostos a pagar, mas eu os convenci a aceitarem R$ 4.000,00 por uma séria de razões, muitas eram até mentiras.
Fiquei feliz por ser um hábil negociador, mas de noite não consegui dormir, que idiota eu havia sido.
Os três iriam trabalhar para mim, os R$ 12.000,00 que eu havia economizado por ano iriam para a empresa, e eu ficaria com funcionários desmotivados, o que somente complicaria a minha vida.
O ideal para mim era pagar bem meus subordinados e ter gente leal e disposta a trabalhar até a meia noite, e facilitar a minha vida.
No dia seguinte, mudei rapidamente de ideia e ofereci os R$ 5.000,00. Ou seja, não maximizei o lucro da empresa como reza a microeconomia.
Mas criei uma empresa mais sustentável, onde funcionários trabalhariam mais motivados.
Uma das frases mais sórdidas do mundo moderno é “The Social Responsibility of Business Is to Increase Its Profits.” Seu autor é a Milton Friedman .
“A responsabilidade social da empresa é maximizar seus lucros.”
Importante é saber porque Milton Friedman disse este comando.
Administradores Socialmente Responsáveis e Empresas Familiares não estavam de fato maximizando lucros.
E isto tirava da Ciência Econômica a sua capacidade de prever a direção, tirava o motor do sistema, tirava a dinâmica da economia.
Se esta situação perdurasse, cada vez que abaixassem os juros ou criassem um incentivo fiscal, nada poderia acontecer.
Ninguém sairia atrás aumentando a produção, contratando mais gente.
Se maximizar controle da empresa é o lema, juros nada afetariam.
Se o objetivo não é crescer e maximizar o lucro, se o objetivo é manter a empresa sob o controle da família, é manter uma empresa onde todo mundo está satisfeito e trabalhando sem stress, a ciência econômica não tinha muito a dizer nestas questões.
Friedman e a Escola de Chicago possuíam até estudos que mostravam que Administradores Socialmente Responsáveis não estavam maximizando lucros.
E de fato não estávamos, não somente pelos motivos citados, mas porque estávamos criando refeitórios para os funcionários poderem ter uma alimentação saudável, estávamos criando fundos de pensão e planos de saúde, para o desespero da turma de Chicago.
Quando abaixavam os juros, tínhamos que aumentar as contribuições previdenciárias dos nossos planos de pensão, o que reduzia os nossos planos de investimento, o contrário do que a teoria econômica postulava.
12 respostas
Caro,
Não acredito que a crítica a Friedman proceda nos termos em que foi colocada aqui. A verdade é que o economista de Chicago tinha como base metodológica a chamada “Metodologia da Economia Positiva”, a qual postula que o realismo dos pressupostos é o fator menos importante em uma formulação teórica.
Para Friedman, portanto, não importaria se os empresários de fato buscam maximizar o lucro. Para ele, assumir que eles o fazem seria um bom expediente teórico para formular previsões. Friedman ainda concluiria com a seguinte observação: se certos agentes de fato não agem de forma a maximizar os lucros, o próprio mercado se encarregará de jogá-los “para fora” do jogo.
Com efeito, uma crítica bem fundamentada à ética monetarista precisa vir acompanhada, necessariamente, de uma crítica à Metodologia da Economia Positiva.
Mestre,
A idéia de “mercado impessoal” é um expediente teórico fundamental para uma análise que se pretenda científica.
Pelo que notei dessa postagem e de outras anterioras, acredito ser preciso que o senhor tome contato com a literatura que trata de epistemologia, natureza da ciência, tipos ideais. Popper, Lákatos e Weber, pra começar. Sem isso, toda a crítica perde a sua potência por atirar no alvo errado.
Vejo que o escritor do texto anda muito desatualizado de economia. Esse ponto da maximização já foi quebrado faz anos na economia, com a Escola da Economia Industrial e da NEI. É uma pena, pois acho que o mestre deve escrever de ADM, para não incorrer em falhas absurdas. Cada um na sua meu querido.
