A Escolha das Escolas de Seus Filhos

 

Tempo de leitura : 70 segundos

 

A escolha da escola de seus filhos é uma das mais difíceis a ser feita por uma mãe e por um pai de família. Primeiro porque a maioria dos pais não sabe exatamente o que está escolhendo, nem sabe o que está fazendo. Basicamente, vocês estão terceirizando uma importante função materna e paterna.

Antigamente quem educava os filhos eram os próprios pais. Era dos pais que os filhos recebiam os ensinamentos, os valores, a ética e a moral, e a profissão a seguir, seja marceneiro ou ferreiro.

Antes de 1620, a educação era basicamente um livro lido em voz alta na cozinha pelo único membro da família que sabia ler. A Bíblia. Hoje, há famílias que sequer livros possuem nas suas casas.

A maioria das pessoas acha, corretamente, que as melhores escolas são aquelas que têm os melhores professores. Deveriam ser, mas curiosamente a maioria dos pais não escolhe usando esse critério. Tanto é que nem conversam com os futuros professores, às vezes nem sabem quem serão.

Pais normalmente avaliam o prédio, as instalações, o tamanho da biblioteca, o tamanho do playground e do jardim, o menor preço de mensalidade, mas não sentam pelo menos uma hora para assistir a uma aula dos professores.

Poucas escolas sequer anunciam os currículos dos seus professores, as notas que eles tiraram no vestibular, o QI de cada um, e se eles estão no primeiro ou no terceiro casamento, para quem se preocupa com o “investimento paternal” dos que serão os guias de seus filhos.

Muitos acham que as escolas com os melhores alunos, com as melhores notas no ENEM, terão os melhores professores, por definição. Ledo engano. Notas no ENEM podem ser um resultado estatístico enganoso. Isto porque as melhores escolas muitas vezes são aquelas que selecionam os melhores alunos. Se os melhores alunos são os que entram na escola, os que saem da mesma escola também serão os melhores, independentemente do que tenha sido ensinado.

Essa estratégia, usada pelas melhores escolas, até tem um nome, chama-se o “arco do triunfo”: selecione os melhores alunos da cidade, coloque-os em fila, mande-os passar debaixo de um arco, e, voilà, os que passam serão os melhores da cidade.

Basta ter um playground, biblioteca fantástica e instalações boas que o número de pais interessados será maior do que o de vagas, permitindo um processo de seleção. O processo de seleção permite aceitar os alunos mais inteligentes, e excluir os que têm QI menos, justamente os que mais precisam da escola.

Nas universidades públicas nem instalações boas são necessárias, é só dar aula de graça para ter mais candidatos do que vagas. E aí, o ensino público acaba só ensinando os mais inteligentes, para os quais o ensino nem fará diferença — nem positiva nem negativamente. É isso o que a maioria dos professores quer, não correr risco de má avaliação.

O ensino público deveria ser organizado por bairros, sem vestibular, para os menos inteligentes que precisam muito mais de professores do que os primeiros colocados no vestibular. Se o seu filho não entrar na melhor escola, não se preocupe, isso não significa que ele não terá os melhores professores.

Os reis da Inglaterra não iam para as melhores escolas, eles tinham tutores. Em vez de terceirizar a educação de seus filhos, seja o tutor do seu próprio filho. Compre 480 livros que é o que ele conseguirá ler, caso se dedique a ler dois livros por mês por vinte anos.

Entre novos, usados e baixados da internet, isso não vai custar mais que R$ 8.000,00. Ao longo de 20 anos, serão R$ 400,00 por ano. Dá para encarar. Mesmo assim são poucas as famílias que compram 480 livros para os seus filhos, além dos obrigatórios para fins escolares.

Em vez de se locomover para a melhor escola do outro lado da cidade, ele agora poderá ir para a escola do bairro, terá tempo para ler aqueles livros, e terá um cérebro não impregnado de CO2 e fuligem — e dez pontos de QI a menos.

A escola de bairro é fácil de escolher. Fique uma tarde na hora da saída e converse com quem está buscando a criançada. Se forem pais como você, seu filho terá colegas cujos pais colocam suas famílias em primeiro lugar.

Se você encontrar motoristas particulares e seguranças, você já sabe que seu filho terá colegas cujos pais são do tipo G, são os endinheirados que não têm tempo nem para buscar os filhos no colégio. Nesse caso, você terá mais preocupações com drogas, valores, ética, e terá de explicar para os seus filhos o que significa a expressão “famílias alternativas” nas quais um filho fica com a mãe num dia, e no outro fica com o pai.

Se você quer os seus filhos compartilhando os seus valores, coloque seu filho numa escola cujos pais compartilham os seus valores.

