Um dos grandes erros de alguns intelectuais no Brasil, foi disseminar entre a nova geração que capitalismo é a sobrevivência dos mais fortes.
Essa é uma das razões porque a esquerda sempre atacou as empresas e seus administradores, achando que elas eram grandes devido ao seu poder monopolista ou oligopolista de extrair mais valia dos trabalhadores e da população.
Administradores foram assim sistematicamente discriminados por professores e intelectuais, vilipendiados e até atacados por mais de 50 anos devido a este errôneo conceito da sobrevivência do mais forte, termo incorreto cunhado por Herbert Spengler, que não entendeu Darwin.
Se fosse a sobrevivência dos mais fortes, os dinossauros estariam povoando o mundo até hoje.
A sobrevivência não é do mais fortes, e sim dos mais ágeis, aqueles que puderam se adaptar aos novos tempos. Isso nada tem a ver com força.
Apesar dos dinossauros serem supremos, não conseguiram se adaptar ao novo ambiente após a queda de um asteroide.
Somos todos descendentes do camundongo, que de forte não tem absolutamente nada.
O segredo da sobrevivência humana é a sua adaptabilidade, sua agilidade em se adaptar às mudanças que ocorrem.
Infelizmente, a maioria dos professores nos ensina a ser preciso, acertar as respostas até a terceira casa decimal, a sermos absolutamente certos e não necessariamente ágeis.
Como tornar um país ágil, que não vive acumulando problemas?
O sucesso das nações depende da rapidez com que ela abandona ideias que funcionaram no passado, mas que agora precisam ser substituídas porque os tempos mudaram.
Esse é também o grande erro da direita, achar que as ideias antigas precisam ser “conservadas”, outra ideologia que nunca aceitou a figura do administrador profissional.
O mundo mudou, mas infelizmente ambas as ideologias de direita e de esquerda estão lerdas, lentas e inadequadas.
Veja a lentidão da máquina do Estado e das empresas familiares.
Minha insistência em valorizar a classe política dos administradores não é porque estes possuem boas ideias, mas porque administradores bem treinados são os únicos capazes de implantar as ideias dos outros na velocidade que precisamos.
Por isso, empresas administradas por administradores profissionais são mais ágeis do que repartições públicas, empresas Estatais e empresas familiares.
A função do administrador é justamente agilizar as decisões de todos os envolvidos na empresa.
É criar sistemas onde os problemas são rapidamente identificados, diagnosticados, soluções alternativas encontradas, avaliadas, implantadas, reavaliadas e corrigidas, tudo isto rapidamente.
A primordial função do administrador seja público ou privado é não permitir que problemas se acumulem e decisões sejam efetivamente tomadas.
15 respostas
90% das empresas falem antes de completar 5 anos…
Talvez empresa familiar não seja tão ruim assim.
Wasabi, penso que o professor não tenha dito que a empresa familiar é ruim. E sim, que suas decisões poderiam ser mais rápidas. Eu trabalhei em uma empresa que se manteve como familiar durante 72 anos. Era uma empresa excelente mas, sua administração já demonstrava há muito, características de Estatal. Num dado momento, as coisas começaram a se acumular e dar pra tras. Foi exatamente quando ela começou a sofrer concorrencia externa, principalmente de empresas chinesas, no inicio da década de 90. Entre mudar e fechar, apesar de meio demorado na decisão, optaram por vende-la a um grupo americano. Sem dúvida, há muitos outros casos Brasil adentro.
Na cidade de Itarana, interior do Estado do Espírito Santo, a empresa Irmãos Fiorotti Ltda existe como empresa familiar desde 1887 e com potencial para sobrevir por mais um século. Os tempos mudaram, as crises espocaram, mas o seu único produto só fez crescer em quantidade e qualidade: a cachaça.
Gostei muito do artigo, mais uma vez o Professor acertou em seus comentários. A figura do administrador é extremamente desvalorizada, não é compreendido e muitos engenheiros, médicos, dentistas, arquitetos, acreditam que lendo um livro de ADM conseguem administrar suas empresas, hospitais, consultórios, seja o que for. Isso ocorre também na ADM Pública. Nós, os administradores, temos que ter consciência da nossa força e nos valorizar. Chega de achar que a nossa profissão pode ser exercida somente lendo “alguns livros” de ADM, como já ouvi e vi, muitos engenheriros falarem. Parabéns Professor.
Desculpe, fiz o comentário da matéria acima e coloquei no espaço NOME meu e-mail, sou o Reinaldo
A sobrevivência dos mais fortes não é mais uma verdade hoje em dia. Os avanços tecnológicos popularizaram o conhecimento e colocaram ferramentas importantes nas mãos de empresários ou administradores de qualquer tamanho ou importância.
