Ao Sucessor de Salim Mattar

Conheço Salim Mattar há mais de 40 anos, quando lhe entregava o Prêmio de Melhor Empresa do seu setor pela Revista Exame.

Estava ao seu lado quando recebeu o convite do Guedes.

Nunca mais o vi, e fico triste com os inúmeros erros que fez, desnecessários para alguém tão talentoso quanto ele.

1. Usou desde o início o termo Privatização, inventado pela Quarta Classe que não queria perder suas boquinhas.

Privatizar significa hoje “dar” coisa pública a uma família, a um grupo privado que somente iria se locupletar.

Não usou o termo Desestatizar.

Não usou o termo Democratizar, permitir que os funcionários das estatais comprassem ações das empresas que trabalham, como queria Karl Marx.

2. Não percebeu que muitas estatais já são empresas Democráticas em parte, com ações na Bolsa.

Só que muitas emitem PNs, sem direito a voto, o que é inconstitucional.

Deveria ter lutado pela Democratização Já, transformando as ações PNs em ONs, por assembleia.

Muitas somente se mantêm Estatizadas negando o direito de voto às PNs.

3. Não Democratizou o capital das 600 empresas estatais, mesmo que somente oferecendo 10% do capital delas.

Mas com isso obteria transparência, auditoria democrática, conselhos de administração, e tudo que já sabemos que dá certo.

4. Não criou uma campanha promovendo essas 600 para daqui para frente obterem todo capital adicional que precisassem vindo do setor Democrático da sociedade, e não do setor Estatizado.

Avisar que elas precisariam competir entre si, mostrar governança e bom desempenho, contratar bons profissionais e não políticos, e fazerem follow-ons.

5. Não mostrou para a Quarta Classe que a União está quebrada, que seu Patrimônio é negativo, que precisava vender ativos para sobreviver.

6. Não mostrou que todas essas 600 estatais, pertenciam a rigor não ao Governo, mas ao Fundo de Equilíbrio Financeiro e Atuarial da Previdência como reza o artigo 201 da nossa constituição.

Foram das nossas contribuições previdenciárias que o Governo financiava as compras dessas 600.

7. Pertencendo ao FEFAP, jamais poderiam ser vendidas a chineses, a grupos privados como queria.

Fazem parte do Capital (de capitalização) do nosso sistema Previdenciário.

Ou seja, até “privatizar” era errado, bandeira do Governo Bolsonaro.

8. Prejudicou assim até a Reforma da Previdência.

Ou seja, sua saída não será o “desastre” que todos estão pensando, nem tampouco uma derrota para o Guedes.

Como venho dizendo, Liberalismo é uma doutrina de 1776, da era de Adam Smith, e não serve mais para os dias de hoje.

Administração Responsável das Nações teria dado ao Salim Mattar melhores argumentos, acho eu.

Espero que seu sucessor não cometa os mesmos erros.

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Comentários

5 Responses

  1. Concordo plenamente que, mudar o termo privatizar para desestatizar, daria outro sentido ao processo. Principalmente para um governo que é constantemente questionado por suas declarações. Só lamento que, me perdoe a franqueza, você tenha perdido a oportunidade de aconselhar o Salim Mattar em tempo hábil. A sua proximidade com Salim Mattar lhe permitia dizer isso a ele. É pra isso que servem os amigos.
    De qualquer maneira, o que falta a este governo é “empacotar” melhor as suas intenções para que a imprensa, o STF e seus opositores tenha menos munição para deturpar o que foi apresentado.
    Peço que, havendo oportunidade de aconselhar, a mesma não seja desperdiçada.

  2. Prezado Professor, pergunta
    porque , ja que senhor teria acesso a ele, não fez estas recomendações?
    mestre de obras prontas nosso pais esta cheio, devemos sim ser assertivos o tempo todo, todo o tempo, principalmente os que entendem dos assuntos.
    Muda BRASIL

  3. Mas que belo “amigo” vc é/foi, Kanitz.

    Se eu vejo um amigo errando tanto assim, no minimo, eu o chamo pra uma conversa e opino sobre o que está fazendo de certo ou errado.

  4. Professor … o pulo do gato está no item 6. precisa-se de uma PEC para contornar a situação e viabilizar a desestatização. Significa “vontade politica” algo escasso atualmente.

  5. Conheci vários empresários que decidiram “gastar” seu tempo para melhorar a máquina pública. Alguns eram bem sucedidos antes, outros tiveram sucesso após deixar o governo. Em comum, todos foram derrotados pela política. Ser palpiteiro sem ser convidado a dar opinião não faz bem à saúde. Seja amigo ou parente, suas idéias são para eles uma intervenção desnecessária. Kanitz escreve sobre administração a décadas. Se não foi convidado a um “brainstorm” era porque ainda tinham motivação para o que se propuseram.

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