 

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Comentários

9 respostas

  1. Parabéns pelo excelente texto!!!!
    Sou uma pessoa que se preocupa como ninguém acerca da educação dos meus filhos, hoje com 5 e 3 anos respectivamente!
    Seu texto, além de esclarecedor, aponta para um dos maiores problemas existentes no nosso Brasil, a falta de discernimento sobre a importância do ensino no Brasil, desde o berço!!!
    Brilhante

    Marcelo Brunelli
    Itatiba-SP

  2. texto raso, preconceituoso……”antigamente quem educava os filhos eram os próprios pais…”? nós estamos em 2014 e isso (a época que não existia escola) já não serve de parâmetro ….e, ainda hoje, sou eu (e beeem mais da metade das pessoas que conheço) quem continuo a passar os valores morais e éticos para os meus filhos, independente de a escola ser do bairro ou não, estar na lista do ENEM ou não……
    O colégio onde meus filhos estudam é do bairro, eles não pegam trânsito e não vão de carro…mas há quem precise de uma perua, ônibus escolar ou motorista para levar o filho (em 1978 eu ia de perua pra escola e era muito legal, e minha mãe nunca descuidou da gente, sempre fazia lição e nos ensinava tudo sobre a vida).
    E, bem, só para finalizar, meus filhos têm colegas que vão de motorista, sim, e eu conheço as famílias, de gente trabalhadora e inteligente, “endinheirados” que não estão descuidando do que seus filhos estão fazendo no dia-a-dia e procuram ter uma convivência de qualidade, já que não podem dar quantidade.
    Meno preconceito, menos rótulos e mais tolerância e transparência , enfim, já é um bom começo para bons exemplos para oa jovens que estão se formando….

  3. preciso emendar: “explicar que um colega fica um dia com a mãe e outro com o pai….” está me fazendo “quase mal” de pensar que eu, filha de pais separados e que nunca sofreu preconceito por isso na minha época de escola (lá se vão 30 anos…) agora teria que ser rotulada como uma aberração a ser explicada……esse texto é propaganda TFP??? isso ainda existe?

    1. Concordo Lucia. Pensei a mesma coisa. Sou divorciada e meus filhos são maravilhosos, fonte de muito orgulho para mim, meu ex-marido e para a escola deles. Muito preconceituosa a colocação.

  4. Eu sou de Ribeirão Preto e endosso integralmente todo o texto do autor. Quando fui colocar a minha filha de 2 anos e meio numa escola a maioria das indicações de pais que conhecia até então há 2 anos atrás parecia mais preocupada com hotelaria e grifes. Sim as pessoas até mesmo a educação de seus filhos fazem essas escolhas baseados neste critério. Nas escolas que visitei NUNCA colocavam o professor para conversar comigo e minha esposa, era sempre ou o dono ou um “coordenador pedagógico” na maioria das vezes preocupados exclusivamente em vender o peixe (educação). Os poucos professores que vi eram quase estagiários, ou melhor, recém formados em pedagogia, novos sem experiência e claro SEM filhos. Até eu conhecer uma Escola Waldorf. Lá fui entrevistado por uma professora de verdade a mesma que ficaria com a minha filha. É uma Professora mais velha que o habitual mãe de 2 filhas adolescentes e com ANOS de cursos e atualizações periódicas (realizados com frequência no Centro de Aperfeiçoamento para todas as Escolas Waldorf do Brasil localizado em Botucatu-SP). A Escola é sem fins lucrativos e lá estudam desde crianças que moram em condomínios fechados chiques de Ribeirão até crianças de bairros periféricos bolsistas ou então indicados e pelo Juizado da Criança. É uma escola maravilhosa…estou plenamente satisfeito é uma pedagogia de origem Alemã (Rudolf Steiner) de quase cem anos testado em dezenas de países civilizados e não as pedagogias cheias de modismos como estão acontecendo em inúmeras escolas do nosso Brasil. E o que chama a atenção nesta escola é exatamente o fato de não ver NENHUMA PERUA KOMBI, buscando crianças na escola é nem pais parando em fila dupla. Todos estacionam, descem civilizadamente de seus carros e vão buscar os seus filhos na PORTA da SALA de AULA e conversam com a professora. Difícil acreditar? Venha até Ribeirão Preto e comprovam o que eu escrevo aqui e o que o autor está procurando esclarecer em seu texto.

    1. Me desculpe, mas verifiquei sobre a filosofia desta escola e tem grande parte voltada para reencarnação, quando diz: “O fundador da Pedagogia Waldorf, Rudolf Steiner, concluiu que a união do processo reencarnatório com a pedagogia pode ser interpretada como motivacional pois o aluno entenderia que a sua educação e ações atuais acarretará em projeções para outras vidas, ou seja, o aluno teria o desejo de se desenvolver ainda mais para agilizar seu processo evolutivo”. Nada contra quem acredita em reencarnação, mas como não sou a favor de educação religiosa na escola, pois esta é uma questão pessoal, não acho que este método de ensino seja bom.

    2. Me desculpe, mas verifiquei sobre a filosofia desta escola e tem grande parte voltada para reencarnação, quando diz: “O fundador da Pedagogia Waldorf, Rudolf Steiner, concluiu que a união do processo reencarnatório com a pedagogia pode ser interpretada como motivacional pois o aluno entenderia que a sua educação e ações atuais acarretará em projeções para outras vidas, ou seja, o aluno teria o desejo de se desenvolver ainda mais para agilizar seu processo evolutivo”. Nada contra quem acredita em reencarnação, mas como não sou a favor de educação religiosa na escola, pois esta é uma questão pessoal, não acho que este método de ensino seja bom.

  5. Bastante preconceituosa a colocação quanto às famílias alternativas… Sou divorciada e meus filhos são muito bem educados, amorosos, têm valores morais, excelentes alunos, possuem religiosidade. Aliás, mais que muitos amiguinhos cujos pais são casados. Com todo o respeito, reveja seus conceitos professor.

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