Meirelles 2018

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O governo Itamar reduziu a inflação para um dígito, depois de mais de 50 anos de inflação galopante neste país.
Quem reduziu a inflação, não podemos esquecer, foi o Governo Itamar e não o Governo FHC como todo historiador irá informar. Itamar claramente seria culpado se o Plano Real fracassasse.
Uma vez FHC Presidente, todos nós esperávamos que no Governo FHC tivéssemos a redução dos juros para um dígito, consequência natural, o que não ocorreu.
Pelo contrário, a taxa de juros subiu para dois dígitos.
Isto não ocorreu nem no segundo mandato do Governo FHC, pelo contrário, os juros e a dívida interna aumentaram assustadoramente.
Não há como reduzir os juros para um dígito aumentando o tamanho da dívida interna.
Quem reduziu a dívida interna de 52% do PIB em 2002, para 37% em 2009, foi a gestão Lula/Meirelles, e não tenho dúvida que esta redução permitiu ao governo ser menos dependente dos Bancos Financiadores, e reduzir os juros paulatinamente.
Pode-se até dizer que o governo FHC não teve outra saída a não ser aumentar os juros e a dívida interna, mas não se pode dizer que isto facilitou a tarefa deste governo nem que Lula continuou com a mesma política do governo anterior.

Chamou-me a atenção em 2007, uma entrevista da Dilma Rousseff que comentei num artigo na Veja “A Tese da Dilma”. Aí, dizem que a Veja é sistematicamente contra o Governo Lula. Meu artigo prova que esta acusação não procede.

“Dilma propõe reduzir os juros, não para recuperar a capacidade de investimento do estado ou para gastar no social, que é o discurso usual daqueles que se opõem aos juros elevados.
Ela quer reduzir os juros para poder “reduzir o custo do capital social das empresas”.
Finalmente, alguém se tocou do verdadeiro problema. O custo do capital no Brasil é alto porque os juros da dívida interna também são altos.”
Lula afirmou em seu discurso de posse que “nenhum país cresce se o custo do capital for alto”. Frase que o jornalismo econômico obviamente ignorou e o jornalismo administrativo, inexistente neste país, não noticiou.
O ponto aqui é outro. O marco de juro de um dígito é fantástico, e dificilmente um próximo governo se atreverá a aumentar os juros para dois dígitos novamente. Talvez aumentem para 9%, ou até 9,75%, mas aí a grita será geral, ou deveria ser.
Infelizmente, temo que devido ao catastrofismo do primeiro semestre de 2009, com exceção do blog O Brasil Que Dá Certo, as empresas não investiram o suficiente para suprir a demanda, e o governo poderá ter que aumentar os juros para 12%, mas isto não foi erro deste Governo.
Juros de um dígito é uma mudança de paradigma neste país, permite empresas se alavancarem e crescerem mais rapidamente. Até 2009, o conselho de todo consultor financeiro era reduzir o endividamento, investir sobras de caixa não para expansão do ativo, mas para redução do passivo.
Claro que precisamos ficar atentos, mas uma vez conquistado, o juro de um dígito será um legado que espero irá perdurar.

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Comentários

5 respostas

  1. Sempre, sempre e acima de tudo independente de ideologias partidárias estará lá, a incomensurável e preciosíssima disputa de poder.

  2. Senhor Kanitz;
    Tenho acompanhado seus artigos sobre o Governo Lula e é claro que nenhum governo é totalmente ruim nem, infelizmente, totalmente bom. É lógico que existem acertos no Governo Lula e que isso foi fruto de uma estratégia não de continuidade mas de aperfeiçoamento de tendências que vinham sendo levadas a cabo. Alguns paradigmas foram quebrados e junto com uma cenário favorável promoveram profundas melhorias. Ainda bem que tivemos a frente do Banco Central um Henrique Meireles que com autonomia pode nos proporcionar melhores dias. Afinal a crise financeira mundial não afetou os países em desenvolvimento como afetou os desenvolvidos e em especial os EUA.
    Mas eu ainda não o li comentar nada sobre o excessivo aumento dos gastos públicos, o inchaço do setor público, a falta de ação quanto às invasões de terra e o desrespeito à propriedade. Isso sem falar na total inação do Governo Lula quanto à corrupção dentro e fora de suas hostes e na inversão de valores de nossa diplomacia.
    Gostaria de ler algo sobre esses temas. Como disse anteriormente, nenhum Governo é totalmente bom, nem totalmente ruim.
    Fico no aguardo de um artigo sobre os temas.
    Paulo Aguiar

  3. Kanitz,
    Você diz que é possível que o juro agora suba para dois dígitos devido a reflexos da crise internacional e comportamento interno dos empresários. Não foram as sucessivas crises do período FHC responsáveis pela manutenção destes 02 dígitos naquele período?

  4. Os juros caíram para menos de um dígito pois após a crise era a única maneira de se aumentar o crédito.
    Porque não baixaram os juros na úlitma reunião do copom.
    Claro que devemos muito ao governo Lula, mas e o funcionalismo publico aumentando.
    Ele deveria utilizar a alta popularidade para mexer em assuntos polêmicos como Previdência Social, aposentadoria de políticos e parlamentares, etc…Porque não vemos o Lula em fotos com Dirceu ou Palocci.

  5. Ao realçar as conquistas do governo Lula, Kanitz faz um contraponto às desproporcionais críticas que o atual presidente vem recebendo da imprensa.Só pelos artigos dos jornalistas, não sabemos direito o que Lula tem feito de positivo para o país.A mídia, em geral, só reconhece os feitos de Fernando Henrique. Atribui a estabilização da economia à sua inteligência, ainda que, certa vez, ele mesmo reconheceu que o mérito do Plano Real devia-se sobretudo aos membros de sua equipe econômica, dentre os quais Pérsio Arida. Segundo o tucano, sua participação se restringira mais à presença nas reuniões. Agora em relação aos avanços da administração petista na área econômica, a imprensa silencia ou senão enfatiza a autoria intelectual de Henrique Meirelles. À Lula é restringida apenas a função de “dar canetadas”. Muitas vezes o presidente é achincalhado pelos jornalistas. Embuídos de preconceito linguístico, ironizam e riem de sua linguagem . O preconceito linguístico da qual o ex-operário é vítima implica em preconceito social, já que a variante com a qual se comunica é a linguagem usada pelos mais pobres. Criticam-lhe também a vaidade. Repetem o quanto podem que, ao comemorar algum sucesso de sua gestão, Lula adora proferir “nunca antes neste país” . E quando os problemas surgem, os jornalistas, por seu turno, adoram repetir a frase para ridicularizar o presidente. Ora, Fernando Henrique era igualmente vaidoso; era só mais sutil com aqueles “encantados” sorrisos,abertos sempre que recebia aplausos. Há,portanto,uma nítida diferença de tratamento. Na época de FHC,toda vez que acontecia algum escandâlo , lia-se somente “governo” e não “governo FHC”.Foram rapidamente esquecidos os episódios do apagão e da propina por ocasião das privatizações.Enquanto que com Lula, o mensalão é constantemente relembrado e especificado com seu nome.

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