Eu já trabalhava em uma indústria quando o telefone não era de discagem, a contabilidade era com caneta tinteiro e mata-borrão, as compras eram sempre feitas com 45 dias de antecipação, para evitar surpresas ou falta de materia na produção, e etc.
Mesmo assim naquele tempo já era valorizado o profissional administrativo que agia com rapidez, só que era menos importante. Por essas dificuldades comuns na época, ser grande fazia a diferença.
Gradualmente o tamanho e capacidade financeira foram deixando de ser importantes para a sobrevivência. Alem dos avanços tecnológicos, que popularizaram maquinários barateando ações, o principal a meu ver foi a partir dos anos 50 os cursos tecnicos operacionais e os tecnicos administrativos, que se espalharam com rapidez pelos centros produtores do pais. Muitas empresas “grandes” não conseguiram ver que o avanço tecnico que popularizava o conhecimento tinha que ser acompanhado por um avanço administrativo, que até deveria prever situações.
Assim chegamos aos dias de hoje em que as mudanças são tão rápidas, que agilidade nas decisões com 85% é mais produtiva do que decisões tardias com 100%, pois o problema já é outro.
Quantas mega empresas se formaram
através de pessoas sem muita formação acadêmica!
Então, administrar e ter sucesso é questão de visão e oportunidade. A parte burocrática ou prática da coisa
seria dos técnicos.
A tomada de decisão hoje, na era do conhecimento, precisa de ser rápida mas com consistência e de corresponsabilidade. O gestor precisa da tomada de decisão juntamente com sua equipe, que muitas vezes é mais rápida na solução do problema, do que ele tomasse sozinho. O Gestor precisa ser perspicaz. Por isso administrar hoje é necessário ser bom em duas áreas: Gestão do negócio e de pessoas. Precisa conhecer o propósito de negócio e através daí saber planejar estratégicamente e incluir os envolvidos nesse plano. Fica mais fácil tomar decisões rápida e sabias.
No caso das pequenas empresas, cuja grande vantagem seria a agilidade ou a capacidade de ser ágil, a lentidão é um problema cultural.
Quando o que se vê fere o ego dos proprietários, ou indica que terão que tomar atitudes que não se enquadram em sua vontade ou estilo, a lentidão acontece. É colocar fora uma das maiores vantagens competitivas, mas é o que se vê com muita frequencia.
Olá Kanitz,
vejo que despertou polêmica com sua brilhante argumentação. Compartilho com vocês uma experiência de mudança que ilustra essa definição citada pelo Kanitz.
Lido no meio avícola, onde a eficiência e velocidade nas ações, beiram a velocidade aproximada dos 200 Km/h. Cálculos efetuados por um matemático, a mim coube somente conduzir as ações e não sair pela tangente ou co-secante. Traduzindo em bom português, não rodar nas curvas.
Acredito também que o maior problema é a CULTURA, pois, tento repassar essa mentalidade aqui exposta a meus filhos e não consigo. E participo ativamente das reuniões escolares, onde vejo, desesperado, a visão retrógrada de dirigentes, professores e o pior, de pais, que defendem a cultura avassaladora do despreparo dos nossos futuros comandantes das empresas e da nação a mercê de princípios velhos e ultrapassados.
Portanto, muito polêmico o tema, mais vale o raciocínio para todas as áreas e, não somente para administradores em específico e, sim, para todo cidadão.
Kanitz, você não faz idéia de como esse artigo me ajudou… muitíssimo obrigado!
Artigo muito a propósito, que complementa outro seu de muitos anos passados – ‘A era do Administrador’. Por experiência posso dizer que a maioria dos alunos de ADM. mesmo nos segundos ou terceiros anos da faculdade, têm grande dificuldade em definir o papel do administrador na empresa. Seus artigos são de muita valia, afinal, quando outros escrevem sempre tem mais poder do que o professor…
Mauricio Moura said…
Wasabi, penso que o professor não tenha dito que a empresa familiar é ruim. E sim, que suas decisões poderiam ser mais rápidas.
Depende, as vezes as decisões por estarem concentrada no dono, saem muito mais rápidas. Não tem que ficar reunindo conselho, fazendo votação e mais na base do eu quero, vai todo mundo fazer.
Tanto que todo mundo conhece o nome destes malucos. Bill Gates, Steven Jobs, Antonio Ermilio de Moraes, Jorge Paulo Leman, Abilio dos Santos Diniz, o outro que Fundou o Bradesco, Waren Buffer. O que todas estas empresas tem em comum, são lideres na sua área , tendo o sócio majoritário como presidente/CEO, tomador de decisões.
Perfeito artigo, administra é arte de planejar!
Sou empresário há 30 anos (empresa familiar). Tenho um administrador há 6 meses. Nunca a empresa cresceu tanto e eu me senti tão leve.