“Uma das premissas da Ciência Econômica é que empresas estão sempre a procura do lucro máximo.” FALSO
A ciência diz que elas procuram maximizar o lucro e não obter o lucro máximo. Maximizar é tentar otimizar suas atividades em busca a cobrir seus custos, dentre os quais o custo de oportunidade.
Portanto, ninguém afirma que o um herdeiro, por exemplo, vai necessariamente querer aumentar o império do pai ou vai se arriscar mais.
Você confunde demais os conceitos. Mas não te critico tanto por isso, até porque vários professores de economia também não têm preparo.
ë isto aí. Em 1980 surgiu o Agency Theory em economia, que alegava que Administradores não estavam maximizando lucro do stockholder, em sim dos stakeholders. Dai surgiu a ideia dos stock options.
Thomás que esconde seu sobrenome.
“Schumpeter é que estava certo” diz você.
As idéias de Schumpeter são responsáveis por um atraso de 30 anos no Brasil, pela perpetuação da empresa familiar ( empreendedores ) e o atraso da profissionalização.
Seu colega Francisco Grow disse “A criação dos 2/3 de ações preferenciais sem direito a voto da Lei da SA foi de inspiração Schumpeteriana, para proteger o empreendedor”.
cunha que esconde seu sobrenome
De um Google em Escola da Economia Industrial e veja como ela não “pegou”.
Este é o seu problema. Ficar na sua e não estudar ADM. Hoje empresas sao pais poderosas que Ministros. Veja o caso da Petrobras.
Parabéns Vinicius, o primeiro a colocar o sobrenome. Vc é aluno ou professor?
Maximizar lucro e lucro máximo honestamente é mais uma abstração semântica, ninguém sabe de fato qual será o lucro máximo, só tentando.
Mas vejamos na prática.
Seu colega diretor financeiro da Sadia, da Economia da PUC maximizou o lucro da Sadia com os tais derivativos, e literalmente quebrou a empresa.
Nos administradores teríamos dito ao Conselho que nosso core business é frango e não teríamos maximizado ou tentado o lucro máximo, distinção importante para voce, mas não para o resto.
Aliás as outras duas empresas também tinham economistas como diretores financeiros, VCP e Aracruz. Um da Economia da PUC rio e outra da Economia PUC Salvador.
Eu prefiro ADMs que você acusa de confundir preciosos conceitos de economia, do que economistas que sequer conhecem conceitos como Core Business.
A agora Vinicius eis a questão.
Vocês vão cobrir os prejuízos enormes que seus colegas causaram a sociedade brasileira ?
Vocês vão cassar o diploma destes três brilhantes economistas, que exercendo ilegalmente a profissão de administradores destruíram a saúde financeira de tres enormes empresas, salvas pelos seus colegas do BNDES ?
Não está na hora de vocês pagarem pelos erros que cometem ?
Pelo menos uma vez ?
Mas não, ficam defendendo ad nauseam a incompetência.
Mestre,
Schumpeter é um autor que viveu diversas fases. Na sua Teoria do Desenvolvimento Econômico (1912), ele atribui a inovação aos novos empresários, aqueles pequenos que, com uma idéia inovadora, revolucionária, desestabilizam o resto da economia e iniciam um grande ciclo de investimentos.
Anos mais tarde, porém, quando Schumpeter publica seu Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), ele revê algumas de suas teses, e passa a atribuir às grandes empresas e aos monopólios o papel de agentes da inovação, através da institucionalização e profissionalização dos setores de P&D. Tudo isso seria bancado pelo grande poder econômico das grandes coorporações.
Não sou partidário de nenhuma das designações schumpeterianas, mas acho que as análises desse autor são muito interessantes – para o bem ou para o mal. De toda forma, esse não é o ponto em discussão, não?
Caro professor,
“Friedman e a Escola de Chicago possuíam até estudos que mostravam que Administradores Socialmente Responsáveis não estavam maximizando lucros.
E de fato não estávamos, não somente pelos motivos citados, mas porque estávamos criando refeitórios para os funcionários poderem ter uma alimentação saudável, estávamos criando fundos de pensão e planos de saúde, para o desespero da turma de Chicago.”
