Intelectuais Que Odeiam Administradores


“E quando os intelectuais não têm como reagir, quando o sistema está fechado, eles vão para o monastério.”

Um dos aspectos interessantes do sistema de Castas na Índia era a relação entre os Brâmanes, composto dos sacerdotes, filósofos e professores e os Xátrias que eram os administradores, generais e governantes.

Os Brâmanes eram a casta superior.

Eram os intelectuais, os iniciativos, apesar de todos os chamarem de sacerdotes.

Mas não tinham poder de executar.

Quem tem a ideia nunca deve executá-la.

São competências distintas, e poucos, muito poucos, tem os dois.

Na Índia quem executava as ideias dos Brâmanes eram os Administradores, os Xátrias, erroneamente chamados de Guerreiros .

Por que esta divisão?

Primeiro, porque intelectual odeia rotina, e não tem paciência para aguentar o tédio do dia a dia.

Segundo, porque não pensam no detalhe.

Criei a frase  “Não são os grandes planos que dão certo na vida, são os pequenos detalhes”, depois de passar pelo Governo, dominado por acadêmicos e intelectuais.

Depois de observar os intelectuais e acadêmicos que fizeram os Planos Cruzado, Bresser, Collor e Real.

Terceiro, porque se você implantar a sua própria ideia, você jamais confessará que ela não deu certo, e vai insistir no erro, a um enorme custo social.

Que intelectual admite que errou?  Muito poucos.

Jamais se apaixone pelo seu negócio“, diz Eike Batista, algo muito comum em empresas dirigidas por Empresários e Empreendedores, que inclui ele próprio.

Estes tendem a insistir em ideias furadas, não aceitar que estão errados.

No Brasil, permitimos que nossos Brâmanes sejam os seus próprios Xátrias. 

Aí perderam-se na falta dos detalhes, e levamos 20 anos a mais para acabar com a inflação do que deveríamos.

Até a Bolívia acabou com a inflação antes de nós.

Tivemos mais de 90 intelectuais Brâmanes como Ministros, (ad)ministrando dinheiro público sem a menor competência administrativa.

A separação que se faz na Índia, permite ao intelectual ser o supervisor de sua ideia e alertar a nação se o Xatria ou administrador está desvirtuando a ideia, ou se locupletando com ela.

O intelectual será o primeiro a botar a boca no trombone, algo que no Brasil não acontece.

Vide o “silêncio dos intelectuais” da Marilena Chauí, com relação ao mensalão.

Fica difícil um intelectual denunciar o seu colega no poder, porque seria visto como traição classista e daí surge o silêncio que piora a situação.

A separação de intelectuais de um lado, e administradores públicos de outro, permite uma auditoria salutar da democracia.

Concordo que nem toda empresa ou administrador faz isto.

O problema de empresas geridas por empresários é que o Brâmane e o Xátria viram a mesma pessoa, que muitas vezes se apaixona pela sua própria empresa.

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Comentários

7 Responses

  1. Kanitz,
    Louvo a competência admnistrativa que você prega, mas não acho que presidentes devam ser grandes administradores no sentido empresarial. Um país não é uma empresa, muito longe disso. Existe uma parte do país que pode ser análoga a uma empresa, mas a nação e o governo existem para servir ao povo e não para servir ao próprio governo (como as grandes empresas fazem…). Alguém pode até argumentar que servir ao crescimento econômico é servir (in)diretamente ao interesse do povo, mas é uma analogia muito simplista, simplista até demais (alla Lula). Presidentes devem se cercar de grandes pessoas, admnistradores, intelectuais, técnicos, cientistas, e outras sortes de pessoas para governar um país. Acho que os últimos presidentes, conseguiram fazer isso com algum sucesso. Pessoalmente não suporto o PT e o PSDB, mas não como partidos em si, mas pelo fato dos políticos brasileiros deixarem muito a desejar em termos do governar (a economia está ótima… mas e o resto? E a corrupção? E a educação? E o resgate do valor da identidade nacional?). Culpar o PSDM por atraso econômico é injusto… é simplesmente querer achar um responsável para nossos problemas, porque na verdade a culpa é nossa, que somos péssimos cidadãos e não cumprimos com a nossa parte, não entendemos que o governo existe para servir aos nossos interesses. Se eu começo a discutir temas políticos profundos com meus amigos, alguém logo já brinca querendo lançar minha candidatura. Ninguém compreende a idéia de podemos ser cidadãos politizados e não precisamos ser analfabetos políticos ou políticos de carreira. O problema do Brasil é a nossa própria leviandade, como povo, como cidadãos.
    Voltando ao tema de administradores no poder: entregue o poder para administradores profissionais de carreira por tempo o suficiente e logo logo o mundo estará entregue a vontade das corporações e não às nações.

  2. GAS, me desculpe discordar de voce. Já existem cursos superiores em administração pública. Vários conceitos de administração podem ser aplicados no setor público que precisa de eficiência e resultados tanto quanto qualquer empresa brasileira. Eu continuo super insatisfeito em pagar altissimo impostos (a carga tributária do Brasil continua no topo do mundo) e continuar com o péssimo nível de serviços oferecidos pelo nosso estado.

  3. GAS, concordo com você no que se refere ao AXIOMA “todo povo tem o governo que merece”.
    Esse é um país de vagabundos: Vagabundos pobres, vagabundos médios, vagabundos ricos e o grupo especial dos VAGABUNDOS INTELECTUAIS. Quase ninguém escapa a essa maldição que, por cima, é abençoada pela IGREJA CATÓLICA.
    Pergunte a essa massa que tem FORMA de gente mas a ESSÊNCIA é de inseto, no máximo réptil:
    O QUE VOCÊ ACHA DO TRABALHO COMO MEIO PARA O CRESCIMENTO PESSOAL E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL?
    Tabule os dados e se surpreenda com o resultado.
    O brasileiro gosta mesmo é de feriado. E a Igreja Católica, por isso é dona de mais de 1/2 do nosso calendário civil. Feriados de santos e outras imbecilidades para esse gente rota.

  4. STOP LOSS?!?
    Professor Kanitz ligadaço no mercado financeiro, hein?
    Tá comprado, vendido, tradeando muito Professor?
    Vc poderia escrever um post ou artigo sobre o que vc acha do comportamento das ações para o momento.
    Abraço

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