Como é que o senhor prova que criar refeitórios, fundos de pensão e planos de saúde não são estratégias maximizadoras de lucro? Dito de outra forma, que tipo de administrador (teórico ou prático) defende que dar alimentação saudável aos seus funcionários é prejudicar o lucro?
É esse administrador que o senhor parece ser neste artigo.
E eu não precisava lhe dar este contra-argumento, pois o próprio Friedman lhe deu na terceira página do texto que o senhor mesmo referenciou.
Gostaria de fazer um comentário mais amplo, porém, ao texto. Mas o farei de forma curta, com dois conceitos apenas:
1) Straw man Fallacy – http://en.wikipedia.org/wiki/Straw_man
2) “Policy entrepreneurs” – http://en.wikipedia.org/wiki/Peddling_Prosperity
Att
Ricardo,
Milton Friedman defende o Stockholder, esquecendo os Stakeholders porque ele como muitos é um academico unidimensional. Não há metrica ou estudo que possa mostrar que dar fundo de pensão faz o trabalhador trabalhar o dobro 30 anos depois.
Henry Ford dobrou o salario de seus funcionarios para 4 dolares, sendo taxado na epoca de comunista, porque ele achava que seus funcionarios deveriam poder comprar os produtos que fabricavam.
Um principio ético dele, não por um estudo econométrico.
Foi o agency theory do seu guru Michael Jensen usando Friedman que sugeriu Stock Options para os administradores, para que eles voltassem a maximizar o lucro do stockholder. paper que terminara na Crise do Subprime, porque de fato todos voltaram a maximizar lucro, como voce defende.
Se voce quer uma teoria, melhor defender que empresarios minimizam a possibilidade de prejuizo, e nestes casos cortam salarios, reduzem qualidade, todos os defeitos que se atribue a maximização de lucros, algo que Khaneman e outros tem discutido.
Quando voce começar a trabalhar voce vai entender o que academicos nao entendem.
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Perdoe-me, mas advogar a minimização espontânea de lucros por si só é algo absurdo.
Primeiramente, da forma que foi posta a “minimização”, trata-se de tolice a crença que funcionários bem pagos trabalham mais. Fosse isso verdade e os funcionários estatais, sobretudo no brasil, seriam os trabalhadores mais eficientes do mundo. Tão enormes as regalias que, nós, pagadores de impostos, lhes concedemos.
Segundo que minimizar lucros por pura bondade é algo de pouca inteligência. Vejamos:
Em 1996 um kit multimidia mediano custava acima do R$500,00. Dez anos depois um kit muito melhor não saia por mais R$100,00 (já gravador CD/DVD, placa de som e caixas de som).
Os lucros absurdos conseguiram fazer com que os investimentos crescessem rapidamente, dada a lucratividade gigantesca. Tivessem os fabricantes concedido altos salários, refeitórios de luxo servindo lagostas, camarões e vinhos finos ao funcionários, além de planos de aposentadoria nababescos, certamente as empresas não teriam como investir tão rapidamente e todos os consumidores estariam prejudicados. Além do que os tais trabalhadores estariam MIMADOS e não aceitariam a redução das mordomias e salários quando o aumento de produção fizesse cair o potencial de lucro.
Me perdoe, mas mimar funcionários por pura bondade, sem o objetivo de maximizar lucros, é uma asneira prejudicial a todos. Remunerar por PRODUTIVIDADE e incentivar o moral dos funcionários não é “minimizar lucros” e sim maximizar. Porém mimar funcionários por puro ALTRUÍSMO é destruir a empresa. Até porque a concorrência irá arruinar esse “altruísmo bonzinho”.
Quando maximiza lucros a empresa se faz eficiente, produtiva e prospera. Se for fazer bondades irá falir cedo ou tarde e desempregar seus mimadinhos.
A realidade é que a DEMANDA por mão de obra é a maneira certa de elevar salários e mordomias. Sem produtividade e INVESTIMENTOS de grandes lucros, TODOS SAEM PREJUDICADOS. Ou pelo menos a empresa “boazinha” vai crescer lento até que seus lucrativos concorrentes a joguem na realidade da falência. Aí seus mimados funcionários ainda vão querer roer os ossos do “bonzinho” e acusa-lo, corretamente, de incompetente.